PIB

Campos Neto diz que Brasil não acompanha ritmo de crescimento global

Presidente do Banco Central reconhece "queda muito grande" no impulso fiscal no país e atribui alta inflacionária aos preços da energia elétrica e combustíveis

Fernanda Fernandes
postado em 15/12/2021 14:37
 (crédito: Júlio Lapagesse/CB/D.A Press)
(crédito: Júlio Lapagesse/CB/D.A Press)

Durante o evento promovido pelo Tribunal de Contar da União, na terça-feira (14/12), o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reconheceu que houve uma “queda muito grande” no impulso fiscal no país, de 2020 para 2021, e atribuiu a alta inflacionária à elevação nos preços da energia elétrica e combustíveis. Ele reforçou que, na contramão de países que já se movimentam para um crescimento econômico, o Brasil segue com a inflação “descolando” da meta da entidade e bastante disseminada entre os itens de consumo. Atualmente, a inflação brasileira é a terceira maior do mundo, atrás apenas da Turquia e da Argentina.

“Olhando o mundo, a gente vê que os países estão acelerando o crescimento acima do Brasil. O Brasil tem tido uma queda, enquanto outros países estão acelerando o crescimento", disse. "A inflação do Brasil em 10,7% tiraria basicamente 4 pontos de energia elétrica, restando 6,7% de inflação. Se a energia no país tivesse sido a média dos outros países, a nossa inflação teria sido muito perto da média dos outros países. (...) Energia e combustíveis tiveram a inflação mais alta da nossa história”, justificou, ao citar os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados na semana passada.

Desaceleração do PIB

Apesar da ligeira redução nas expectativas para a inflação de 2021, apontadas no boletim Focus da última segunda-feira (13), o BC manteve a expectativa de inflação para 2021 em 10,2%, conforme sinalizado pelo colegiado na última semana. A entidade também destacou as projeções de inflação do mercado financeiro para os próximos dois anos, em torno de 5,0% e 3,5%, respectivamente. Na ata, o comitê confirmou que os números são “acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.

Entre os fatores que colaboraram com mais uma alta, a autoridade monetária destacou o conturbado cenário externo que envolve os bancos centrais das principais economias do globo, a crise imobiliária na China e a possibilidade de uma nova onda da covid-19 durante o inverno, após o aparecimento da variante ômicron. Esses fatores, na avaliação do Copom, “adicionam incerteza quanto ao ritmo de recuperação nas economias centrais” e “geraram quedas nos preços de commodities importantes”.

O Copom também apontou como fator determinante para a revisão para baixo das expectativas para a atividade econômica, no curto prazo, a queda inesperada no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre deste ano. Segundo consta na ata, haverá elevação no prêmio de risco (que poderá afastar ainda mais os investimentos no país). Aliada ao aperto mais intenso das condições financeiras da população, a alta poderá desestimular a atividade econômica em 2022.

Setor de serviços

Ainda de acordo com o comitê, a inflação deverá seguir elevada, mantendo a alta nos preços dos bens industriais no curto prazo, mas haverá aceleração no setor de serviços. Essa afirmativa, contudo, é refutada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). “A inflação elevada já afeta a retomada dos serviços”, diz análise divulgada pela entidade ontem.

Segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), também divulgada na terça pelo IBGE, o volume de receitas do setor de serviços recuou 1,2% em outubro de 2021 ante o mês anterior, já descontados os efeitos sazonais.

“O resultado mensal veio aquém da expectativa da confederação, que projetava variação de - 0,7%. A retração do mês foi a maior para meses de outubro desde 2016 (-1,5%)”, diz o documento da CNC.

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