MACROECONOMIA

Pandemia aumentou necessidade de ajustes nas previsões, diz Economia

Conforme nota técnica da SPE, do Ministério da Economia, necessidade de ajuste nas previsões da dívida pública, entre 2020 e 2021, foi de 7% e 10,10%, respectivamente. Nos anos anteriores, ficou abaixo de 1,5%

Rosana Hessel
postado em 03/02/2022 12:58 / atualizado em 03/02/2022 12:58
 (crédito: Divulgação)
(crédito: Divulgação)

A pandemia da covid-19 fez um estrago na economia global e deixou a vida dos economistas mais complicada na hora de fazer projeções, não apenas para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mas para a dívida pública, de acordo com a nota técnica "Necessidade de ajuste nas previsões da relação dívida/PIB durante a pandemia", produzida pela Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia.

De acordo com o texto, divulgado pela pasta nesta quinta-feira (3/2), entre os anos de 2017 e 2019, a necessidade de ajuste nas expectativas ficou abaixo de 1,5% — entre zero e 1,32%. Durante a pandemia, os percentuais subiram de forma expressiva. Em 2020, beirou 7% e, no ano passado, chegou a 10,10%. “Todos os agentes envolvidos no processo de previsão de variáveis fiscais estão sujeitos a um maior nível de incerteza no pós-2020. Contudo, a magnitude desses ajustes revela que os valores iniciais das previsões da relação dívida/PIB estão sendo estabelecidos em patamares demasiadamente elevados”, destacou a nota.

O levantamento levou em consideração as estimativas para a dívida pública bruta em relação ao PIB. Em janeiro de 2021, a mediana das estimativas para a dívida bruta estava em 90,77%, recuando para 81,60%, em dezembro de 2021. De acordo com a nota, o recuo de 10,10% de ajuste nas estimativas, em valores do PIB de 2020, correspondem a R$ 790 milhões, aproximadamente.

“Essa prática, seja motivada por limitação no processo de modelagem, seja por fatores subjetivos, só revela que a previsão inicial contém baixa significância estatística, o que compromete a sua utilização em um processo de tomada de decisão”, ressaltou o texto.

“Aparentemente, o mercado segue um padrão de estabelecer valores iniciais elevados para a relação dívida/PIB, seguido por fortes ajustes ao longo do ano. Esse movimento ocorria dentro da normalidade até 2019, mas passou a necessitar de ajustes muito elevados para os padrões estabelecidos na literatura”, informou o documento, que ressaltou que as expectativas do governo incorporaram vieses mais otimistas do que o mercado e, por conta disso, tiveram necessidade de ajuste menor.

Conforme o comunicado, no relatório quadrimestral de projeções da dívida do Tesouro Nacional, o governo reduziu as suas projeções em 7,57% entre abril e novembro de 2021. “O governo necessitou de um ajuste inferior ao registrado pelas instituições”, informou a nota.

Na avaliação do documento, os erros cometidos nos anos de 2020 e, principalmente, de 2021 parecem não ter sido incorporados nas modelagens fiscais. “Uma prova disso é que, mesmo o governo trazendo suas expectativas da relação dívida/PIB para valores próximos a 81%, enquanto o mercado parte de um valor inicial para 2022 superior a 86%”, complementou.

 

 

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