MERCADOS

Bolsa volta a acompanhar mercado internacional e fecha no vermelho

Ibovespa registra queda de 0,57% e recua para 112.880, acompanhando o temor dos operadores de uma invasão russa na Ucrânia, enquanto o dólar oscila e fecha com desvalorização 0,52%, para R$ 5,14

Rosana Hessel
postado em 18/02/2022 20:40 / atualizado em 18/02/2022 20:40
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o dia com queda de 0,57%, a 112.880 pontos -  (crédito: AFP)
A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o dia com queda de 0,57%, a 112.880 pontos - (crédito: AFP)

Após o aumento das tensões na crise entre Ucrânia e Rússia, com os Estados Unidos insistindo na expectativa de invasão dos russos no país vizinho, o clima das bolsas internacionais, que tentavam recuperar as fortes perdas da véspera, azedou nesta sexta-feira (18/2). As informações dos países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) sobre a existência de mais de 190 mil soldados russos na fronteira ucraniana, além da sinalização de Moscou em relação a exercícios nucleares deixou o mercado bastante apreensivo e o Brasil, que estava descolado do cenário internacional, não conseguiu permanecer imune.

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o dia com queda de 0,57%, a 112.880 pontos, após várias oscilações que levaram o Índice Bovespa (Ibovespa) a uma máxima de 114,2 mil pontos. No mês, o principal indicador da B3 registrou alta de 0,65% e, no ano, valorizou 7,68%.

Contexto mundial

A queda das bolsas estrangeiras foi generalizada, tanto nos Estados Unidos quanto na Europa, com destaques para a Nasdaq, em Nova York, e a bolsa da Alemanha, que recuaram 1,23% e 1,47%, respectivamente. O câmbio, por sua vez, oscilou bastante nos campos positivos e negativos, após uma semana de valorização do real frente ao dólar.

Apesar de ter chegado a R$ 5,17 e descido para a mínima de R$ 5,11 ao longo do dia, a moeda norte-americana encerrou o dia cotado a R$ 5,140 para a venda — recuo de 0,52% em relação à véspera. Na semana, a divisa acumula desvalorização de 1,95%, em grande parte, devido ao aumento do fluxo de entrada de capital de investidores estrangeiros na B3 que, desde janeiro, acumula um saldo de R$ 52,3 bilhões.

O petróleo voltou a registrar alta, apesar da expectativa de avanços para o acordo nuclear entre Estados Unidos e Irã. De acordo com analistas, esse acordo aumentaria a oferta do petróleo, ajudando na queda no preço da commodity.

Contudo, diante do reforço das autoridades norte-americanas de que a Rússia pode invadir a Ucrânia a qualquer momento, o barril do petróleo tipo Brent subiu 0,61%, cotado a US$ 93,54. Na semana, a queda acumulada do preço do barril na bolsa de Londres foi de 0,95%. Vale lembrar que, desde o início de 2021, o petróleo já subiu 85%, de acordo com os analistas.

Realização de ganhos

De acordo com o economista-chefe da Órama, Alexandre Espírito Santo, o aumento das tensões entre Rússia e Ucrânia fez com que as bolsas internacionais continuassem no vermelho, mas o mercado torce para algum acordo diplomático entre Moscou e a Otan. Em relação à queda brasileira, o especialista reconheceu que houve um movimento de realização de ganhos antes de uma piora por conta do cenário conturbado no exterior que deve continuar na próxima semana.

“O mercado está recompondo um pouco a distorção dos preços dos ativos da Bolsa, que ainda estão desvalorizados e os investidores estrangeiros estão aproveitando a oportunidade e migrando o portfólio de risco para os países emergentes. Com isso, hoje, houve alguma realização dos ganhos dos últimos dias no Ibovespa devido ao maior fluxo de capital estrangeiro”, explicou. 

Jennie Li, estrategista da XP Investimentos, avaliou que o principal fator da queda de hoje da B3 foi o aumento das tensões externas e, por conta disso, o Brasil passou a acompanhar as bolsas internacionais. "O mercado externo permanece no campo negativo, porque há muita incerteza em relação ao que vai acontecer entre Rússia e Ucrânia".

A analista ressaltou que, desde o início do ano, os investidores estrangeiros estão fugindo de empresas que caíram muito lá fora e, diante de novas pressões nos preços das commodities, partem em busca de empresas desse segmento nos mercados emergentes. Ela lembrou que esses aplicadores também estão nos bancos no mercado brasileiro, uma vez que, com a perspectiva de que a taxa básica de juros (Selic) ficará acima de 12%. “Quando os juros sobem muito, as instituições financeiras são uma das poucas empresas a registrar lucros”, destacou.

A XP manteve em 123 mil pontos a expectativa para o Ibovespa no fim do ano, de acordo com Li. A projeção de Santo, da Órama, é que a B3 alcançará 130 mil pontos no fim de 2022, mas ele reconhece que essa estimativa pode mudar dependendo do grau de intensidade do ajuste monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), a partir de março. “Se o Fed subir muito os juros, poderá haver uma queda maior dos mercados, principalmente, os emergentes”, alertou.

 

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