BOLSA

Dólar salta 2,63% e vai a R$ 5,07; Ibovespa recua

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) continuou em trajetória de baixa, com o Ibovespa, principal indicador dos negócios, registrando queda de 1,15%, para 106.639 pontos

Fernanda Strickland
postado em 03/05/2022 06:00
 (crédito:  Marcello Casal Jr/Agência Brasil. )
(crédito: Marcello Casal Jr/Agência Brasil. )

A perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos e a desaceleração da economia da China, que enfrenta novos surtos de covid-19 e decretou lockdown em várias cidades, aumentaram a incerteza dos mercados ontem (2/5). No Brasil, o dólar disparou 2,63%, terminando o dia cotado a R$ 5,07, após ter superado R$ 5,08 na máxima da sessão.

Já a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) continuou em trajetória de baixa, com o Ibovespa, principal indicador dos negócios, registrando queda de 1,15%, para 106.639 pontos, atingindo o menor patamar desde 18 de janeiro.

A expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve anunciar, amanhã, uma alta de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros para enfrentar uma inflação que alcançou 7% em 12 meses, foi o principal motivo da alta do dólar.

Ontem (2/5), o rendimento dos títulos de 10 anos do Tesouro norte-americano atingiu 3% ao ano, o maior nível intradiário desde dezembro de 2018. Com juros maiores nos EUA, os investidores direcionam recursos para aquele país, e o resultado é a valorização da divisa.

Diante da alta da moeda dos EUA, o Banco Central informou que, hoje, realizará um leilão de swap cambial — operação equivalente a uma venda de dólares. A expectativa de analistas é de que seja injetado cerca de US$ 1 bilhão no mercado. A preocupação do BC é a de evitar a volatilidade da moeda. A subida do dólar também tem efeito inflacionário sobre grande parte dos preços da economia.

No Brasil, a expectativa também é de alta dos juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) deve, nesta quarta-feira, aumentar a taxa básica, a Selic, em 1 ponto percentual, levando os juros para 12,75% ao ano.

Dados fracos da economia chinesa, em meio ao combate à covid também pesaram sobre as bolsas em todo o mundo. Segundo Eliz Sapucaia, economista da Research e Estratégia Terra, no Brasil os juros subiram com o processo de reprecificação dos ativos globais a um ambiente de liquidez menos abundante.

"Isso aconteceu diante das medidas de aperto sinalizadas por bancos centrais de mercados desenvolvidos, que continuam a ter efeito sobre a curva de juros no Brasil", explicou. Com isso, os juros futuros encerraram a sessão de ontem em forte alta, seguindo a pressão global. Um exemplo foi a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024, que subiu de 12,582% para 12,680% ao ano. Nos contratos com vencimento em janeiro de 2025, o índice avançou de 12,031% a 12,165%.

Apreensão

De acordo com o economista autônomo Hugo Passos, os investidores estão apreensivos com a queda da economia mundial. "Pelo lado dos EUA, os investidores aguardam a decisão de juros do Fed para ter sinais melhores sobre a política monetária", explicou. Segundo o economista, com a piora na inflação e expectativa de aumento de juros, é possível que os EUA entrem numa recessão. "O que faz com que investidores tirem seus investimentos de renda variável e coloquem em renda fixa."

Passos ressaltou ainda que, na China, os novos confinamentos e lockdowns prejudicam a economia, visto que afetam a cadeia produtiva global, podendo gerar mais inflação. "Já na Europa os indicadores de demanda da indústria vieram abaixo do esperado e as vendas do varejo, na Alemanha, caíram em março, o que pesa sobre as bolsas europeias. Vale lembrar que as tensões entre Rússia e Ucrânia continuam."

 


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