POLÍTICA MONETÁRIA

Entidades divergem sobre decisão do Copom em manter juros

Para Firjan, a decisão do Banco Central em manter a Selic em 13,75% "foi acertada" diante da piora das perspectivas inflacionárias. Para CNI, juros já estão em patamar muito elevado e deveria começar a cair logo

Rosana Hessel
postado em 01/02/2023 23:35
 (crédito:  Marcello Casal Jr/ Agência Brasil )
(crédito: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil )

Entidades patronais divergiram sobre a decisão do Banco Central, que manteve, nesta quarta-feira (1º/2), a taxa básica da economia em 13,75%, mesmo patamar desde agosto de 2022. A medida era esperada pelo mercado, mas o comunicado reforçou o alerta sobre riscos fiscais e a pioa nas expectativas de inflação.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) avaliou que a manutenção da Selic foi uma “decisão acertada diante do aumento das expectativas inflacionárias”. No entanto, ressaltou que “o elevado patamar da taxa de juros tem imposto enormes sacrifícios à atividade econômica”, mas, assim como analistas do mercado, defendeu maior responsabilidade fiscal do novo governo.

“A Firjan destaca que, em momento de grande volatilidade e incerteza global, a redução da taxa Selic depende de uma política fiscal crível e responsável. A federação reitera a necessidade urgente de concretização da agenda de reformas estruturais e de criação de um novo arcabouço fiscal que conduza o país para o equilíbrio das contas públicas. Esse é o caminho para que a indústria nacional tenha competitividade suficiente para gerar emprego e renda, tornando o Brasil um país mais forte e competitivo”, completou a nota.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por sua vez, criticou a decisão e alertou para os riscos para a atividade econômica pelo fato de a Selic continuar no patamar atual. “A manutenção da taxa de juros vai intensificar a desaceleração (da economia). Por isso, esperamos que o Copom inicie logo o processo de redução da Selic, para evitar custos adicionais à atividade econômica”, afirmou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, em nota da entidade.

Com a manutenção da taxa Selic em 13,75%, o Brasil continua na liderança do ranking global de juros reais (descontada a inflação), conforme levantamento da Infinity Asset Management.


Veja a íntegra das notas da Firjan e da CNI

Nota1-Firjan 

Manutenção da Selic é decisão acertada diante
do aumento das expectativas inflacionárias, diz Firjan

Federação ressalta, no entanto, que o elevado patamar da taxa de juros tem prejudicado a atividade econômica e que, em momento de grande volatilidade e incerteza global, a redução da Selic depende de uma política fiscal crível e responsável

Diante do aumento das expectativas inflacionárias, a Firjan considera acertada a decisão do Banco Central de manter a taxa Selic em 13,75% . No entanto, ressalta que o elevado patamar da taxa de juros tem imposto enormes sacrifícios à atividade econômica. Os sinais de exaustão de importantes setores da economia brasileira estão cada vez mais fortes e com consequências diretas sobre a confiança dos empresários.

A Firjan destaca que, em momento de grande volatilidade e incerteza global, a redução da taxa Selic depende de uma política fiscal crível e responsável. A federação reitera a necessidade urgente de concretização da agenda de reformas estruturais e de criação de um novo arcabouço fiscal que conduza o país para o equilíbrio das contas públicas. Esse é o caminho para que a indústria nacional tenha competitividade suficiente para gerar emprego e renda, tornando o Brasil um país mais forte e competitivo.

Nota2-CNI


COPOM: Indústria afirma que decisão restringirá atividade econômica

CNI avalia que a Selic se encontra em patamar alto o suficiente para inibir a atividade econômica e contribuir para a desaceleração da inflação há mais de um ano

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) afirma que as expectativas de inflação tanto para 2023 quanto para 2024 estão acima das metas, por isso considera compreensível a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, de manter a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. No entanto, a CNI espera que o Copom inicie em breve o processo de redução da Selic, com continuidade do movimento de desaceleração da inflação. 

“Há mais de um ano que a Selic se encontra em patamar alto o suficiente para inibir a atividade econômica e contribuir para a desaceleração da inflação. E a manutenção da taxa de juros vai intensificar essa desaceleração. Por isso, esperamos que o Copom inicie logo o processo de redução da Selic, para evitar custos adicionais à atividade econômica”, avalia o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

 Atualmente, a intensidade da política monetária é bastante forte. A taxa de juros real, que desconsideram os efeitos da inflação, está em torno de 7,5% ao ano, 3,5 pontos percentuais acima da taxa de juros neutra da economia, que é aquela que não estimula e nem desestimula a atividade econômica. No momento, isso faz com que o Brasil tenha uma das maiores taxas de juros reais do mundo.

 Por essa razão, a CNI entende que a Selic em 13,75% ao ano, por restringir a atividade econômica, garante a manutenção da trajetória de desaceleração da inflação nos próximos meses.

 “A taxa básica de juros no patamar atual foi um dos fatores determinantes para a desaceleração da atividade econômica no segundo semestre de 2022 e seguirá sendo um limitador significativo para o crescimento da atividade em 2023, quando as previsões para o PIB indicam alta de apenas 0,8%, segundo o Boletim Focus do BC”, explica o gerente de Política Econômica da CNI, Fábio Guerra.

 Na avaliação da indústria, para se evitar que a taxa Selic permaneça em alto patamar, também é preciso que o governo tenha cautela na condução dos gastos públicos.

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