Desigualdade

Censo 2022: falta de esgoto é maior em casas de negros

Entre os pretos e pardos – grupos que compõem pouco mais da metade da população brasileira – o percentual sobe para 68,6%

São 4,8 milhões de pessoas sem acesso a água encanada -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
São 4,8 milhões de pessoas sem acesso a água encanada - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
postado em 23/02/2024 11:34 / atualizado em 23/02/2024 11:41

Cerca de 49 milhões de brasileiros ainda vivem sem coleta de esgoto adequada no país, são 4,8 milhões de pessoas que sequer tem água encanada. O dado é de um novo recorte do Censo Demográfico 2022, divulgado nesta sexta-feira (23/2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No caso da falta de esgotamento sanitário, esse número corresponde a 24% da população e expõe as mazelas da desigualdade. Entre os pretos e pardos — grupos que compõem pouco mais da metade da população brasileira — o percentual sobe para 68,6%.

São considerados descarte adequado o esgoto ligado à rede de coleta, que chega a 62,5% da população, e o uso de fossa séptica ou fossa-filtro como solução individual, que representa 13,2%. As duas categorias fazem parte do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab).

No caso do acesso a água, assim como acontece com o descarte de esgoto, há diferença entre os diferentes grupos raciais. Pretos e pardos representam 72% da população sem acesso adequado, enquanto brancos, 24%.

É considerado abastecimento inadequado quando o acesso ocorre por meio de carro-pipa (1%), rios, açudes, córregos e igarapés (0,9%), água de chuva armazenada (0,5%) ou outras formas de abastecimento (0,6%). De acordo com os dados, a dependência de carro-pipa e água da chuva está concentrada na região Nordeste, enquanto a de rios, açudes, córregos e igarapés, no Norte.

Em 2022, eram considerados abastecimento adequado o acesso por rede de distribuição (82,9%), poço profundo ou artesiano (9%), poço raso, freático ou cacimba (3,2%) e fonte, nascente ou mina: (1,9%).

O Censo apontou ainda que 1,2 milhão de pessoas, o equivalente a 0,6% da população, moram em residências sem nenhum banheiro ou sequer um buraco para dejeções, o que indica que precisam defecar e urinar a céu aberto. A desigualdade de renda também é observada no número de banheiros a cada domicílio, pois enquanto 5,4 milhões de brasileiros moram em lares com mais de quatro banheiros, 3,5 milhões não têm banheiro nem sanitário ou possuem apenas um buraco para dejeções.

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Confira os destaques do Censo 2022

  • 62,5% da população do Brasil morava em domicílios conectados à rede de coleta de esgoto em 2022. Esse índice era de 44,4% em 2000 e subiu para 52,8% em 2010.
  • Em 2022, 97,8% da população tinham, no mínimo, um banheiro de uso exclusivo. Banheiros compartilhados por mais de um domicílio foram informados por 0,5% da população. Já 0,6% da população habitava domicílios sem banheiros, sanitários ou buracos para dejeções.
  • Coleta direta ou indireta de lixo atendia 90,9% da população em 2022. Os tipos de descarte mais frequentes foram o “Coletado no domicílio por serviço de limpeza” (82,5%) e o “Depositado em caçamba de serviço de limpeza” (8,4%).
  • Restrições de acesso a saneamento básico, em 2022, eram maiores entre jovens, pretos, pardos e indígenas. A população de cor ou raça amarela foi a que apresentou maior índice de acesso à infraestrutura de saneamento, seguida pela de cor ou raça branca.

 

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