Câmbio

Dólar abaixo de R$ 6: especialistas avaliam possibilidade de queda da moeda

Analistas do mercado financeiro acreditam que movimento é de correção após valorização intensa da moeda norte-americana no final do ano passado

Desde o início do ano, o dólar acumula queda de 4,5% e já atinge o valor mais baixo na cotação desde novembro -  (crédito: Uai Turismo)
Desde o início do ano, o dólar acumula queda de 4,5% e já atinge o valor mais baixo na cotação desde novembro - (crédito: Uai Turismo)

Quem acompanha o mercado financeiro atentamente já percebe uma queda na cotação do dólar comercial nos últimos dias. Nesta quinta-feira (23/1), a moeda norte-americana abriu pelo quarto dia consecutivo em queda, chegando à mínima de R$ 5,89 durante a manhã. Diante disso, especialistas avaliam as possibilidades do câmbio continuar em desvalorização, com a possibilidade de voltar ao patamar de R$ 5,50. 

Desde o início do ano, o dólar acumula queda de 4,5% e já atinge o valor mais baixo na cotação desde novembro de 2024. Para o analista da Ouro Preto Investimentos Sidney Lima, esse recuo tem sido influenciado principalmente por dois conjuntos de fatores: ajustes técnicos no mercado e um cenário internacional favorável. 

“No contexto doméstico, os recentes andamentos quanto às medidas de contenção tem melhorado a confiança dos investidores, contribuindo para a valorização do real. Internacionalmente, a expectativa de uma política fiscal menos agressiva sob a nova administração nos EUA e a queda inesperada dos pedidos de auxílio-desemprego fortaleceram o real frente ao dólar”, avalia Lima.

Quanto à sustentabilidade dessa tendência de baixa do dólar, o economista avalia que ainda é precária. Segundo ele, a trajetória futura da moeda deve depender ainda da continuidade das reformas fiscais no Brasil e das condições econômicas globais. 

“Incertezas políticas e fiscais ainda representam riscos significativos que podem afetar o apetite por risco e influenciar negativamente o real. Portanto, apesar do alívio recente, a volatilidade no câmbio pode persistir, refletindo a complexidade e a incerteza dos fatores econômicos e políticos envolvidos”, acrescenta o especialista. 

Expectativas pós-Copom

Na próxima semana, nos dias 28 e 29 de janeiro, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne pela primeira vez após a posse de Gabriel Galípolo, na presidência do Banco Central (BC), para decidir sobre a nova taxa básica de juros da economia, a Selic. 

Com as previsões indicando um novo aumento de 1 p.p. (um ponto percentual), há uma expectativa sobre se o Copom vai conseguir, ou não, controlar a inflação e evitar a desvalorização ainda maior do real. 

Na visão do CEO da gestora Multiplike, Volnei Eyng, a reunião deve ajudar a controlar o câmbio. Mas, para que o dólar volte a cair de maneira mais sustentável, ele acredita que o governo deve dar uma sinalização clara sobre o compromisso fiscal, reforçando uma agenda de corte de gastos. 

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Já para o CEO da MA7 Negócios, André Matos, além do controle fiscal, a queda do dólar ainda depende de fatores externos. “No mercado externo estamos dependentes das falas e decretos do presidente americano Donald Trump, principalmente em relação a guerra comercial que pode ocorrer com a China e a tributação de produtos brasileiros”, destaca. 

Nesta quinta-feira (23/1), o presidente dos Estados Unidos deve discursar no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, onde deve apresentar novas sinalizações para a condução da política fiscal no país nos próximos quatro anos.

Raphael Pati
postado em 23/01/2025 15:54
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