Investimentos

Incerto sobre a posição de Trump, BID inicia reunião anual

Ontem, na abertura dos seminários técnicos, que antecedem a reunião, o presidente do banco, Ilan Goldfajn, anunciou a ampliação dos recursos para financiar o desenvolvimento da América Latina e Caribe dos atuais US$ 25 bilhões anuais para US$ 38 bilhões até 2030.

Ilan Goldfajn anunciou a ampliação de recursos para US$ 38 bilhões -  (crédito: BID)
Ilan Goldfajn anunciou a ampliação de recursos para US$ 38 bilhões - (crédito: BID)

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) inicia nesta quinta-feira (27) a 65ª Reunião Anual da Assembleia de Governadores, em Santiago, no Chile, cercado por uma atmosfera de incertezas relacionadas à participação dos Estados Unidos nas atividades do banco de fomento. Será a primeira reunião da instituição depois da posse do presidente Donald Trump, que já anunciou a decisão de rever a presença do país em organismos multilaterais de fomento.

A principal preocupação se deve ao fato de que os Estados Unidos detêm 30% do capital do BID, alocando o maior volume de recursos. Trump ainda não fez declarações ameaçadoras relacionadas ao banco, voltado para o desenvolvimento dos países da América Latina e Caribe. Por isso, a posição do presidente da instituição, o brasileiro Ilan Goldfajn, tem sido a de manter a normalidade, chamando atenção para os interesses comuns a todos os integrantes da região.

Nesta quinta-feira (26), na abertura dos seminários técnicos — que antecedem o encontro oficial — ele citou o programa de combate ao crime, que afeta a todos. “Recém criamos uma aliança para a segurança e o desenvolvimento. Segurança é um problema na região. E é um problema transnacional, se é assim, está em nosso DNA e temos o papel de formular soluções”, disse.

Fontes próximas à Assembleia, no entanto, citam alguns sinais que demonstram o desinteresse do atual governo norte-americano. Um deles, é a representatividade na reunião. Embora os Estados Unidos estejam presentes, serão representados por alguém de baixo escalão da Secretaria do Tesouro. “Isso significa que eles tendem a se abster nas votações”, observa um interlocutor.

Outro sinal, é que, tradicionalmente, sempre pertence aos Estados Unidos a vice-presidência Executiva do BID. Donald Trump ainda não designou um nome para ocupar o cargo, que continua ocupado por Jordan Schwartz, indicado pelo ex-presidente Joe Biden. “A assembleia ocorre sob um clima de apreensão. Como não houve, ainda, uma direcionamento de Trump, ninguém arrisca se pronunciar”, diz esse interlocutor, opinando que “essa reunião vai calibrar muita coisa. Estamos todos aguardando para sentir a temperatura e pressão”. Anúncios Enquanto isso, a reunião do BID segue conforme o planejado.

Ontem, na abertura dos trabalhos, Goldfajn anunciou a ampliação do volume de recursos dos atuais US$ 25 bilhões anuais para US$ 38 bilhões até 2030. Parte deste montante, US$ 8 bilhões, sairá do BID Invest, o braço privado da instituição de fomento.

Ao longo do encontro, serão anunciados três novos programas. O primeiro, chamado BID Cuida, a ser lançado hoje, é voltado a mulheres que exercem o trabalho não remunerado do cuidado.

Na sexta-feira, será o lançamento do Conexão Sul, que amplia o apoio do BID aos programas de integração regional na América do Sul e Caribe. Fará parte desse programa o Rotas de Integração, iniciativa brasileira que já conta com US$ 3,4 bilhões e que, segundo fontes, terá os recursos ampliados.

Sábado, o anúncio será o programa Preparados e Resilientes, voltado a projetos de enfrentamento da crise climática na região.

Edla Lula
postado em 27/03/2025 04:27
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