Entrevista

Julio Lopes: Essas tarifas podem se tornar uma oportunidade para o país

Em meio às novas tarifas anunciadas por Donald Trump sobre produtos brasileiros, o Correio ouviu o deputado federal e presidente da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo, (PP-RJ), que vê mais oportunidades do que ameaças para o Brasil. Ele destaca que, embora as medidas norte-americanas representem instabilidade no comércio global, o país tem espaço para crescer e ampliar sua participação no mercado internacional.

 11/06/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Seminário Bebidas Alcoólicas, segurança jurídica no imposto seletivo. Deputado Federal Julio Lopes. -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
11/06/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Seminário Bebidas Alcoólicas, segurança jurídica no imposto seletivo. Deputado Federal Julio Lopes. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

O aumento de tarifas anunciado por Donald Trump sobre produtos brasileiros, como aço e alumínio, reacende o alerta sobre a fragilidade da nossa posição na cadeia global de valor. Na sua avaliação, o Brasil está preparado para lidar com esse tipo de protecionismo?

Muito mais do que uma ameaça, essas tarifas podem se tornar uma oportunidade para o país. O Brasil foi a bolsa que menos caiu, com disfunção de que os mercados leem e, de fato, eles podem oferecer uma oportunidade para o país. Nós, além de termos ficado na menor tarifa, de 10%, nós temos condições de, a partir daí, oferecer para outros mercados. Mesmo que a gente tenha uma visão bastante crítica do governo, o governo tem mais acertado do que errado.

O senhor acredita que o tarifaço é apenas uma manobra dos EUA ou um sinal de mudança estrutural no comércio internacional, que o Brasil precisa encarar com mais estratégia?

Óbvio que a gente tem que ter muita cautela. Eu acho que o governo brasileiro está agindo corretamente, tem muita cautela. Mas eu tenho a impressão que nós vamos acabar se beneficiando nesse grande equívoco americano.

O Projeto de Lei da Reciprocidade tem ganhado força como reação ao protecionismo de países como os EUA e a China. Qual o posicionamento da Frente em relação ao PL? 

Eu tenho criticado muito o governo, mas nesse sentido, nós apoiamos as medidas que têm sido feitas pelo governo de maneira geral e da área do desenvolvimento industrial de maneira mais específica.

Em vez de retaliar tarifas, o Brasil poderia investir em política industrial e acordos bilaterais mais robustos. Qual o papel do Congresso nesse equilíbrio entre reação imediata e construção de um ambiente mais competitivo no longo prazo?

O Congresso agiu corretamente, dando a oportunidade para o governo retaliar. o dólar está no patamar mais barato desde o de 2020, é muito significativo, estamos com hoje R$ 5,66, R$ 5,68. Isso é uma perspectiva boa, pelo menos.

Existe risco de que o PL da Reciprocidade seja usado com viés ideológico ou eleitoral, em vez de técnico e estratégico?

Espero sinceramente que as autoridades se portem com cautela, como tem feito, e que o Congresso haja racionalmente.

O senhor tem defendido a importância de reduzir o Custo Brasil para destravar a competitividade nacional. Qual seria, na sua visão, o gargalo número um que trava nosso crescimento hoje?

A questão do treinamento/ formação dos funcionários brasileiros é muito decente ainda, mas tem questões logísticas e estruturais muito defasadas da necessidade real de um país mais competitivo.

Com a aprovação da reforma tributária em curso, o que o senhor espera de mudança real para as empresas brasileiras nos próximos dois anos? Há risco de que o impacto positivo demore demais a ser sentido?

Eu não tenho nenhuma dúvida que, para o Brasil como um todo, nada é mais importante que a reforma tributária. E nós teremos ganhos enormes em longo prazo. Agora, obviamente, muitas etapas ainda têm que ser trilhadas, muitas leis complementares ainda terão que ser feitas, setores inteiros que precisarão ser regulamentados, e o trabalho ainda precisa ser feito. Mas quero enfatizar que o cenário é de ganho tanto de competitividade quanto de ganho econômico.

 A competitividade do futuro passa por inovação e sustentabilidade. O Brasil tem potencial nesse campo, mas ainda investe pouco. Como o Congresso pode impulsionar políticas que estimulem pesquisa, desenvolvimento e transição energética?

Eu acho que o Congresso precisa continuar estimulando e a gente tem que ter a digitalização e o avanço da tecnologia no Brasil. Estava falando o líder do  PT. Nós estaremos participando da Comissão Especial de Inteligência Artificial. Eu vejo, sempre com bons olhos, acho que nós temos feito os avanços necessários. O Brasil tem uma legislação adequada e fará alterações nas legislações pertinentes de forma correta.

postado em 05/04/2025 05:25
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