IMPACTOS

CNI afirma que tarifaço provocará perda de R$ 19 bilhões aos estados

De acordo com o relatório, Ceará seria o estado mais prejudicado, já que 44,9% das exportações foram destinadas aos EUA em 2024

Revela a diversificação da pauta de exportações além do setor primário. São vendidos principalmente para América do Sul, Europa e EUA. -  (crédito: Freepik/tawatchai07)
Revela a diversificação da pauta de exportações além do setor primário. São vendidos principalmente para América do Sul, Europa e EUA. - (crédito: Freepik/tawatchai07)

O ‘tarifaço’ de 50% aos produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos podem provocar uma perda de R$ 19 bilhões aos estados e ao Distrito Federal, calculou a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em estudo publicado nesta terça-feira (29/7).

Realizado em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), além do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), o relatório estabelece o estado do Ceará como unidade federativa que será mais afetada pelo tarifaço de 50%, previsto para entrar em vigor na sexta-feira (1º/7).

No Ceará, conforme o relatório, 44,9% das exportações foram destinadas aos EUA em 2024. Isso representa quase metade das vendas externas. A indústria de transformação responde por 96,5% dessas exportações, com destaque para metalurgia (US$ 441,3 milhões), alimentos (US$ 112,2 milhões) e couros e calçados (US$ 52,6 milhões). Para o estado, a tarifa de 50% anunciada por Trump pode resultar em perdas de R$ 190 milhões.

O segundo estado com maiores perdas devido ao tarifaço, segundo a CNI, é o Espírito Santo. O território capixaba tem 28,6% de suas exportações destinadas aos Estados Unidos. No ano passado, o ES exportou US$ 3,1 bilhões em produtos para os EUA.

Dos produtos exportados do Espírito Santo para os Estados Unidos no ano passado, US$ 1,14 bilhão (37,2% do total) foi de metalurgia, US$ 680,1 milhões (22,2% de minerais não metálicos, US$ 559,8 milhões (18,2%) de celulose e papel e US$ 387 milhões (12,6%) de extração de minerais metálicos.

O terceiro estado mais afetado com o tarifaço será o Paraná. Isso porque, com base na balança comercial de 2024, US$ 1,5 bilhão das exportações (6,8%) foram comercializadas com os Estados Unidos. Os principais setores exportadores afetados incluem: madeira (US$ 614 milhões), alimentos (US$ 277 milhões) e máquinas e equipamentos (US$ 217 milhões).

O presidente da CNI, Ricardo Alban, considera como “injustificável” o aumento da tarifa às exportações brasileiras. "A imposição do expressivo e injustificável aumento das tarifas americanas traz impactos significativos para a economia nacional, penalizando setores produtivos estratégicos e comprometendo a competitividade das exportações brasileiras. Há estados em que o mercado americano é destino de quase metade das exportações. Os impactos são muito preocupantes", avaliou o presidente da CNI.

Negociações

Para o Brasil, as únicas certezas sobre o tarifaço são os impactos econômicos às empresas provocados pela medida de Trump. Do lado do governo norte-americano, não há perspectivas e sequer negociações com autoridades norte-americanas para rever essa política.

O ministro da Casa Civil, Rui Costa, confirmou, nesta terça-feira, sinalizações do governo brasileiro para negociar com autoridades norte-americanas. Porém, o presidente Donald Trump ignorou essas ações. “O Brasil quer negociar, mas a soberania não é moeda de troca", garantiu o ministro, em entrevista à rádio Serra Dourada, de Ipirá, na Bahia. 

"Nunca, na história das relações diplomáticas, uma comunicação entre nações foi feita como agora: por meio de uma carta publicada em uma rede social, tratando de temas inegociáveis — incluindo uma intromissão indevida em julgamento conduzido pela Justiça brasileira", disse.

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postado em 29/07/2025 18:27 / atualizado em 29/07/2025 20:51
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