O ministro do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Marinho, minimizou o impacto do tarifaço dos Estados Unidos sobre o mercado de trabalho. “O mundo não vai acabar. O mundo continuará lindo, firme e forte”, afirmou o ministro ao ser questionado sobre o assunto, nesta segunda-feira (4/8), durante a apresentação a jornalistas dos dados de junho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que registrou a criação de 166,6 mil novos postos de trabalho dado abaixo dos 201,7 mil postos novos computados em junho de 2024 -- queda de 17,4% -- considerando dados com ajustes do órgão.
De acordo com o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está à disposição para negociar com os norte-americanos e o governo está aguardando estudos do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) sobre a repercussão das medidas para uma tomada de decisão “à medida da necessidade”.
Marinho evitou adiantar qualquer medida do pacote de ajuda ao setor produtivo que vem sendo sinalizado pelo governo para as empresas que forem afetadas pelo tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, que vai passar a valer nesta semana para uma série de produtos -- excluindo a lista de quase 700 produtos divulgada na semana passada, incluindo aviões e partes de aviões e suco de laranja. "“Acho que ele (Trump) não tem muita convicção porque voltou atrás em vários produtos”, ironizou.
O titular do MTE ainda ressaltou que o presidente Lula está disposto a negociar com o chefe de Estado dos EUA. “Mas é preciso que ambos os lados queiram negociar e colocar os assuntos na mesa”, declarou. Marinho citou o dado que vem sendo repetido pelo presidente Lula de que o saldo negativo da balança comercial com os Estados Unidos, e que Trump vem afirmando erroneamente.
“Está clarinho que não existe esse deficit em desfavor dos EUA, e, sim, do Brasil. Quem teria que reclamar somos nós. Mas vamos sentar e discutir, preparados, e da forma que tem que ser”, afirmou o ministro. Ele ainda reforçou que os Estados Unidos são um importante parceiro comercial do Brasil e que as relações bilaterais são antigas, de dois séculos, e não é possível misturar “alhos com bugalhos”, em referência à confusão gerada por Trump. “E ninguém pode ficar com qualquer dúvida, respeitadas as circunstâncias de cada país”, acrescentou.
Ao comentar sobre as mudanças o detalhe, vai diminuir o percentual para o vale refeição e na questão do MDR – taxa de desconto aplicada no mercado – do vale refeição e alimentação, mas não deu os números. “Eu gostaria de ter feito isso ,mas os atropelos da agenda não nos permitiram”, afirmou ele, afirmando que haverá um prazo de transição. A expectativa dele é concluir algo ainda neste mês.
Em relação à jornada 6x1 Marinho a classificou como a "mais cruel" e defendeu que qualquer mudança precisa respeitar as necessidades de cada setor econômico, "porque tem atividade que necessita de funcionar 24 horas por dia, 365 dias do ano". "Mas não significa que o trabalhador, que a trabalhadora, tem que cumprir essa jornada", disse.
Empregos formais
Conforme dados do Caged, em junho, foram criados 166,6 mil empregos formais e o total de vagas criadas no primeiro semestre foi de 1,2 milhão, abaixo dos 1,3 milhão contabilizados no mesmo período de 2024.
No acumulado dos últimos 12 meses até junho, foram gerados 1.590.911 empregos com carteira assinada no país. O dado é um pouco menor que o registrado no período anterior no mesmo período de 2024, quando foram computados 1.735.145 novos postos de trabalho.
Os dados do Caged mostram ainda que todos os cinco principais setores da economia tiveram resultado positivo no saldo de vagas, com destaque para o de Serviços que apresentou aumento de 0,33%, na comparação com maio, gerando 77.057 novas colocações com carteira assinada, especialmente nas áreas de informação, comunicação, finanças, imobiliário, atividades profissionais e administrativas, que somaram 41.477 vagas no mês.
De acordo com Marinho, das 27 unidades federativas, apenas o Espírito Santo não apresentou geração de emprego. No estado do Sudoeste brasileiro foram fechados 3.348 postos de trabalho. Os demais da região foram os que mais geraram emprego. São Paulo, por exemplo, liderou o número de novas vagas criadas entre os 26 entes federativos, gerando 40.089 novas colocações com carteira assinada. Na sequência, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que criaram, respectivamente, 24.228 e 16.363 novas colocações.
Em junho de 2025, conforme os dados do Caged, o salário médio de quem começou um novo emprego foi de R$ 2.278,37 -- aumento de R$ 24,48 (+1,09%) em relação a maio, quando o valor foi de R$ 2.253,89 Comparado a junho do ano passado, o crescimento foi de R$ 28,76 (+1,28%), considerando o ajuste para as variações típicas do mês.
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