Vinicius Carrasco, diretor da Associação Brasileira de Instituições de Pagamentos (Abipag), avaliou que a entrada de novos players no mercado financeiro brasileiro tem reduzido custos, ampliado o acesso a serviços e pressionado os grandes bancos a oferecerem melhores condições. Ele participou, nesta terça-feira (19/8), do evento Reforma Tributária: regulamentação e competitividade no setor de comércio e serviços e o futuro das fintechs no novo cenário, realizado pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) e pela Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS), em parceria com o Correio.
“A participação das fintechs modificou a dinâmica de pagamentos e contas digitais. Houve uma transferência de recursos antes concentrados nos intermediários para a sociedade”, afirmou Carrasco.
Ele citou exemplos práticos da transformação trazida pela inovação. “Um comerciante precisava de duas maquininhas diferentes para aceitar cartões de bandeiras distintas, pagando taxas elevadas. Hoje, com a entrada das fintechs, há soluções únicas que processam várias bandeiras e ainda oferecem serviços acoplados, como a conciliação das vendas”, afirmou .
Segundo estimativas do setor, a abertura do mercado resultou em devolução superior a R$ 100 bilhões em taxas para o varejo, além de economia anual de R$ 30 bilhões em tarifas para consumidores. “Em pagamentos, o Brasil se tornou referência internacional. Essas inovações aumentaram a produtividade e facilitam o dia a dia de quem utiliza os serviços financeiros”, completou.
Tributação
Carrasco também comentou a medida provisória enviada pelo governo ao Congresso que amplia a tributação sobre o setor financeiro. Para ele, a proposta pode gerar efeitos negativos na competição. “Não existe taxação que não distorça incentivos. O risco é inibir a entrada de novos competidores e reduzir a inovação, que foram justamente os fatores que permitiram ganhos para a sociedade nos últimos anos”, disse.
Ele alertou que a elevação de impostos pode impactar investimentos e a atração de capital estrangeiro. “A literatura econômica mostra que aumentos de carga tributária reduzem a disposição de investir. Isso é relevante em um país que ainda precisa crescer e elevar sua produtividade”, afirmou.
O diretor reforçou que a manutenção de um ambiente regulatório favorável será decisiva para que as fintechs sigam contribuindo para a inclusão financeira e para o fortalecimento da concorrência no setor bancário.
