
O advogado Carlos Ragazzo, ex-conselheiro do Cade, destacou a importância da competição no setor de pagamentos, que é o primeiro contato do cidadão com o sistema financeiro. Segundo ele, nem todos usam créditos ou fazem operações, "mas todos pagam".
As falas ocorreram durante o evento Reforma Tributária: regulamentação e competitividade no setor de comércio e serviços e o futuro das fintechs no novo cenário, realizado pela União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs) e pela Frente Parlamentar do Comércio e Serviços (FCS), em parceria com o Correio.
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Ao discutir o futuro das fintechs especificamente, Ragazzo, que é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), explicou que as mudanças no setor de pagamentos tiveram um papel importante de inclusão.
“Conta bancária, na minha memória, era algo excludente, era cara, inclui serviços que você não sabia que ia utilizar. A conta digital mudou isso, a competição mudou isso. Agora, inclui o microempreendedor, pequeno lojista, pessoas de baixa renda. Qualquer retrocesso nesse aspecto vai ter um impacto social muito pesado, muito vil”, comentou o doutor em Direito.
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Para o ex-conselheiro do Cade, o ideal é discutir sobre mais avanços na área em vez de falar sobre retrocesso, "porque ainda tem espaço para trazer mais competição em outras áreas do sistema financeiro", frisou. Também segundo ele, uma das pautas importantes é sobre como melhorar a portabilidade de crédito e de salário. "O crédito no Brasil é caro. Apenas uma pequena parcela da sociedade conhece esse instrumento de portabilidade. E quando tenta acioná-lo, enfrenta dificuldades operacionais."
Golpes
Durante o evento, Carlos Ragazzo falou ainda sobre segurança bancária e apontou que mais de 90% das fraudes digitais que ocorrem no Brasil são originadas por engenharia social, ou seja, independem do instrumento utilizado, seja o banco tradicional ou uma fintech.
“Depois de um ciclo muito grande de digitalização, por conta da pandemia, você tem uma população que está menos acostumada com meios digitais, e ela é facilmente enganada. Mas isso não significa que é da natureza da fintech ser um caminho para fazer esses tipos de esquema”, enfatizou o professor da FGV.
O especialista explicou que esse é um problema que existe em qualquer tipo de instituição e que tem que ser endereçado via "regulação, conscientização e educação da população". "As pessoas precisam ser aculturadas, informadas sobre os perfis de golpes. E saber que culpar as fintechs só vai atrasar o processo de competição e de inclusão das pessoas em vez de resolver os problemas das fraudes."
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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