Passado o primeiro mês desde a vigência da sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos, as exportações para aquele país caíram 18,5% em valor e 8,5% em quantidade, na comparação com o mesmo mês de 2024. O resultado consta do relatório da Balança Comercial Brasileira de agosto, divulgado nesta quinta-feira (4), pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).
Os dados gerais, no entanto, mostram que o país, até o momento, conseguiu contornar o impacto do tarifaço. A balança registrou saldo positivo de US$ 6,1 bilhões, o que representa um crescimento de 35,8% em relação ao mesmo mês do ano anterior. As exportações totais do mês somaram US$ 29,9 bilhões, enquanto as importações atingiram US$ 23,7 bilhões. A corrente de comércio foi 1,2% superior a agosto de 2024, com movimentação total de US$ 53,6 bilhões.
Segundo Herlon Brandão, diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior, a retração no comércio com os EUA ocorreu após uma antecipação de embarques em julho, quando já se sabia que a nova taxa passaria a valer a partir de 6 de agosto. "É muito provável que isso esteja relacionado a uma maior tarifa, que gera um maior nível de preços, uma redução de demanda, ao mesmo tempo em que o exportador brasileiro procura outros mercados", explicou.
Um exemplo é o minério de ferro, que registrou queda de 100%, ou seja, o setor não exportou para os Estados Unidos no mês passado. As vendas de aeronaves e suas partes caíram 84,9%. O açúcar observou queda de 88,4%.
A venda de carne bovina fresca caiu 46,2%; a de máquinas de energia elétrica reduziu 45,6%; celulose teve redução de 22,7%, produtos semiacabados de ferro e aço, queda 23,4%; e madeira, 39,9%.
Ano
As informações do Mdic mostram que, apesar dos desafios pontuais, as exportações brasileiras alcançaram recorde histórico nos primeiros oito meses do ano, totalizando US$ 227,6 bilhões, superando em 0,5% o valor registrado no mesmo período de 2024. A corrente de comércio acumulada atingiu US$ 412,4 bilhões, crescimento de 3,2% em comparação com igual período de 2024, demonstrando a capacidade de adaptação do país diante das turbulências comerciais.
Em agosto, as exportações no setor da Indústria de Transformação voltaram a cair em relação ao mesmo mês do ano anterior. Nesta comparação, houve uma ligeira queda de 0,9%, com o último mês acumulando saldo de US$ 15,8 bilhões. O valor obtido com as vendas de combustíveis recuaram 18,1%, enquanto que o saldo com as vendas de carne bovina para o exterior cresceram 56%.
Por outro lado, as exportações da Agropecuária e da Indústria Extrativa avançaram em relação a agosto de 2024. No caso da primeira, a variação foi positiva em 8,3%, causada, principalmente, pelos bons resultados da soja (13%), do milho (4,6%) e do café (3%), em valores totais. Já a segunda registrou crescimento de 11,3%, com destaques para as vendas de petróleo bruto, que avançaram 14,2%.
Efeito tarifação
O diretor ainda ressaltou que alguns dos principais produtores que tiveram queda nas exportações aos EUA em agosto não foram impactados pelo tarifaço, no final das contas, mas o receio do tarifaço pesou na balança ao final do mês, com a antecipação de mercadorias antes do detalhamento da nova alíquota. "Isso gerou incerteza entre os exportadores e tivemos crescimento da exportação para os EUA em julho, em 7%, e agora uma queda desses produtos e entre as principais quedas, até mesmo produtos não tarifados", frisou.
No caso das importações, houve um crescimento de 6,3% na aquisição de combustíveis em agosto, representando um valor de US$ 2,8 bilhões no mês. Ao mesmo tempo, o setor de bens intermediários permaneceu praticamente estável, com avanço de 0,1%, enquanto que bens de capital de bens de consumo registraram queda de 10,1% e 9%, respectivamente.
Apesar do saldo positivo em agosto, no acumulado do ano, a balança comercial registra queda de 20,2%, com US$ 42,8 bilhões de superavit. O setor de indústria extrativa é o que está sendo mais penalizado, com queda de 4,9% nas exportações de petróleo bruto e de 13,4%, no caso do minério de ferro e seus concentrados.
Diversificação
Complementando os dados do Mdic, informações do governo federal mostram que, apesar dos desafios pontuais, as exportações brasileiras alcançaram recorde histórico nos primeiros oito meses do ano, totalizando US$ 227,6 bilhões, superando em 0,5% o valor registrado no mesmo período de 2024.
A corrente de comércio acumulada atingiu US$ 412,4 bilhões, crescimento de 3,2% em comparação com igual período de 2024, demonstrando a capacidade de adaptação do país diante das turbulências comerciais.
As exportações em agosto apresentaram crescimento expressivo para diversos mercados alternativos: Reino Unido (+11%), México (43,82%), Argentina (40,37%), China (31%) e Índia (58%). Foram registradas quedas em alguns destinos: Bélgica (-43,8%), Espanha (-31,3%), Coreia do Sul (-30,44%) e Singapura (-17,1%).
"Atribuo muito à antecipação que ocorreu em julho, quando houve a carta no dia 9 de julho afirmando que as tarifas iam aumentar em 50% e isso gerou incerteza entre exportadores e houve crescimento das exportações para os Estados Unidos de 7%", explicou Brandão sobre a volatilidade observada.
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