NEGOCIAÇÃO

Em audiência nos EUA, CNI nega que Brasil tenha prejudicado comércio

Embaixador Roberto Azevêdo, ex-diretor da OMC, discursou em nome da CNI em audiência pública para tratar da investigação que mira o Pix e pode levar a novas sanções

"A noção de que o Brasil está agindo deliberadamente de forma a prejudicar os Estados Unidos é totalmente infundada", afirmou o ex-diretor da OMC. - (crédito: Platobr Internacional)

A Confederação Nacional das Indústrias (CNI) participou nesta quarta-feira (3/9) de audiência pública do Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) sobre a investigação dos EUA contra o Pix e outros mecanismos da economia brasileira. Em fala de cinco minutos, o embaixador Roberto Azevêdo, consultor da CNI e ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) argumentou que não há evidências de que o Brasil tenha adotado medidas deliberadas para prejudicar a relação comercial com os EUA, e que as acusações feitas pelo governo de Donald Trump são "infundadas".

"A noção de que o Brasil está agindo deliberadamente de forma a prejudicar os Estados Unidos é totalmente infundada. Simplesmente não há evidências de que os atos, políticas e práticas em questão discriminem ou prejudiquem injustamente as empresas americanas. Ao contrário, os fatos mostram que as empresas americanas, em geral, se beneficiaram das políticas brasileiras", discursou o embaixador.

"O Brasil está consistentemente entre os dez maiores superávits comerciais que os Estados Unidos desfrutam com o resto do mundo. Além disso, o Brasil tem sido um destino antigo e atraente para investimentos americanos, com os Estados Unidos sendo o principal investidor há anos", acrescentou.

A CNI enviou uma missão aos Estados Unidos nesta semana para avançar na negociação com o governo Trump, de forma a minimizar o impacto das tarifas e evitar outras sanções comerciais.

A fala de Azevêdo ocorreu no âmbito da investigação da Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA, que apura mecanismos brasileiros como o Pix e a venda de produtos falsificados na rua 25 de março. Segundo Washington, essas práticas prejudicam empresas norte-americanas.

Pix, Etanol e Meio Ambiente

As acusações dos EUA também incluem tarifas preferenciais praticadas pelo Brasil com aliados, corrupção, as leis brasileiras para registro de propriedade intelectual, competição desleal com o etanol americano, e legislação ambiental ineficaz. Tanto a CNI quanto o governo brasileiro rebatem as críticas.

"Somos as duas maiores democracias deste hemisfério. Deveríamos estar conversando um com o outro, não brigando um com o outro. Quaisquer problemas devem ser resolvidos por meio de diálogo e cooperação contínuos", disse ainda o embaixador.

"A CNI apoia iniciativas que fortaleçam os laços entre os Estados Unidos e o Brasil, promovam o crescimento econômico e melhorem as condições de mercado em ambos os países", pontuou.

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postado em 03/09/2025 19:12 / atualizado em 03/09/2025 19:12
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