O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, minimizou as críticas às decisões do Comitê de Política Monetária (Copom), inclusive as do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Na semana passada, manteve a taxa básica da economia (Selic) em 15% ao ano.
Na avaliação de Galípolo, as críticas de Haddad e do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, foram feitas com muita delicadeza e educação.
“No caso específico das falas do meu amigo ministro Fernando Haddad e vou estender também aqui ao querido Ceron, eu, pessoalmente acho um luxo você ter o ministro da Fazenda e o secretário do Tesouro fazendo comentários sobre a política monetária com a delicadeza que eles fizeram com a gentileza que eles fizeram com a educação que eles fizeram”, disse o presidente do BC, nesta quinta-feira (25/9), a jornalistas, durante apresentação do Relatório de Política Monetária (RPM), que reduziu de 2,1% para 2% a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano e prevê a inflação acima do centro da meta, de 3%, até o primeiro trimestre de 2028.
Recentemente, ao comentar sobre a decisão do Copom, o ministro da Fazenda não poupou críticas ao atual patamar da Selic disse que é injustificável que os juros fiquem nesse patamar. “Eu entendo que tem espaço para esse juro cair, eu acredito que nem deveria estar em 15%”, afirmou Haddad, em entrevista ao ICL Notícias.
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O presidente do BC descartou qualquer divergência sobre a condução da política monetária. Ele destacou ainda que o novo levantamento da instituição, a pesquisa Firmus – que tem como objetivo captar a percepção de empresas não financeiras sobre a situação de seus negócios e sobre variáveis econômicas que influenciam suas decisões -- “96% dos entrevistados dizem que o Banco Central deveria fazer e o que está fazendo”. “Ou seja, tem uma relação alta ali entre o que deveria fazer. Mas é absolutamente legítimo dentro do ambiente democrático que nós vivemos, que qualquer pessoa possa expressar a sua opinião sobre o que imagina que deveria ser feito na política monetária, em especial o ministro da Fazenda como eu disse”, afirmou.
Apesar de o dado de desemprego estar no menor patamar da história, de 5,7%, conforme dados de julho do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), assim como o estoque da força de trabalho no mercado formal estar em níveis recordes, Galípolo e o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, reconheceram que o mercado de trabalho é um dos principais motivos para as pressões inflacionárias e que justificam o atual patamar da taxa Selic. Galípolo ainda relembrou que “o mercado de trabalho segue resiliente há quatro anos” e o desemprego tem ficado em patamares menores do que o esperado pelo BC.
“Com um cenário com inflação fora da meta e desemprego baixo, não é conforto para a situação, mas convicção de que o caminho é esse que deve ser feito”, afirmou Galípolo.
Em relação à política fiscal, Galípolo ressaltou que o BC olha para o quadro fiscal “quando ele afeta a meta de inflação e as expectativas”. As mudanças devem ser abordadas tanto no contexto conjuntural quanto no estrutural e defendeu o fato de que a política seja voltada para desenvolver um sistema tributário mais justo.
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O chefe da autoridade monetária fez questão de comemorar o fato de a instituição voltar a ter concurso depois de vários anos sem, e admitiu que defende a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2023, que trata da autonomia fiscal do Banco Central. Segundo ele, a pauta principal é remuneratória. “Esse é um tema que a gente precisa encarar de maneira urgente”, frisou Galípolo.
Em relação ao câmbio, o presidente do BC reforçou que “não tem meta nem objetivo relacionado ao câmbio”. Guillen, por sua vez, foi taxativo ao afirmar que "o BC continuará perseguindo o centro da meta e não a banda de tolerância".
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