Comércio Exterior

Após caso de gripe aviária, China volta a importar produto do Brasil

Depois de seis meses, a China anunciou ontem a retomada das importações do produto, suspensas por causa da confirmação de um caso de gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul

Maior comprador do frango brasileiro nos últimos anos, a China reabriu as importações do produto após quase seis meses de bloqueio. A notícia, divulgada ontem, animou o governo federal e os produtores e exportadores das carnes de aves do país, que esperam um avanço ainda maior nas vendas do produto para o exterior nos próximos meses.

Responsável pela produção de 35% de todo o frango do mundo, o Brasil espera ampliar ainda mais essa parcela, com as novas oportunidades de mercado.

Desde o dia 16 de maio, a China havia suspendido temporariamente a compra de frango produzido no Brasil, após a confirmação do primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) — conhecida como gripe aviária — em uma granja comercial localizada no município de Montenegro, no interior do Rio Grande do Sul, a cerca de uma hora de Porto Alegre. Nessa época, a gripe aviária se espalhou por diversos estados do país e também chegou ao Distrito Federal, onde um caso foi identificado no Zoológico de Brasília.

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Ontem, o governo chinês, por meio da Administração Geral das Alfândegas do país (GACC), retirou as restrições com base nos resultados de uma análise de risco conduzida pelas autoridades locais. Desde o dia 18 de junho, o Brasil possui o status de país livre de gripe aviária, após a conclusão dos procedimentos de desinfecção da propriedade e de todas as ações sanitárias exigidas para combater a doença. Com a reabertura de mercado com a China, somente o Canadá mantém a suspensão total das importações de carne de aves provenientes do Brasil, segundo informações do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Reconhecimento

Em Buenos Aires, onde participou de um evento que reúne autoridades de outros países, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que a reabertura indica um passo importante no comércio bilateral entre Brasil e China e "um reconhecimento da qualidade dos produtos brasileiros". "(O foco) Aconteceu em uma granja e tivemos a oportunidade de mostrar a robustez do nosso sistema. Em 28 dias, a Organização Mundial de Saúde Animal reconheceu o Brasil livre de gripe aviária novamente, e assim foi gradativamente reconhecido por outros países", disse o ministro.

Fávaro também destacou que o impacto das restrições poderia ter sido ainda maior não fosse o forte consumo interno, que absorve cerca de 70% da produção nacional, mesmo com o país sendo, de longe, o maior produtor global. Ainda sobre o controle da doença, o chefe da pasta lembrou que o Brasil foi um dos poucos países que resistiram por quase duas décadas sem registrar casos da gripe aviária em plantéis comerciais. "É um dia importantíssimo para o comércio, para a produção de alimentos brasileiros e para a continuidade do fornecimento à China", completou.

Vendas

Dados levantados pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa o setor, mostram que, no mês passado, as exportações brasileiras de frango tiveram o segundo melhor resultado mensal desde março de 2023. Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne em outubro, o que representa um crescimento de 8,2% em relação ao volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Entre janeiro e outubro, as exportações de frango chegaram a 4,378 milhões de toneladas, ficando praticamente estável na comparação com o mesmo período do ano passado, quando esse montante chegou a 4,380 milhões de toneladas. Vale destacar que, em 2024, o comércio com a China funcionou normalmente. "Com os expressivos embarques do mês, praticamente zeramos a diferença entre os volumes embarcados neste ano e no ano passado, revisando as projeções para um provável crescimento em toneladas embarcadas para os 12 meses de 2025", avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Diante disso, a associação comemorou a reabertura do mercado e destacou o esforço do Mapa para reverter a situação. "Houve um amplo e altamente profissional trabalho de negociação neste processo, que incluiu a renegociação de certificados sanitários para evitar suspensões totais de países em eventuais novas ocorrências", pontuou o presidente da ABPA.

Até maio, a China era a maior importadora de carne de frango do Brasil. Somente no período entre janeiro e maio, o país importou 228,2 mil toneladas do produto, oque representa 10,4% do total exportado pelo Brasil até então, e gerou uma receita de US$ 545,8 milhões. Recentemente, a União Europeia também anunciou o fim das restrições sobre o frango brasileiro e a retomada dos embarques.

O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, com as vendas saindo, principalmente do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. No ano passado, foram vendidas mais de cinco milhões de toneladas de carne de frango para mais de 150 paíse, totalizando US$ 10 bilhões. Os principais destinos são China, União Europeia, África do Sul e México.

 

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