O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta quinta-feira (27/11) que a instituição está “contente” com o regime de câmbio flutuante e que atua apenas quando identifica disfuncionalidades no mercado. Questionado sobre a possibilidade de uma forte saída de dólares no fim do ano — diante da antecipação de remessas de dividendos após a aprovação das mudanças no Imposto de Renda —, ele disse apenas que o BC segue monitorando os movimentos.
“O Banco Central é muito contente com a linha de defesa do câmbio flutuante. Ele segue acompanhando os indicadores para saber quando se faz necessário, por algum tipo de disfuncionalidade, fazer algum tipo de intervenção. Mas nada que a gente tenha de diferente do que já aconteceu nos outros anos”, afirmou, durante evento da Itaú Asset.
Galípolo destacou que, do ponto de vista da política cambial, a preocupação principal é garantir que a nova regra de tributação dos dividendos seja bem compreendida pelos agentes econômicos.
“Liberation day”
O presidente do BC lembrou que, após o chamado “liberation day”, houve uma perda mais acentuada do valor do dólar por movimentos de hedge. Segundo ele, inicialmente o comportamento do mercado sugeria uma redução de exposição aos Estados Unidos, mas ficou claro, com o tempo, que se tratava de uma estratégia para se proteger da desvalorização da moeda americana — sem abandonar os ativos do país. “Até porque o tamanho do mercado de títulos é incontornável nos Estados Unidos”, afirmou.
Galípolo também avaliou que a concentração do mercado em equities antecede esse episódio e reflete uma tendência mais ampla: a maior atratividade de abrir capital nos Estados Unidos, em vez de realizar IPOs em mercados emergentes. “Você vê menos IPO não só no Brasil, me parece”, disse.
O presidente do BC chamou atenção ainda para o que classificou como um desbalanceamento estrutural no mercado global de títulos soberanos. Segundo ele, a demanda por esses papéis vem caindo, enquanto a oferta cresce.
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“Você tem uma redução na demanda, seja por questões demográficas — envelhecimento da população e fundos de pensão tradicionais japoneses ou de outros países —, que vão reduzindo a demanda gradativamente. E, por outro lado, você tem um aumento de oferta, seja porque teve juros mais altos, seja porque houve aumento de endividamento, que vem provocando uma dificuldade na trajetória das dívidas dos diversos países, e isso permanece ali”, afirmou. Para Galípolo, esse quadro de desequilíbrio deve seguir influenciando o comportamento dos mercados globais e exigirá atenção contínua das autoridades monetárias.
*Com informações de agências
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