
O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que o governo estuda ampliar o número de voos no Aeroporto Santos Dumont a partir de 2026. A declaração contraria a expectativa do prefeito Eduardo Paes (PSD), que defende a manutenção e o fortalecimento do Aeroporto Internacional do Galeão, localizado na zona norte da capital fluminense.
Paes sustenta que o Galeão é estratégico para o desenvolvimento do Rio e do país, enquanto entidades do setor cobram políticas de incentivo e melhorias na logística de acesso para atrair novos voos ao terminal.
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Segundo o ministro, nos últimos anos o teto de passageiros do Aeroporto Santos Dumont foi fixado em 6,5 milhões, e já está decidido um aumento desse fluxo para o próximo ano, que pode chegar a até 8 milhões. Desde 2023, o número de voos no terminal foi reduzido para equilibrar a operação com a do Galeão.
"Nós passamos dois anos com um teto de 6,5 milhões. A gente vai liberar mais 1 milhão, 1,5 milhão de passageiros, e isso não vai afetar as operações do Galeão", afirmou ontem em entrevista à GloboNews.
Costa Filho declarou que a decisão foi tomada após várias reuniões, com a presença de todos os órgãos do setor, além das concessionárias responsáveis pelos aeroportos. "Esse acordo que foi feito não foi um movimento da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) ou do ministério". destacou.
"Foi feito o Tribunal de Contas da União, sob a relatoria de Benjamin Zymler, que reuniu a concessionária do Galeão, a Anac, os técnicos do TCU e o Ministério de Portos e Aeroportos. Desde o primeiro momento, a prefeitura e o governo do estado acompanharam esse processo", detalhou.
Ele garantiu que o aumento dos voos no Santos Dumont vai beneficiar, principalmente, a economia do Estado. "Com o crescimento da economia brasileira e com o crescimento do turismo internacional do Rio de Janeiro — com novas companhias aéreas voando para o Rio —, nós teremos claramente a manutenção do crescimento do Galeão e precisamos crescer também no Santos Dumont, porque é muito importante para a economia da cidade. Então esse é um acordo que será muito importante para a aviação do Rio de Janeiro", afirmou.
No último domingo, o prefeito do Rio usou sua rede social X (antigo Twitter) para criticar a reunião da Anac, que trataria do assunto. "Forças ocultas estão se movimentando na Anac para alterar a política bem sucedida do @govbr [conta oficial do governo federal] de restringir os voos no Aeroporto Santos Dumont para coordenar o sistema de aeroportos do Rio de Janeiro e fortalecer o Aeroporto Internacional do Galeão — que é fundamental para o desenvolvimento do Rio e do Brasil", diz um trecho da postagem.
Em outro trecho, Paes afirmou que o Rio de Janeiro recebeu 17 milhões de turistas em 2025 em razão da medida atualmente em vigor e disse que a flexibilização da restrição de voos no Santos Dumont "é conhecidamente contrária aos interesses do Rio e do Brasil".
Por fim, o prefeito afirmou estar confiante de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, não permitirão que o que classificou como a "maior conquista do governo federal para o Rio de Janeiro seja ameaçada por interesses que considerou, no mínimo, estranhos".
Após a postagem de Eduardo Paes, a Anac divulgou nota de repúdio, afirmando "que todos os seus atos ocorrem por meio de processos administrativos transparentes, auditáveis e devidamente documentados, em consonância com os princípios da administração pública".
No comunicado, a agência afirmou ainda que "a flexibilização das operações do Aeroporto Santos Dumont vem sendo discutida desde junho deste ano, de forma aberta e transparente. A medida foi determinada pelo Ministério de Portos e Aeroportos como instrumento para preservar a política pública de coordenação do sistema aeroportuário do Rio de Janeiro e assegurar a sustentabilidade do Galeão, inclusive no contexto da relicitação prevista para 2026".
A Anac informou também que se colocou à disposição do prefeito para "apresentar, de forma detalhada, todo o processo".
Incentivos
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) afirmou ser necessário aprimorar a coordenação da logística de acesso aos dois aeroportos do estado, considerados "ativos valiosos para o estado".
Segundo a entidade, entre janeiro e outubro de 2025, a movimentação aérea no estado cresceu 21,6% em relação ao mesmo período de 2023. No mesmo intervalo, o transporte de cargas registrou alta de 46,3%. Para a Firjan, as medidas atualmente em vigor têm produzido impacto positivo, com aumento no fluxo de passageiros e de cargas para o Rio de Janeiro.
Em nota, a federação manifestou preocupação com a ampliação do fluxo de passageiros e seus possíveis impactos na economia local e nacional. "A Firjan defende que os esforços públicos estejam direcionados à criação de políticas de incentivo para a melhoria da logística de acesso e a inclusão de novos voos no aeroporto do Galeão, que ainda possui disponibilidade de espaço para crescimento. É fundamental a presença de um aeroporto internacional pujante e moderno no estado para que tenhamos um Rio mais atrativo para se viver, trabalhar, empreender, investir e visitar", afirmou a entidade.
A instituição destacou ainda que, no mesmo período, o país registrou crescimento de 12,1% na movimentação de passageiros e de 13,1% no transporte de cargas. "A recuperação da conectividade aérea internacional pelo Galeão, que concentra voos de longa distância e operações de grande porte, é um reflexo direto da reorientação do tráfego aéreo, consolidando o Rio de Janeiro como importante porta de entrada no país", concluiu a Firjan.

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