Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a taxa básica de juros nos atuais 15% ao ano, na última reunião de 2025, nesta quarta-feira (10/12), a Confederação Nacional da Indústria emitiu nota em que contesta a manutenção e reforça o posicionamento de que a Selic poderia estar bem abaixo do patamar atual.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
A entidade lembrou que a taxa de juros real, que subtrai a Selic nominal pela inflação, deve fechar o ano em cerca de 10,5%, o que representa um nível 5,5 pontos percentuais superior à taxa neutra estimada pelo Banco Central. Diante disso, o Brasil segue entre os países com as maiores taxas de juros reais do mundo, ficando atrás somente da Turquia.
De acordo com a CNI, a taxa básica de juros ideal deveria estar em torno de 10,5%, considerando o controle da inflação e o pleno emprego. Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, fatores como a desaceleração econômica, a queda da inflação e a perda de ritmo do mercado de trabalho já seriam motivos suficientes para o início do ciclo de corte de juros nesta última reunião.
- Leia também: Banco Central mantém juros em 15% ao ano e deixa porta aberta para alta da Selic
- Leia também: PIB deve crescer abaixo de 2% em 2026, na projeção da CNI
“A manutenção dos juros nesse patamar tão elevado é excessiva e prejudicial, uma vez que intensifica a perda de ritmo da atividade econômica, encarece muito o crédito, inibe o investimento e penaliza a competitividade da indústria”, afirma Alban, que lembrou ainda que o próprio Copom reconhece que os efeitos dos juros elevados ainda não se materializaram por completo, “havendo espaço para uma mudança gradual na política monetária sem comprometer a convergência da inflação para a meta”.
Como já havia mencionado o presidente da entidade ontem, em coletiva promovida para comentar as projeções para 2026, a CNI defende que o Banco Central utilize outras formas para controlar a inflação, ainda persistente acima da meta de 3%. Além disso, a confederação também pede que o BC inicie já na primeira reunião do Copom em 2026 — marcada para os dias 27 e 28 de janeiro de 2026 — o ciclo de cortes na Selic.
“O Banco Central deve acelerar o ritmo de corte da taxa de juros com a utilização de outros instrumentos de política monetária, como os depósitos compulsórios, que têm menor custo fiscal e exercem papel semelhante ao da Selic ao restringir a disponibilidade de crédito no sistema financeiro”, acrescenta, em nota, a CNI.
