O dólar abriu a última semana do ano em forte alta sobre o real e voltou a se aproximar do nível de R$ 5,60 nos picos da sessão. Além do dia negativo para moedas emergentes, em especial latino-americanas, o real sofreu com a demanda sazonal por moeda norte-americana para remessas de lucros e dividendos ao exterior em ambiente de liquidez reduzida. Embora sem impacto direto na formação da taxa de câmbio, operadores citaram desconforto com o imbróglio jurídico envolvendo a liquidação do Banco Master pelo Banco Central.
Com máxima de R$ 5,585, o dólar à vista encerrou o pregão de ontem com alta de 0,44%, a cotado a R$ 5,569. A moeda norte-americana acumula valorização de 4,39% em dezembro, atribuída à combinação de sazonalidade desfavorável com aumento dos prêmios de risco após o anúncio, no início do mês, da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) ao Palácio do Planalto. "Não vimos notícias, hoje, que pudessem mexer com o câmbio. O aumento das remessas ao exterior em meio à liquidez mais reduzida trouxe volatilidade e acabou puxando o dólar para cima", afirmou o especialista Ian Lopes, da Valor Investimentos.
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Operadores ressaltam que o dólar futuro para janeiro se manteve em boa parte do pregão abaixo do nível do dólar à vista, algo pouco usual e que indica demanda mais forte por moeda no segmento spot para remessas ao exterior. Investidores também já rolam posições no mercado futuro e se preparam para a disputa pela definição da última taxa Ptax de dezembro, que vai ser utilizada para liquidação de contratos derivativos e fechamento de balanços corporativos.
"Vimos em alguns momentos o casado negativo, com o dólar futuro em valor menor do que o spot. É algo muito comum no fim do ano, com saída de recursos para distribuição de lucros e dividendos", disse o chefe da mesa de câmbio e internacional da Mirae Asset Brasil, Jonathan Joo Lee. Para ele, apesar da sazonalidade negativa do fluxo, a depreciação do real está mais ligada ao movimento global de valorização da moeda americana, com investidores reduzindo exposição a ativos mais arriscados na véspera da virada do ano, quando os mercados estarão fechados.
Termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis moedas fortes, o índice DXY operou em leve alta ao longo do dia, acima dos 98 mil pontos, mas rondava a estabilidade no fim da tarde. Já o iene ganhou força após sinais de mais aperto monetário pelo Banco do Japão (BoJ), que no último dia 19 elevou a taxa básica em 25 pontos-base, para 0,75%, o maior nível em 30 anos.
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A valorização do iene pode ter desencadeado ajuste em operações de carry trade com moedas de países de juros altos, o que ajudaria a explicar o desempenho negativo das divisas latinas em dia de ganhos firmes do petróleo e do minério de ferro. Peso chileno e colombiano amargaram as piores perdas, com recuos entre 0,90% e 1% em relação ao dólar.
Após duas sessões em alta, o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (B3), fez uma pausa para ajuste, mas sustentando os 160 mil pontos pelo terceiro fechamento consecutivo. No fim do pregão, registrou queda de 0,25%, para 160.490 pontos, com giro financeiro de R$ 16,3 bilhões. No ano, a B3 acumula ganho de 33,43%, a caminho do melhor desempenho desde 2016 (+38,9%), há nove anos. Em dezembro, sobe 0,89%.
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