Homenagem

Um ano após sua morte, Maradona vive na alma do planeta futebol

O planeta do futebol, sem fronteiras, homenageia nesta quinta-feira o argentino Diego Maradona, o idolatrado artista da bola, no aniversário de um ano de sua morte

Agence France-Presse
postado em 25/11/2021 18:59 / atualizado em 25/11/2021 19:22
 (crédito: Alejandro Pagni/AFP)
(crédito: Alejandro Pagni/AFP)

O planeta do futebol, sem fronteiras, homenageia nesta quinta-feira o argentino Diego Maradona, o idolatrado artista da bola, no aniversário de um ano de sua morte, aos 60 anos, vítimade parada cardiorrespiratória.


Fãs, jogadores, treinadores, clubes e celebridades de todo o mundo lembraram o gênio. Jogador deificado por seu talento e personalidade, ele segue vivo na memória coletiva. Foram feitas homenagens a suas façanhas esportivas, embora sua vida privada ainda desperte discussões.


Nos campos argentinos, os jogadores se alinham para desenhar um número 10, sua icônica camisa. Os fãs cantam alto o lendário grito de amor: "Maradô, Maradô!".


Outra lembrança, íntima e consistente com o luto, é vivida em isolamento por suas filhas e filhos Dalma, Gianinna, Diego Junior, Jana e Diego Fernando, suas irmãs e irmãos.


"O mundo está mais horrível há um ano", escreveu Dalma, a mais velha das filhas de seu casamento com Claudia Villafañe, nas redes.


Em 25 de novembro de 2020, o pior dos pesadelos aconteceu: seu enorme coração e seus pulmões se apagaram. Era a crônica de uma morte anunciada na qual ninguém queria acreditar.


Morreu na solidão e na agonia, "abandonado à própria sorte", segundo relatórios de especialistas. Há sete profissionais de sáude acusados de homicídio por negligência médica. Sua herança é o motivo de outra confusão judicial.


Foi a hora de entrar no Olimpo dos mitos da Argentina com morte trágica: Evita Perón, Che Guevara e Carlos Gardel (onde quer que tenha nascido). Há um ano, multidões quebraram as regras da pandemia e foram às ruas no funeral.


Pelé, que o acompanha no Olimpo do futebol mundial, lembrou dele com gratidão nas redes: “Um ano sem Diego. Amigos para sempre”.

 

- 'Sucessor' Messi homenageia Diego -
Em 2006 ele nomeou o herdeiro; "Eu conheço o jogador que vai me substituir, o nome dele é Lionel Messi."


'La Pulga' o reverenciou. Ao marcar gols, ele mandou beijos para o céu com as duas mãos. Depois de vencer a Copa América-2021 contra o Brasil no Maracanã, ele olhou para o céu novamente e disse: "Ele com certeza nos apoiou de onde quer que esteja".


Os vídeos de Maradona estão na moda nas telas. O chamado 'melhor gol da história das Copas do Mundo', no México-1986, contra a Inglaterra (2-1), é exibido milhares de vezes em meio aos inúmeros dribles.


Outro lance sempre lembrado é o primeiro gol daquela partida, com a mão, que o astro ironicamente chamava de "a mão de Deus". Gols de todas as cores na seleção argentina, no mundial juvenil de Tóquio-1979, no Boca Juniors, Barcelona, Napoli, Sevilla e Newell's Old Boys.


Diz uma canção popularizada por seu amigo Rodrigo: "No pasto ele forjou uma imortal canhota". É o hino de sua origem em uma favela do subúrbio ao sul.


Na humilde casa de sua infância, com um pátio de terra, se amontoam buquês de flores. "Você nos deu o céu", diz uma placa pintada por admiradores.


"Ele foi a voz do povo. Vamos sentir sua falta e amá-lo por toda a vida", disse à AFP José María Fernández (de 45 anos), um torcedor. Ele chegou sozinho e chorou na frente da casa.


Em um muro do cemitério onde fica seu túmulo, em Bella Vista, outro subúrbio, foi pintado um grafite gigante que diz: "Aqui descansa D10S". Os torcedores enfrentam a chuva para homenageá-lo.


"Diego era o deus do futebol", disse Jorge, um dos torcedores, à AFP. 

- Sem limites -
Rodrigo canta: "Por nunca se vender, ele enfrentou o poder". A faceta política de Maradona foi explosiva. Ele liderou uma manifestação massiva contra o ex-presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Chamou vários presidentes da Fifa de "mafiosos".


Era como uma estrela do rock. Em outros mundiais foi caçado por marcadores (Espanha-1982 e Itália-1990) e suspenso por doping (uso de efedrina) na Copa dos Estados Unidos em 1994.


Mas ele lutou durante anos contra o vício em cocaína que o deixou à beira da morte em 2000 no balneário uruguaio de Punta del Este.


A cubana Mavys Alvarez, que teve um relacionamento amoroso com o ex-craque quando ela era menor de idade, denunciou à Justiça argentina que havia sido maltratada e abusada.

 

- Lembranças em Nápoles -
Parecia um filme. Desde fazer uma tabelinha de cabeça com o amigo Pelé, na TV. Ou entrevistar o ex-campeão mundial de boxe Mike Tyson e o ex-líder cubano Fidel Castro.


Em Nápoles foi o auge da paixão e da loucura. O Napoli conquistou pela primeira e única vez dois Scudettos e um título internacional, a Copa da Uefa.


Agora, duas estátuas são erguidas em sua homenagem no famoso estádio Diego Armando Maradona.


Nesta quinta-feira, o presidente do Napoli, Aurelio De Laurentiis, o homenageou nos 'Quartieri Spagnoli', bairros humildes convertidos em uma espécie de mausoléu de Diego. Também estiveram presentes torcedores argentinos do Boca Juniors, que viajaram especialmente para o aniversário, constatou o jornal Il Mattino.


Emoções fortes também foram vividas em seu último clube como técnico, o Gimnasia y Esgrima de La Plata. Sua chegada foi "uma revolução assombrosa", dizem os 'gimnasistas'.


Ninguém o definiu melhor do que seu personal trainer Fernando Signorini: "Diego era um cara com quem eu poderia ter compartilhado toda a minha vida, mas com o Maradona nem um minuto, ele era insuportável por tudo que foi gerado dele, era como estar dentro de uma piscina com um tubarão ".

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação