VÔLEI

O Zé que você não vê: as palestras do técnico da Seleção feminina de vôlei

José Roberto Guimarães troca as mãos pelos pés em palestras e usa até a experiência do ex-jogador de futebol Alex, hoje treinador do time sub-20 do São Paulo, para ensinar sobre temas como a transição do jovem atleta para o alto rendimento

Marcos Paulo Lima
postado em 15/06/2022 00:01 / atualizado em 15/06/2022 17:39
 (crédito: Miriam Jeskae/COB)
(crédito: Miriam Jeskae/COB)

Quem vê caras e bocas do técnico José Roberto Guimarães à beira da quadra nos jogos da Seleção Brasileira feminina de vôlei não vê o coração de professor do tricampeão olímpico nas palestras mundo afora. Há três meses, o Correio acompanhou in loco uma delas no Congresso Olímpico Brasileiro, em março, na Bahia.

Sem um pingo de vaidade, tirou o foco de si e transformou colegas de diversas modalidades no debate sobre o desenvolvimento do jovem atleta até o alto rendimento. O esforço para ensinar levou Zé Roberto a trocar as mãos pelos pés na ministração da aula magna. Ele convenceu o ex-meia Alex, hoje técnico do time sub-20 do São Paulo, a ser um dos personagens da apresentação anos depois de uma amizade construída na Turquia.

"Tenho uma relação muito boa com ele. Na época em que fui técnico do Fenerbahçe a gente ficou muito próximo. Tínhamos uma amizade antiga do tempo em que ele jogava no Palmeiras. Eu tenho um Centro de Treinamento em Barueri. O Palmeiras se concentrou muito tempo lá. O Alex era garoto, com vinte e poucos anos. A gente se conhecia de lá, eu sabia da história dele. Sempre foi um cara referência para mim. Li o livro que ele escreveu e eu pedi para ele falar sobre a transição no futebol, como acontece", conta Zé ao Correio.

Alex foi apenas mais um dos ajudantes universitários na apresentação do treinador. "Peguei outros profissionais também. É uma situação muito delicada a transição da base ao profissional seja no tênis, futebol, basquete, handebol. O depoimento dele foi muito legal. Acredito que serve de lição para todos nós desenvolvermos a saúde mental, física, bem como a parte técnica e tática para que possamos tratar desses pilares da melhor maneira possível, respeitando cada fase e faixa etária do atleta", reforçou.

Transição é uma das palavras-chave da Seleção na Liga das Nações. O Brasil volta à quadra hoje, às 21h, no Ginásio Nilson Nelson, contra a Turquia, com a missão de acelerar o processo de renovação no curto ciclo rumo aos Jogos Olímpicos de Paris-2024.

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Nomes consagrados como Sheilla, Jaqueline, Fernanda Garay, Fabiana, Thaisa, Natália e Dani Lins deram adeus à Seleção. Do elenco medalha de prata em Tóquio-2020, estão em Brasília as levantadoras Macris, de 33 anos, e Roberta, de 32, a central Carol, de 31, e a ponteira Rosamaria, de 28, além da novata Ana Cristina. Aos 18 anos, ela esteve no Japão para ganhar experiência. Um exemplo na prática da preocupação de Zé com a transição.

Como a pressão por títulos no vôlei só é menor do que a do futebol no Brasil, o técnico pediu uma trégua aos torcedores durante o período de preparação em Saquarema (RJ). "Só peço que tenham paciência neste início. Precisamos correr contra o tempo na Liga das Nações. Acredito que com o tempo elas evoluirão e conhecerão esse universo internacional, que será muito importante para elas", disse em entrevista ao diário Lance!

Na primeira semana da Liga das Nações, o Brasil venceu Alemanha, Polônia e República Dominicana. A única derrota foi diante dos Estados Unidos, por 3 x 0. A sequência, em Brasília, terá Turquia, Holanda, Itália e Sérvia. "Quatro jogos difíceis. A Turquia está jogando junta há alguns anos, com certa experiência e conhece muito bem algumas de nossas jogadoras. Estes jogos são para evoluir, ganhar mais experiência, principalmente as jogadoras mais jovens", pondera Zé Roberto.

Eleita para ser a capitã da Seleção, Gabriela Braga Guimarães, a Gabi, é um belo exemplo do processo de maturação. Em 2012, estreou aos 18 anos. Hoje, é uma das líderes do elenco. "Depois de 10 anos, ter a oportunidade de ser a capitã da seleção brasileira e receber a confiança do técnico e das meninas, é um crescimento, um aprendizado e uma responsabilidade. É bom poder trabalhar com um grupo jovem, que quer evoluir, que quer estar aqui, que gosta de representar o Brasil", diz a nova dona da braçadeira.

 


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