COPA DO MUNDO

Copa do Mundo de 1998 teve vitória da França e desfalques no Brasil

A seleção canarinho contou com convocações de jovens talentos e jogadores renomados do tetracampeonato, conquistado em 1994. Mas a convulsão sofrida por Ronaldo Fenômeno abalou a equipe

Aline Gouveia
postado em 14/11/2022 22:19 / atualizado em 15/11/2022 09:50
 (crédito: Cláudio Versiani/CB/D.A Press)
(crédito: Cláudio Versiani/CB/D.A Press)

O ano de 1998 ficou marcado como a primeira vez que a Copa do Mundo passou a contar com 32 seleções. Esse formato permanece até a edição de 2022, pois em 2026 a taça será disputada por 48 países. O campeonato mundial de futebol em 1998 foi sediado na França, que conquistou o título. O Brasil chegou até a final, mas foi derrotado por 3 a 0, com dois gols do meio-campista francês Zinedine Zidane, considerado o melhor jogador do mundo pela Fifa naquele ano.

Seleção francesa foi campeã pela primeira vez em 1998
Seleção francesa foi campeã pela primeira vez em 1998 (foto: Arquivo/AFP)

A seleção brasileira contou com convocações de jovens talentos e jogadores renomados do tetracampeonato, conquistado em 1994. No entanto, o time também ficou desfalcado: Romário, eleito o melhor jogador do mundo em 1994, foi cortado da seleção por causa de uma lesão muscular na panturrilha e Ronaldo Fenômeno sofreu uma convulsão no dia da final.

Treinada por Zagallo e tendo Dunga como capitão, a seleção canarinho derrotou a Dinamarca nas quartas e a Holanda na semifinal. Já a seleção francesa venceu a Itália nos pênaltis e depois virou o jogo contra a Croácia antes de duelar com o Brasil na grande final. O terceiro lugar ficou com a Croácia, e o bronze teve gosto de título pois marcou a melhor campanha da seleção da Península Balcânica em Copas do Mundo.

Convocados da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1998:

  • Taffarel (Goleiro)
  • Cafu (Lateral direito)
  • Aldair (Zagueiro)
  • Júnior Baiano (Zagueiro)
  • César Sampaio (Volante)
  • Roberto Carlos (Lateral esquerdo)
  • Giovanni (Atacante)
  • Dunga (Volante)
  • Ronaldo (Atacante)
  • Rivaldo (Meia)
  • Emerson (Volante)
  • Carlos Germano (Goleiro)
  • Zé Carlos (Lateral Direito)
  • Gonçalves (Zagueiro)
  • André Cruz (Zagueiro)
  • Zé Roberto (Lateral esquerdo)
  • Doriva (Volante)
  • Leonardo (Meia)
  • Denilson (Atacante)
  • Bebeto (Atacante)
  • Edmundo (Atacante)
  • Dida (Goleiro)

O ex-jogador Bebeto, em entrevista ao podcast Denílson Show no início deste ano, comentou sobre o otimismo na final contra a França em 1998. "Eu acreditava muito no nosso time. Era muito bom, tinha muito talento dentro e fora de campo. Se a gente joga dez partidas contra a França, acho que perde uma e ganha nove", disse.

Relação entre futebol e construção da identidade nacional

Leda Costa, pesquisadora do Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (LEME), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), destaca que a seleção brasileira é vista como elemento componente da construção da identidade nacional desde o final da década de 1930, ano que marca a primeira partipação do Brasil na Copa do Mundo. "Desde o final dos anos 30, as Copas do Mundo vão se construindo e se consolidam nos 70, com o tricampeonato, com a seleção vista como uma espécie de espelho das características tipicamente brasileiras", explica.

Entretanto, Leda avalia que essa perspectiva foi sendo alterada no final da década de 1990. "O campo futebolístico vai se modificando intensamente, sobretudo a partir da cada vez mais frequente interferência e participação do mercado. Então, o futebol no final dos anos 90 é um esporte atravessado por questões mercadológicas, é um espetáculo mercadológico e televisivo", pontua.

A pesquisadora cita o protagonismo do atacante Ronaldo Fenômeno em 1998, já mundialmente conhecido e visto como um "garoto propaganda". A seleção brasileira naquele ano chegou a Copa do Mundo como muito promissora, já que havia conquistado o título na campeonato de 1994. "Em 98 há uma boa seleção, tecnicamente muito promissora e que provoca muito entusiasmo, tanto na imprensa quanto na torcida. E foi uma seleção de jogadores que já não atuavam mais no Brasil", lembra a especialista.

A derrota brasileira na final contra a França é um indicativo de como a relação entre futebol e identidade nacional foi sendo modificada, na visão de Leda Costa. "É uma derrota que vai ser recebida com bastante tristeza, um tanto de espanto e acusação direta aos excessos do contexto mercadológico no futebol. O caso do Ronaldo Fenômeno exemplifica isso", comenta.

Após 24 anos da final da Copa de 1998, o ex-jogador Ronaldo apontou o estresse como responsável pela convulsão que sofreu. O ex-camisa 9 teve a vida retratada no documentário Ronaldo, o Fenômeno - a ascensão, a queda e a redenção, que foi produzido pela Zoom Sports e DAZN Studios em parceria com Beyond Films e Fifa. Para Leda, a exposição demasiada do jogador na época, motivada pelo excesso de compromissos comerciais, foi problemática e impactou no desempenho.

Em 2000, houve a tentativa de criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, a pedido do então deputado federal Aldo Rabelo (PC do B), para investigar o contrato entre a Nike e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). No entanto, a Comissão acabou sem relatório final. "1998 foi uma Copa ímpar em termos de reconfiguração de cenário, tanto para o futebol quanto para a relação do Brasil com a seleção brasileira", conclui Leda Costa.

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