COPA DO MUNDO

Iranianos não cantam hino nacional em protesto por direitos das mulheres

Após algumas manifestações nas redes sociais, jogadores do Irã ficaram em silêncio durante execução da canção. Nas arquibancadas, diversos cartazes pediram igualdade no tratamento

Danilo Queiroz
postado em 21/11/2022 11:30 / atualizado em 21/11/2022 15:15
 (crédito: Fadel Senna/AFP)
(crédito: Fadel Senna/AFP)

A Copa do Mundo está intimamente ligada a diversas manifestações por direitos humanos, dos trabalhados, das mulheres e da causa LGBTQIA+. E não envolve apenas situações envolvendo o Catar, restrito país-sede da edição de 2022. A primeira partida desta segunda-feira (21/11), entre Inglaterra e Irã, inclusive, foi palco de manifestações de jogadores no gramado e torcedores na arquibancada. Apesar de diferentes, os gestos têm, basicamente, uma mesma missão.

A cerimônia de abertura foi marcada por uma manifestação iraniana. Antes de a bola rolar, quando as seleções estavam perfiladas para a execução dos hinos nacionais, jogadores do Irã optaram por não cantar a canção. A ação foi considerada um protesto a favor dos direitos de mulheres. No país, elas são proibidas de frequentar estádios de futebol. A transmissão também flagrou uma imagem impactante. Uma torcedora foi flagrada chorando e aplaudindo a atitude dos atletas.

Nas arquibancadas, diversos cartazes com as cores do Irã estavam com mensagens pedindo liberdade às mulheres do país. O Irã atravessa uma grande onda de protestos pela morte de Mahsa Amini. A jovem de 22 anos foi detida pela polícia iraniana sob a acusação de violar as regras do país sobre o uso de hijab, tradicional lenço islâmico utilizado para cobrir a cabeça. Nas últimas semanas, jogadores do país se posicionaram de forma favorável às reivindicações.

 Iran supporters wave their national flag bearing the word "Woman, Life, Freedom" as they cheer during the Qatar 2022 World Cup Group B football match between England and Iran at the Khalifa International Stadium in Doha on November 21, 2022. (Photo by FADEL SENNA / AFP)
Iran supporters wave their national flag bearing the word "Woman, Life, Freedom" as they cheer during the Qatar 2022 World Cup Group B football match between England and Iran at the Khalifa International Stadium in Doha on November 21, 2022. (Photo by FADEL SENNA / AFP) (foto: Fadel Senna/AFP)

Antes de a Copa do Mundo começar, a Fifa se mostrou atenta para possíveis protestos das seleções nos gramados. Em carta enviada aos 32 participantes da competição, a entidade máxima do futebol aconselhou os países a se manterem neutros sobre questões políticas. No entanto, o meio-campista Ali Karimi e os atacantes Sardar Azmoun e Mehdi Taremi foram na contramão da recomendação. Nas redes sociais, eles postaram mensagens incentivando as manifestações.

Inglaterra e a braçadeira

O protesto da Inglaterra foi relacionado à causa LGBTQIA+ e uma proibição recente da Fifa. Durante o Mundial, diversas seleções, incluindo a inglesa, planejavam utilizar uma braçadeira de capitão com as cores do arco-íris. A entidade, porém, divulgou um comunicado proibindo o uso da chamada braçadeira "One Love". O anúncio foi feito nesta segunda-feira (21/11) e sete países desistiram de apoiar a ação para não serem punidas esportiva e financeiramente.

A Associação de Futebol Inglesa (FA, na sigla em inglês) acatou a ordem. Entretanto, os jogadores encontraram outra forma de protestar. Antes de a bola rolar para a estreia contra o Irã, os 11 jogadores da Inglaterra se ajoelharam no gramado do Estádio Internacional Khalifa, em Doha. As equipes de País Gales, Bélgica, Dinamarca, Alemanha, Holanda e Suíça também anunciaram que vão seguir a recomendação de Fifa de banir a braçadeira com viés político.

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