A cada ano, o futebol nacional amplia os laços com a globalização e 2024 começa com grande potencial de registrar números recordes na presença de jogadores estrangeiros no país. Turbinados com poder de investimento, os clubes de elite do país se adaptaram à rotina de ampliar o radar para além das fronteiras tupiniquins e aproveitam as vantagens econômicas, principalmente na América do Sul, para rechearem os elencos com gringos. Na largada da nova temporada e com o foco voltado aos estaduais, as 20 equipes integrantes da próxima edição da Série A do Campeonato Brasileiro atingiram uma marca centenária no número de atletas importados.
Com as contratações finalizadas ou encaminhadas até ontem, 109 atletas de outras nacionalidades estão vinculados aos principais clubes do país. O número não considera naturalizados, caso, por exemplo, de Cicinho, do Bahia, com passaporte búlgaro. A marca de três dígitos chama a atenção quando comparada a outras temporadas. Em 2020, segundo dados do Transfermarkt, 80 estrangeiros foram relacionados na Série A. No ano seguinte, o número caiu para 75. Em 2022, registrou aumento para 104. Na temporada passada, veio o recorde: 127 atletas com nacionalidade distintas estiveram ao menos no banco de reservas do principal torneio no país.
Todos esses recortes têm as somas da temporada completa. Ou seja, ganharam um upgrade pelas contratações feitas na janela de meio de ano. Assim, os dados de 2024 disparam com oportunidade estratégica de finalizar o Brasileirão como o ano de maior presença estrangeira no futebol do país. As movimentações da janela de abertura dos Campeonatos Estaduais ampliam a tendência. Das mais de 120 contratações finalizadas até o fechamento desta edição, cerca de 30% correspondem a compras de jogadores nascidos fora do Brasil. E os países sul-americanos são os principais alvos.
Financeiramente mais forte em relação aos vizinhos, o Brasil virou destino de jogadores do continente. Assim como nos últimos anos, a Argentina é o maior exportador para o país. Dos 109 sob contrato até o momento, 37 têm o sotaque característico dos hermanos na fala, um a menos em relação ao fim de 2023. Uruguai (21), Paraguai (12), Colômbia (11) e Equador (9) fecham o top-5 no quesito. O angolano Bastos, do Botafogo, os portugueses Rafael Ramos e João Moreira, de Corinthians e São Paulo, o espanhol Hugo Mallo, do Internacional, e o francês Dimitri Payet, do Vasco, são as únicas peças de fora da América do Sul.
Downgrade
Comparado ao fim de 2023, a temporada atual registra uma queda explicada, em grande parte, pelo rebaixamento. Ao caírem, Santos, Coritiba, América-MG e Goiás levaram consigo 26 estrangeiros relacionados em algum momento. Alguns, como Soteldo, agora no Grêmio, ficaram na elite. Mas a maioria, caso de Mastriani, vão jogar a Série B ou saíram do país. Promovidos, Vitória, Atlético-GO e Criciúma, contando as contratações de 2024, fizeram a reposição de 10 peças. Outro recém-chegado, o Juventude é a única exceção à regra na elite nacional: até o momento, o Jaconero não tem nenhum gringo e conta com o único plantel 100% nacional entre os 20 clubes da próxima Série A do Brasileirão. Na largada do ano passado, o posto pertenceu ao Cruzeiro. Agora, a Raposa tem três gringos no elenco.
Acima da margem
Com o aumento crescente do número de estrangeiros no país, a regra relacionada ao limite de jogadores gringos por clube nas relações das partidas do Campeonato Brasileiro ganhou flexibilização recentemente. Durante muito tempo, as equipes podiam ter cinco atletas de foram do país em campo. No ano passado, devido à grande atuação tupiniquim no mercado continental, houve a ampliação para sete. A mudança foi aprovada de forma unânime durante o Conselho Técnico da Série A, realizado na anualmente na Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
No entanto, a marca começa a ficar apertada. Dos 20 clubes da próxima primeira divisão, quatro ultrapassam a marca máxima. Hoje, São Paulo e Internacional, com nove, e Botafogo e Vasco, com oito, precisariam realizar cortes entre os gringos para não descumprir o regulamento. Flamengo, Atlético-MG, Corinthians, Fortaleza e Grêmio atuariam no limite. Uma nova mudança na margem poderia ser colocada em pauta apenas no próximo mês, quando os clubes voltam a se reunir com a CBF para definirem os detalhes do regulamento do Brasileirão.
Neste fim de semana, boa parte dos gringos do futebol brasileiro vão estar em ação nas disputas dos Campeonatos Estaduais. O Carioca e o Paulista, assim como o Brasileirão, passaram a permitir sete estrangeiros por jogo neste ano. Na Libertadores, com a fase prévia marcada para fevereiro, não há limite. De toda forma, a presença massiva de sotaques internacionais nos gramados tupiniquins é uma realidade. E a ação dos clubes no mercado da bola indicam uma possibilidade real de recordes serem batidos no quesito até dezembro de 2024.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br