Futebol Internacional

Guilherme Zimovski: conheça o brasiliense cobiçado pela seleção da Polônia

Entenda por que o jogador de 19 anos nascido no DF pode fazer do contrato com o Radomiak Radom, da elite do futebol polonês, um trampolim para o sonho de vestir a camisa do país do Leste Europeu

Guilherme Zimovski (D) treinava na base do Corinthians até o ano passado e encantou os poloneses devido ao sobrenome, o passaporte, os dribles e golaços na Copinha -  (crédito: Arquivo Pessoal/Guilherme Zimovski)
Guilherme Zimovski (D) treinava na base do Corinthians até o ano passado e encantou os poloneses devido ao sobrenome, o passaporte, os dribles e golaços na Copinha - (crédito: Arquivo Pessoal/Guilherme Zimovski)
postado em 30/01/2024 00:01 / atualizado em 30/01/2024 20:05

O cirurgião dentista Enéas Zimovski chegava em casa depois de atender um paciente, quando recebeu notificação no aplicativo enquanto conversava com o Correio Braziliense, ontem, por volta de 12h50. Era um vídeo do filho Guilherme comunicando ao pai o fim da viagem de 20h de São Paulo à Polônia. Aos 19 anos, o atacante nascido no Distrito Federal havia desembarcado no país do Leste Europeu disposto a investir no sonho do jovem brasiliense de atuar no Velho Mundo. Mais do que isso: o sobrenome do bisavô e o passaporte polonês escancararam as portas para o ex-atleta da base do Capivariano e do Corinthians, recém-contratado pelo Radomiak Radom, 10º colocado na Ekstraklasa (Liga da Polônia), vestir a camisa da seleção do ex-melhor do mundo Robert Lewandoski. A esquadra sub-21 conta com ele.      

O desejo é recíproco. Guilherme Zimovski chamou a atenção de um colega jornalista polonês. O sobrenome e as exibições da promessa na Copa São Paulo Júnior, com gols e dribles vestindo as camisas do XV de Piracicaba e do Capivariano. aguçaram a curiosidade de Tomasz Cwiakala.

O repórter queria escrever um perfil sobre o jogador levado para o Corinthians, onde trabalhou até outubro do ano passado sob o comando do técnico Danilo de Andrade. Elogiado por figurões como Renato Augusto e Fábio Santos num jogo-treino, o atacante teve raras chances com Danilo no ano de contrato e voltou ao Capivariano para a Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano. No meio do caminho, surgiu o interesse do Radomiak Radom, clube fundado em 1910.      

"O avô do meu avô emigrou para o Brasil por causa da guerra. Até recentemente, acreditávamos que éramos de origem ucraniana. Há cerca de seis anos, descobrimos documentos na casa do meu avô que mostravam que o avô dele era, na verdade, polonês e tinha partido por causa da guerra. Graças a isso, obtivemos dupla cidadania. Hoje, o meu avô (paterno) é um fanático pela Polônia. Ele está muito interessado nela. Ele tem 80 anos. Está aprendendo palavras novas para poder me ensinar", conta Guilherme na entrevista ao jornalista polonês.

  •  Guilherme Zimovski, jogador nascido em Brasília que se mudou para jogar no futebol polonês
    Guilherme Zimovski, jogador nascido em Brasília que se mudou para jogar no futebol polonês Arquivo Pessoal
  • Nascido em 2004 no DF, Guilherme Zimovski começou o futsal da ABBB e passou pela Escolinha ASH 2 Toques, em Brasília, antes de passar pelas bases do Goiás, Vila Nova, São Paulo, XV de Piracicaba, Capivariano e Corinthians antes de seguir para a Polônia.
    Nascido em 2004 no DF, Guilherme Zimovski começou o futsal da ABBB e passou pela Escolinha ASH 2 Toques, em Brasília, antes de passar pelas bases do Goiás, Vila Nova, São Paulo, XV de Piracicaba, Capivariano e Corinthians antes de seguir para a Polônia. Arquivo Pessoal
  •  Guilherme Zimovski, jogador nascido em Brasília que se mudou para jogar no futebol polonês
    Guilherme Zimovski, jogador nascido em Brasília que se mudou para jogar no futebol polonês Arquivo Pessoal

Questionado se toparia um chamado para defender a Polônia, Guilherme Zimovski respondeu: "Aceitaria sem quaisquer dúvidas. Eu ficaria muito feliz se fosse convocado, admitiu. Eu tenho um passaporte, eu posso", frisou.

A joia brasiliense aproveitou a entrevista para se apresentar duas vezes aos poloneses. Primeiro, definiu o estilo de jogo. "Sou um ponta que pode jogar pela direita ou pela esquerda. Também posso jogar no meio ou como falso nove. Comparo meu perfil com o do Vinícius Júnior, do Real Madrid, ou do Antony, do Manchester United", afirmou. Zimovski usou até as redes sociais para interagir com torcedores da seleção de lendas como Lato, Boniek, Deyna e Lewandowski, terceira colocada nas Copas de 1974 e 1982. "Olá, poloneses. Gostaria de agradecer sua simpatia. Sou descendente de poloneses. Talvez, um dia, eu jogue pela seleção polonesa, é uma boa ideia, certo?", escreveu no aplicativo X, ex-Twitter.

Guilherme Zimovski pode repetir a escolha de um brasileiro. Com passagem por Corinthians e Flamengo, o ex-lateral Roger Guerrero defendeu a Polônia de 2008 a 2011. Fez quatro gols em 25 partidas. Um deles no empate por 1 x 1 com a Áustria na fase de grupos da Euro-2008.

Família

Enquanto Guilherme Zimovski era recebido com tapete vermelho pela diretoria do Radomiak Radom, a família do atacante controlava a saudade pelo smartphone. "Essa é a parte dura da situação. A gente sabia que uma hora isso aconteceria para a Polônia ou outro país por causa do passaporte europeu. Quando acontece, a gente fica com o coração apertado. No domingo, depois que ele embarcou, eu e a minha esposa (Adriana) conversamos e choramos por vídeo. Não teve como conter, porém foram lágrimas de felicidade, gratidão a Deus", disse o pai, Enéas, em entrevista ao Correio Braziliense.

"É um propósito", acrescenta. "Deus tinha um plano para ele. Foi uma porta aberta. Estamos felizes. Ao mesmo tempo, com sentimento de perda devido à distância. O futebol reserva essas coisas. A vida muda rapidamente de uma hora para oura", conforma-se o pai-coruja.

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