Futebol

Lei dos nove estrangeiros aproxima Brasileirão de recorde do Italiano

Em 2016, duelo entre Internazionale e Udinese pelo Campeonato Italiano começou com 22 jogadores estrangeiros. Nova regra da Série A dá margem a jogo do Brasileirão com até 18 importados em campo

Varela, De La Cruz, Arrascaeta e Viña: os uruguaios eram quatro dos seis estrangeiros do Flamengo na escalação inicial contra o Madureira na conquista da Taça Guanabara -  (crédito: Paula Reis/CRF)
Varela, De La Cruz, Arrascaeta e Viña: os uruguaios eram quatro dos seis estrangeiros do Flamengo na escalação inicial contra o Madureira na conquista da Taça Guanabara - (crédito: Paula Reis/CRF)

Vinte e três de abril de 2016. Trigésima quinta rodada do Campeonato Italiano. O duelo entre Internazionale e Udinese representa um marco. Pela primeira vez, uma partida da Serie A, como é chamada a liga nacional de futebol, é disputada sem jogadores nascidos no País da Bota. Os 22 escalados na vitória do time nerazzurri por 3 x 1 eram estrangeiros. Uma decisão tomada ontem no Conselho Técnico do Campeonato Brasileiro encaminha a possibilidade de a elite nacional repetir em breve o ineditismo da nação europeia.

Os 20 clubes da primeira divisão decidiram aumentar de sete para nove o limite de jogadores estrangeiros em campo ao mesmo tempo a partir de 13 de abril na largada da corrida pelo título. O número havia sido adaptado para sete, em 2023, em um movimento liderado pelo São Paulo. Antes, a regra havia mudado no início da temporada de 2014. Em dezembro de 2013, a entidade máxima do futebol nacional autorizou a ampliação de três para cinco importados por partida. A reivindicação havia partido dos times do Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Vitória à época. O então presidente José Maria Marin aprovou a solicitação.

A decisão impacta o artigo 54 do Regulamento Geral das Competições da CBF. O texto atual diz: "Os clubes poderão relacionar nas súmulas de cada partida até 7 (sete) atletas estrangeiros, excepcionados os registrados como refugiados que, para efeitos das competições coordenadas pela CBF, equiparam-se aos atletas nacionais, sem nenhuma restrição de direitos". A nova versão sairá com nove.

O fato é que os elencos estão cada vez mais internacionalizados. No último fim de semana, o Flamengo conquistou a Taça Guanabara com seis jogadores estrangeiros e cinco brasileiros na formação inicial definida pelo técnico Tite. Havia quatro uruguaios (Varela, Viña, Arrascaeta e De la Cruz), um argentino (Rossi) e um chileno (Pulgar). Dos 20 clubes da Série A, um extrapola a nova regra votada ontem em um uma conferência virtual. O Athletico-PR, que ontem empossou Cuca como novo técnico, emprega 10 atletas nascidos fora do país. Portanto, um deles ficará fora a cada partida.

"Os clubes poderão contratar mais do que nove jogadores estrangeiros, mas o limite diz respeito à quantidade de relacionados por partida", esclarece a agente Fifa Stephanie Figer.

O aumento da quantidade de jogadores estrangeiros nos torneios da CBF é uma tendência mundial. Recentemente, o Real Madrid quebrou tabu. O técnico italiano Carlo Ancelotti escalou à época 11 jogadores estrangeiros. Simplesmenta não havia espanhol na formação inicial. Thibaut Courtois (Bélgica): Éder Militão (Brasil), Antonio Rüdiger (Alemanha), David Alaba (Áustria) e Ferland Mendy (França); Aurélien Tchouaméni (França), Toni Kroos (Alemanha) e Luka Modric (Croácia): Vinicius Junior. (Brasil), Federico Valverde (Uruguai) e Karim Benzema (França).

Prêmio Roberto Dinamite

O arbitral virtual de ontem teve a participação inédita dos 20 capitães dos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro. Assim como os dirigentes, todos participaram por videoconferência. Temas polêmicos como a venda do mando campo para jogos fora do estado do clube e a autorização para o uso de gramado sintético estão mantidos. Há outras novidades definidas pelos cartolas, como uma ditinção para para o goleador.

O artilheiro do Campeonato Brasileiro receberá o Troféu Roberto Dinamite, em homenagem ao maior goleador da história do torneio nacional. Além do troféu, o vencedor ganhará uma quantia financeira. Ídolo do Vasco, o atacante, que morreu em 8 de janeiro de 2023, aos 68 anos, marcou 190 gols no Brasileirão, número máximo alcançado por um atleta na competição. Dinamite conquistou o Campeonato Brasileiro na edição de 1974.

Outra novidade em 2024 envolve o VAR. No Brasileirão deste ano, o juiz de campo explicará as decisões tomadas junto à arbitragem de vídeo por meio do microfone para que os torcedores entendam o que está ocorrendo no gramado. Essa alteração já havia sido testada recentemente. Na final da Supercopa do Brasil Feminina, vencida pelo Corinthians por 1 x 0 sobre o Cruzeiro, na Neo Química Arena, a árbitra Deborah Cecília Cruz Correia testou a novidade e, inclusive, anunciou uma anulação de gol celeste por meio do microfone.

"A reunião foi muito proveitosa. A CBF está sempre aberta ao diálogo, sempre a favor do debate. Foi tudo muito importante e salutar, podem ter certeza de que vamos continuar trabalhando para fazer o futebol brasileiro cada vez mais forte", afirmou o presidente da entidade máxima do futebol brasileiro, Ednaldo Rodrigues, em entrevista ao site da CBF.

"Importante o aumento de estrangeiros, nós trabalhamos fortemente nisso. E a questão do gramado sintético, ficou definido que o Conselho Nacional de Clubes fará estudos para definir melhor a padronização dos gramados", declarou Alessandro Barcellos, presidente do Internacional, em entrevista ao portal ge.com. Ficou estabelecido, por exemplo, uma autorização para que times usuários de gramas naturais possam realizar um treino no artificial, sempre na véspera das partidas, em estádios como Arena da Baixada, Nilton Santos e Allianz Parque.

 


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postado em 06/03/2024 00:01 / atualizado em 06/03/2024 15:54
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