FUTEBOL

Venda do Milan é alvo das autoridades financeiras italianas

investigação sobre as condições de venda do Milan em 2022 é um novo caso que se junta a uma longa lista de clubes italianos monitorados pelas autoridades

 AC Milan's French forward Olivier Giroud gestures during the Italian Serie A football match between AC Milan and AS Roma, at the San Siro stadium in Milan, on January 8, 2023. (Photo by Filippo MONTEFORTE / AFP)
       -  (crédito: Filippo Monteforte/AFP)
AC Milan's French forward Olivier Giroud gestures during the Italian Serie A football match between AC Milan and AS Roma, at the San Siro stadium in Milan, on January 8, 2023. (Photo by Filippo MONTEFORTE / AFP) - (crédito: Filippo Monteforte/AFP)

A investigação sobre as condições de venda do Milan em 2022, iniciada na terça-feira, é um novo caso que se junta a uma longa lista de clubes italianos monitorados pelas autoridades devido a operações financeiras suspeitas.

As batidas policiais nas instalações dos clubes italianos se tornaram comuns nas últimas temporadas. Ainda ressoa o eco do grande escândalo que envolveu a Juventus, relativa aos bônus e benefícios polêmicos ligados às transferências de jogadores no futebol profissional.

A busca realizada na terça-feira na sede do Milan, perto do emblemático estádio San Siro, aponta para o atual diretor-geral, Giorgo Furlani, e seu antecessor, Ivan Gazidis.

O Milan, como clube, não está no radar dos procuradores da capital econômica italiana. Eles analisam a venda do clube, sete vezes campeão da Liga dos Campeões, pelo fundo de investimento americano Elliott Management a outro fundo do mesmo país, o RedBird, por 1,2 bilhão de euros (cerca de R$ 6,5 bilhões na cotação atual) em 2022.

Os magistrados não enviaram a Polícia Financeira em busca de documentos só na sede do clube, mas também nas casas de Gazidis e Furlani. 

Os dois homens são suspeitos de terem ajudado a esconder do órgão de controle da Federação Italiana de Futebol, o COVISOC, que Elliott mantinha o controle do Milan, apesar de sua venda para a RedBird.

A Elliott adquiriu o Milan em 2018, quando o empresário chinês Li Yonghong não conseguiu pagar um empréstimo contraído na compra do clube em 2017 à financeira Fininvest, de Silvio Berlusconi.

"As acusações são falsas", reagiu Elliott na terça-feira. "O AC Milan foi vendido para a RedBird em 31 de agosto de 2022. A partir dessa data, os fundos Elliott não têm participação ou controle sobre o AC Milan".

No momento da venda, uma fonte disse à AFP que a RedBird havia adquirido 99,9% das ações do clube e que a Elliott não possuía mais nenhum capital nem no Milan nem nos fundos da RedBird.

Em um comunicado divulgado nesta quarta-feira à AFP, a RedBird explica que a parte do capital que não controla, ou seja, 0,07%, pertence "a acionistas individuais italianos que são torcedores do clube há muito tempo".

"A ideia de que a RedBird não tem o controle do AC Milan é completamente falsa", afirma o fundo. 

Para financiar a venda para a RedBird, a Elliott concordou em um "financiamento do vendedor" com sua contraparte norte-americana, uma prática comum em transações de ações que permite ao vendedor entrar em um acordo com o comprador em creditar uma parte do preço de compra, neste caso por um valor de 550 milhões de euros (cerca de R$ 3 bilhões) com uma taxa de juros de 7%.

- Chantagem e extorsão -

Este empréstimo, que deve ser reembolsado em agosto de 2025, estabelece que Elliott terá dois representantes no conselho de administração do Milan.

Atualmente, a Elliott tem apenas um, seu sócio-gerente Gordon Singer, filho do fundador e presidente do fundo, Paul Singer, mas dois de seus ex-funcionários atualmente fazem parte do conselho de administração.

Furlani entrou para o conselho de administração do Milan em 2018, quando ainda era gestor de portfólio na Elliott, enquanto o diretor financeiro do clube, Stefano Cocirio, chegou vindo do mesmo fundo em fevereiro de 2023.

Nenhum dos promotores de Milão encarregados da investigação foi encontrado pela AFP para comentar o assunto.

Uma fonte disse à AFP que a investigação foi provavelmente aberta após um processo iniciado pela ex-acionista minoritária Blue Skye, que protestou contra a venda e perdeu uma série de ações cíveis nos Estados Unidos, Luxemburgo e Itália.

Em setembro, Elliott iniciou ações legais contra a Blue Skye que esta fonte chamou de "violações criminais graves".

Essas violações incluiriam chantagem, extorsão e declarações fraudulentas, sendo a Blue Skye suspeita de ter apresentado dados falsificados para tentar ganhar os casos.

O Milan, atualmente em segundo lugar na Serie A, venceu o campeonato em 2022 antes de ser comprado pela RedBird, que também é dona do Toulouse, da Ligue 1 francesa.

A investigação e as buscas acontecem em um momento delicado, em meio à insatisfação dos torcedores 'rossoneri' com o desempenho do time, e às críticas ao técnico Stefano Pioli, que levou o time à conquista do 'Scudetto' em 2022.

No nível continental, o Milan tem boas chances de se classificar para as quartas de final da Liga Europa nesta quinta-feira, após ter derrotado o Slavia Praga por 4 a 2 no San Siro, no jogo de ida.

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postado em 14/03/2024 12:23 / atualizado em 14/03/2024 12:23
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