
Trezentos e noventa e dois dias depois de encerrar os Jogos Paralímpicos de Paris-2024 com 89 medalhas e o inédito quinto lugar no quadro geral, o Brasil celebra nova façanha: fechar o Mundial de Atletismo, em Nova Déli, Índia, como principal potência, com 44 pódios — 15 ouros, 20 pratas e nove bronzes.
O Brasil subiu ao pódio em todos os nove dias do megaevento e liderou o quadro geral desde a largada. Ontem, três ouros, uma prata e dois bronzes fecharam a conta. O desempenho interrompeu o domínio da China no Mundial. Embora tenham obtido 52 medalhas, os chineses levaram a desvantagem no número de douradas — 13 x 15.
A ousadia do Brasil levou a China a perder o “título” do Mundial pela segunda vez. Ou seja, um feito raro e para poucos. A primeira vez foi em Lyon-2013. Naquela edição, a Rússia foi absoluta, e os chineses encerram em sexto. A campanha brasileira na Índia chama a atenção para a evolução do país no quadro geral dos últimos mundiais (veja os resultados no quadro ao lado). Em 2006, por exemplo, a bandeira verde-amarela encerrou na 19ª posição. Nas três versões mais recentes, batemos na trave com a segunda colocação em 2024, 2023 e 2019.
“O número de medalhas não surpreende, por conta do trabalho que o CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) vem desenvolvendo, desde a iniciação até o alto rendimento, com os festivais paralímpicos em 120 cidades, atendendo mais de 40 mil crianças nas edições desse ano. Os meetings, que aconteceram por todo o Brasil, nas 27 unidades federativas, descobertas de novos atletas, os centros paralímpicos, que são hoje 86. O Brasil sai do eixo do sudeste e espalha o programa por todo o país. Isso vai continuar porque o pensamento não é só para 2028, mas para 2032 também”, destacou o vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Yohansson Nascimento.
As medalhas do Brasil têm contribuição de estados das cinco regiões do país, além do Distrito Federal. O Quadradinho entrou no mapa da mina verde-amarela com a prata e o bronze da maranhense radicada na capital, Rayane Soares, nos 100m e 200m da classe T13 (deficiência visual).
A edição de Nova Déli foi ainda mais especial para a acreana Jerusa Geber. Aos 43 anos, faturou o tetracampeonato nos 100m T11 (deficiência visual) e subiu ao topo do pódio dos 200m, totalizando 13 medalhas no evento. Ela superou Terezinha Guilhermina e se tornou a atleta mais premiada do Brasil no Mundial de Atletismo.
“Estou muito feliz. Dois objetivos concluídos com sucesso: o tetra nos 100m e sair daqui como a atleta com maior número de medalhas em mundiais. Cheguei e estou saindo sem dor, sem lesão. É claro que eu quero [ir para Los Angeles-2028]. Eu quero o penta, o hexa [nos mundiais], quero tudo. Até onde aguentar, eu quero ir”, discursou Jerusa, após a vitória.
O Brasil nos últimos Mundiais
Nova Déli 2025 – 1º lugar (15 ouros, 20 pratas e 9 bronzes)
Kobe 2024 – 2º lugar (19 ouros, 12 pratas e 11 bronzes)
Paris 2023 – 2º lugar (14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes)
Dubai 2019 – 2º lugar (14 ouros, 9 pratas e 16 bronzes)
Londres 2017 – 9º lugar (8 ouros, 7 pratas e 6 bronzes)
Doha 2015 – 7º lugar (8 ouros, 14 pratas e 13 bronzes)
Lyon 2013 – 3º lugar (16 ouros, 10 pratas e 14 bronzes)
Christchurch 2011 – 3º lugar (12 ouros, 10 pratas e 8 bronzes)
Assen 2006 – 19º lugar (4 ouros, 11 pratas e 10 bronzes)
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