AUTOMOBILISMO

GP do Brasil marca estreia de Gabriel Bortoleto em casa

Fim de semana no Autódromo de Interlagos terá o reencontro da torcida brasileira com um piloto do país e mais um capítulo na briga entre Norris, Piastri e Verstappen pelo título

São Paulo — Se o Brasil é dos brasileiros, o Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 de 2025 não poderia ficar sem uma figura nacional para a torcida verde-amarela abraçar e chamar de seu. Pela primeira vez na carreira, o jovem Gabriel Bortoleto, piloto da Sauber, poderá correr em casa no fim de semana que marca a 21ª etapa da temporada da elite do automobilismo e encerra o jejum de oito anos sem um representante do país na pista do Autódromo de Interlagos. Na reta final do campeonato, a disputa também esquenta entre os concorrentes pelo título mundial e aumenta a moral de uma corrida queridinha dos fãs da categoria.

Aos 21 anos, Bortoleto é o Brasil na Fórmula 1 e coleciona bons resultados na temporada de estreia. A primeira vez pontuando foi em junho, em oitavo no GP da Áustria, e o melhor resultado foi o sexto lugar na prova da Hungria. Ele ainda somou pontos na Bélgica (9º lugar), Itália (8º) e México (10º), suficiente para estar em 19º no mundial, com 19 pontos. No entanto, em um ano marcado pelos aprendizados e pela evolução, um marco importante será correr em Interlagos, onde só pilotou uma vez, em fevereiro de 2022, como convidado de Gaetano Di Mauro na Corrida de Duplas da Stock Car.

"A gente leva isso como um trabalho, mas também tem que se divertir. Eu lutei minha vida inteira para estar aqui, tenho que aproveitar este momento. Correr em Interlagos é um sonho para qualquer piloto brasileiro, correr de Fórmula 1 aqui é um sonho ainda maior. Estou tendo essa oportunidade e quero aproveitar ao máximo", compartilhou Gabriel.

Apesar da realização do sonho de infância, o calouro da Sauber tem a consciência de que não deve conseguir brigar pela vitória em casa, feito que apenas Emerson Fittipaldi (1973 e 1974), José Carlos Pace (1975), Nelson Piquet (1983 e 1986), Ayrton Senna (1991 e 1993) e Felipe Massa (2006 e 2008) ostentam. Ainda assim, a expectativa de terminar na zona de pontuação é um cenário mais real para o piloto de 21 anos.

"É uma pista que não conheço muito, mas estou animado para pilotar na frente da torcida brasileira. (Terminar nos pontos) seria ótimo, para mim, para o time, para os fãs do Brasil, tomara que possamos conquistar, acho que podemos brigar. É um fim de semana de sprint, não será fácil, mas vamos fazer nosso trabalho e colocar o carro em uma boa janela logo de cara", torce.

Ed Alves CB/DA Press - Gabriel Bortoleto ficou rodeado por jornalistas durante a sexta-feira no paddock

Independentemente da dedicação na pista ao longo do Grande Prêmio, Bortoleto reconhece o compromisso extra de ser a figura do Brasil na categoria, especialmente desde a saída de Felipe Massa, em 2017, iniciando o jejum verde-amarelo na Fórmula 1, quebrado apenas na atual temporada. Agora, é do paulista a missão de seguir o legado do país.

"Fico muito feliz por de alguma maneira conseguir inspirar crianças que estão começando no esporte, porque um dia fui esse menino. Tem uma foto legal minha e do Felipe (Massa) quando ele estava na Ferrari e eu tinha 10 ou 9 anos. Quando passo nos kartódromos, vejo que as crianças olham de uma maneira diferente, por isso eu tomo tanto cuidado no que eu falo, no que faço e na pessoa que tento ser. Sempre serei eu mesmo, mas no final das contas, a gente influencia um pouco em como esses novos pilotos brasileiros serão no futuro, levo isso como uma responsabilidade", contou, ao Correio.

Foco no título

Os holofotes, no entanto, não apontam para Gabriel e, sim, para a disputa do título mundial de pilotos. O campeonato desembarca no Brasil com um novo líder, após a vitória dominante de Lando Norris no GP do México, que o fez ultrapassar Oscar Piastri por um ponto na disputa dominada pelas duas McLarens desde o começo da temporada de 2025.

Na dianteira com 357 pontos, contra 356 do companheiro de equipe, o britânico está se aproveitando da sequência ruim do australiano para acabar com a desvantagem que chegou a ser de 34 pontos. Piloto que mais venceu corridas na temporada, Piastri subiu no topo do pódio pela última vez no GP da Holanda, em agosto, e, desde então, acumulou um terceiro lugar, uma quarta colocação e ficou em quinto por duas ocasiões, além de um abandono no Azerbaijão, após um raro erro na primeira volta.

"Não acho que o verdadeiro Oscar tenha desaparecido, acho que foram apenas algumas semanas difíceis e lições para aprender pelo caminho. Nesse período, eu estive contente comigo mesmo de que tentei executar o melhor que pude fazer, que a principal questão era melhorar minha performance", avaliou Piastri.

"Em termos do campeonato, não muda muito, a cada semana vou tentar tirar o máximo de mim e do carro, independente de estar liderando o mundial ou não. As pessoas podem pensar o que quiserem, mas para mim eu sei que ainda tenho o que é preciso para ser campeão", reforçou o australiano.

Atrás da dupla da McLaren, Max Verstappen segue na espreita na briga pelo pentacampeonato. O piloto da Red Bull soma 321 pontos, 36 a menos que o líder Norris, mas está em crescente desde a pausa das férias de verão e se consolidou como uma ameaça real aos postulantes. "Nós precisamos ser mais rápidos que eles (McLaren) até o final da temporada. Tivemos boas etapas, mas agora com quatro corridas restando ainda há uma distância grande e eu preciso tirar muitos pontos, o que não é fácil", analisou o tetracampeão.

Além disso, o holandês vem ficando cada vez mais confortável no Brasil, tanto é que passou a última semana em Brasília acompanhado do sogro Nelson Piquet e tem as memórias de uma corrida histórica em Interlagos no ano passado, quando largou em 17º e conseguiu vencer para encaminhar o título mundial. A boa notícia também é a possibilidade de chuva no fim de semana, cenário no qual Verstappen é especialista. "Darei tudo de mim. Não sei se será o suficiente no final do ano, mas no pior dos casos eu termino em terceiro e no melhor sou campeão", acrescentou.

George Russell segue com chances matemáticas pelo título de pilotos, mas, com 258 pontos, precisaria de uma extensa e improvável combinação de resultados para sonhar. No campeonato de construtores, o troféu já está nas mãos da McLaren, soberana com 713 pontos, porém a briga pelas outras colocações segue apertada. Na parte de cima, a Ferrari (356 pontos) briga com Mercedes (355) e Red Bull (346), enquanto no pelotão inferior cada ponto é precioso para Williams (111), Racing Bulls (72), Aston Martin (69), Haas (62), Sauber (60) e Alpine (20).

O fim de semana em São Paulo funciona no formato de sprint, ou seja, terá uma prova curta valendo oito pontos e a corrida normal, com 25 pontos em jogo para o vencedor. A primeira atividade em pista será nesta sexta-feira (7/11), às 11h30, para o único treino livre da etapa, seguido pela classificação da sprint às 15h30. O sábado (8/11) começa com a bateria curta às 11h e terá a formação do grid principal às 15h, enquanto a corrida principal será às 15h de domingo (9/11). Band, BandSports e F1 TV transmitem.

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