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Correio ganha menção honrosa no Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo

Série de reportagens sobre racismo no mercado de trabalho, de autoria de Ana Paula Lisboa, Talita de Souza e Ana Lídia Araújo, foi reconhecida em premiação

EuEstudante
postado em 03/12/2021 20:13 / atualizado em 03/12/2021 22:39
As jornalistas Ana Paula Lisboa e Talita de Souza e a estudante de jornalismo Ana Lídia Araújo são as autoras das reportagens da série
As jornalistas Ana Paula Lisboa e Talita de Souza e a estudante de jornalismo Ana Lídia Araújo são as autoras das reportagens da série "Histórias de Consciência" - (crédito: Arquivo Pessoal)

O Correio Braziliense conquistou menção honrosa na 38ª edição do Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo com a série de reportagens “Histórias de Consciência”, publicada no caderno Trabalho & Formação Profissional entre 8 de novembro e 13 de dezembro de 2020. As seis matérias especiais abordaram os desafios do mercado de trabalho para pessoas negras e foram escritas por Ana Paula Lisboa, Talita de Souza e Ana Lídia Araújo; na época, subeditora e estagiárias do jornal, respectivamente.

Após o fim da série, a partir da demanda do público, o caderno Trabalho lançou a coluna mensal “Pretos no Topo” , hoje assumida pela jornalista Carmen Souza, com o objetivo de ser um espaço marcado para debater e promover a inclusão racial no mundo corporativo.

A reportagem que deu início à série, "Empresas desperdiçam talentos negros", mostrou como, por causa do racismo, trabalhadores são prejudicados, enquanto empresas perdem em diversidade, inovação e produtividade
A reportagem que deu início à série, "Empresas desperdiçam talentos negros", mostrou como, por causa do racismo, trabalhadores são prejudicados, enquanto empresas perdem em diversidade, inovação e produtividade (foto: EuEstudante)

Para Talita de Souza, repórter do site do Correio, “o prêmio é um reconhecimento adicional, pois o maior reconhecimento veio de cada um dos que leram, participaram e foram tocados pelo conteúdo” das reportagens. “Ver a série reconhecida em um prêmio que trata justamente dos direitos humanos é ter a certeza de algo que já sabíamos quando a Ana Sá e a Ana Paula propuseram a série: falar de questões que ferem a sociedade deve estar em pauta nos nossos jornais até que saiam de cena”, reflete Talita.

“O impacto da série e esse reconhecimento só foram possíveis graças ao espaço que o Correio Braziliense e a editora Ana Sá sempre deram para pautas de direitos humanos, mesmo que isso desagrade parte do público”, analisa a jornalista Ana Paula Lisboa. “Nas redes sociais, as reportagens receberam não só comentários positivos, mas também negativos e cheios de racismo e ódio, os quais demonstram por que ainda precisamos de reportagens que tratem desse assunto”, aponta.

Estudante de jornalismo da Universidade de Brasília (UnB), Ana Lídia Araújo relembra que, para algumas das reportagens, entrevistou jovens negros que têm um currículo promissor e, mesmo assim, não conseguem ingressar no mercado. “Isso precisa ser denunciado e é nosso papel como comunicadores fazer isso. Precisamos abordar o racismo, o preconceito e as adversidades até hoje enfrentadas pela população negra, mas também destacar histórias, vivências e a cultura afro presentes em nosso país”, diz. “É gratificante saber que a série teve esse reconhecimento. Nós precisamos falar cada vez mais sobre esse assunto”, completa.

Sobre o prêmio

O 38º Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo teve 209 trabalhos inscritos. Criado em 1984, o concurso anual estimula o trabalho dos profissionais de jornalismo na denúncia de violações, pela observância e defesa dos direitos humanos nas sociedades da América do Sul.

A premiação é de iniciativa do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, com a colaboração da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul (OAB/RS), da Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio Grande do Sul (Arfoc/RS).

Este ano, o concurso também é apoiado pela Regional Latino-Americana da União Internacional dos Trabalhadores da Alimentação (Rel UITA); pela instituição sueca que atua pelo fortalecimento dos sindicatos no mundo Union to Union; e pela Caixa de Assistência dos Advogados no Rio Grande do Sul.

A cerimônia virtual de premiação ocorre na próxima sexta-feira (10/12), dia que marca os 73 anos da promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos pela Organização das Nações Unidas (ONU). A solenidade reunirá convidados do Brasil e do exterior, entre promotores e vencedores do prêmio. O evento começará às 20h e poderá ser conferido pelo link

 

Confira as reportagens da série reconhecida:

>> Empresas ainda desperdiçam talentos negros por causa do racismo

>> Negros de 14 a 29 anos desempregados são quase o dobro dos brancos

>> Empreendedorismo afro-brasileiro é uma potência de inclusão racial

>> Líderes negros são menos de 30% nas empresas brasileiras, diz pesquisa 

>> Negros bem-sucedidos incomodam racistas e são prova de mudança social 

>> Como ser uma pessoa ou empresa antirracista? Especialistas ensinam 

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