Educação

Primeiro dia de aulas presenciais nas escolas privadas é de tranquilidade

A maioria dos 170 mil alunos da rede privada do Distrito Federal retornou ao ensino presencial nessa segunda-feira (31/1), nas 570 instituições da capital. Movimentação na frente das escolas foi tranquila, sem tumultos e respeitando os protocolos de prevenção à covid-19

Cibele Moreira
postado em 01/02/2022 06:00
Equipes reforçam as medidas sanitárias aos alunos, como o uso de máscaras, no Sigma -  (crédito:  Carlos Vieira/CB)
Equipes reforçam as medidas sanitárias aos alunos, como o uso de máscaras, no Sigma - (crédito: Carlos Vieira/CB)

Depois de dois anos de pandemia do novo coronavírus e de muitas incertezas em relação às aulas presenciais devido à alta de casos provocada pela variante ômicron, alunos da rede privada retornam à rotina nas escolas de ensino básico do Distrito Federal. O primeiro dia do ano letivo, essa segunda-feira (31/1) foi marcado por movimentação tranquila e sem tumultos, com respeito aos protocolos sanitários de contenção da covid-19. Uso de máscara facial, higienização das mãos com álcool em gel, limpeza das mesas e dos espaços comuns e distanciamento social são alguns dos protocolos que devem continuar a ser seguidos dentro das instituições.

De acordo com levantamento do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Distrito Federal (Sinepe), cerca de 170 mil estudantes de 570 escolas vão seguir com os estudos em sala de aula na rede privada neste ano. A presencialidade foi defendida pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), vinculado ao Ministério da Educação, em norma técnica publicada na semana passada. Segundo o conselho, é necessário esse retorno devido ao déficit de aprendizado constatado desde 2020. No entanto, em casos excepcionais de suspeita ou confirmação da covid-19 e de pessoas do grupos de risco, as escolas podem optar pelo ensino híbrido, mantendo os estudantes em isolamento na modalidade remota.

A presidente do Sinepe, Ana Elisa Dumont, reforça que as unidades de ensino particular estão prontas para receber os alunos em segurança. "Mostramos em 2020 e 2021 que temos estrutura para manter um espaço seguro em relação a pandemia da covid-19. Não tivemos nenhuma explosão de casos nas escolas e, no nosso entendimento, é importante deixar a educação no presencial", destaca. Segundo ela, o ambiente escolar permite um acolhimento aos estudantes tanto em relação à aprendizagem quanto no contato social e psicológico.

Preferência

O sindicato das escolas aponta que a maioria dos pais desejava o retorno ao ensino presencial. "Em 2021, tínhamos 90% dos alunos dentro de sala de aula, os outros 10% continuaram no remoto por comodidade ou por outras razões familiares. Mas a maioria se mostrou adepta à volta às escolas. Neste ano, não é diferente", afirma Ana Dumont.

A diretora do colégio Sigma da Asa Sul, Carolina Darolt, ressalta o trabalho para reforçar os protocolos em relação a covid-19 na unidade da 912. "Estamos preparando os estudantes para o convívio social em uma época de contaminação crescente e, para isso, temos equipes que estão continuamente orientando e reforçando as medidas de segurança dentro das salas de aula e nos espaços de convivência", aponta Carolina. A escola atende cerca de 1,5 mil alunos, entre os ensinos fundamental e médio.

 Para Carolina o grande desafio neste ano é preparar a instituição para duas realidades possíveis: retorno às aulas 100% presenciais e, em um cenário mais crítico, a volta ao modelo híbrido acompanhado com as recomendações dos órgãos competentes. A diretora conta que, nesta semana, recebeu alguns comunicados de famílias de estudantes que testaram positivo e que vão iniciar o ano letivo no remoto. Nos casos de alunos com comorbidade, ela explica que isso é avaliado em cada caso.

Vacina

A professora Marcella Brando, 39 anos, afirma que o retorno às aulas vem com a tranquilidade da vacinação das crianças. "Estamos na expectativa de começar o ano, e eles (crianças) voltarem a ter uma vida mais normal. Como estão vacinados, a gente fica um pouco mais tranquilo em relação à covid-19. Meus filhos estão vacinados, eu estou vacinada, este ano está melhor do que o ano passado", avalia. "Acreditamos que a escola segue todos os protocolos necessários, e a gente confia muito nas crianças também. Eles querem muito estar aqui na escola", pontua.

No Colégio Marista João Paulo II da Asa Norte, mesmo sem a obrigatoriedade de alguns protocolos exigidos no início da pandemia, a instituição optou por mantê-los. O diretor-geral da unidade, Luiz Gustavo Mendes, enumera que a aferição de temperatura, a sanitização com quaternários de amônio, além do uso de máscara e distanciamento social foram incorporados na rotina escolar. "O nosso maior desafio é lidar com os casos de contaminação. Mas estamos preparados e bastantes otimistas", considera.

A mesma atenção se repete no colégio Objetivo da Asa Norte. Ricardo Basilio da Silva Neto, diretor da unidade, conta que tem orientado toda a comunidade escolar sobre os cuidados de prevenção à covid-19 e tem atendido alguns pedidos de pais com filhos com comorbidades de deixá-los, em um primeiro momento, no modelo remoto. "Não tiramos a razão das famílias, mas entendemos que é preciso ter esse retorno presencial e que não pode esperar. Nós perdemos muito e vamos demorar para recuperar o tempo perdido", argumenta.

Morador do Grande Colorado, Rodrigo Aurélio da Silva, 44, conta que o ensino à distância prejudicou o processo de aprendizado da filha Ana Júlia Rodrigues da Silva, 7. "Ela passou para o 3º ano do ensino fundamental sem saber ler nem escrever. Eu ainda tentei que ela repetisse o 2º ano, mas não pode. O presencial é fundamental", opina. "Para se ter uma ideia de como a minha filha estava ansiosa com esse retorno, ela pediu para eu marcar no calendário o dia de volta às aulas e foi riscando todos os dias. Hoje (segunda-feira), ao deixá-la na escola, ela virou e falou 'vou cuidar do meu futuro'. Aquilo me emocionou", relata Rodrigo.

O que fazer se testei positivo para covid?

As escolas orientam que, caso o aluno teste positivo para o novo coronavírus ou que algum familiar da mesma residência esteja contaminado, fique em isolamento e avise à coordenação da unidade de ensino imediatamente.

Nesses casos, a escola garante ao aluno o acompanhamento do ensino por meio remoto. Cada instituição vai definir o método, se no modelo híbrido assistindo as aulas on-line ao vivo ou por meio de atividades. Isso nos casos em que o estudante tenha condições de participar das aulas.

Caso o aluno infectado tenha tido contato com outros colegas de turma. Esses estudantes vão passar para o ensino remoto e isolamento.

O período de afastamento é de, no mínimo, sete dias. O período máximo vai depender da orientação médica de cada caso. 

As escolas vão monitorar os casos entre os alunos e funcionários.

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