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Projeto EducArte acolhe insatisfações de estudantes de Taguatinga

Em meio às atividades do projeto EducArte na Praça, estudantes do ensino médio de Taguatinga são convidados a expressar necessidades e percepções por meio da arte e da cultura

Maria Fava
postado em 10/05/2024 21:22 / atualizado em 15/05/2024 12:13
Divulgação/EducArte na Praça -  (crédito: Divulgação/EducArte na Praça)
Divulgação/EducArte na Praça - (crédito: Divulgação/EducArte na Praça)

A segunda edição do EducArte na Praça aconteceu na tarde desta quinta-feira (9/5), no Centro de Ensino Médio Taguatinga Norte. O projeto é uma iniciativa da Casa de Cultura Telar em parceria com o Ministério da Cultura, que visa garantir aos estudantes da rede pública de Taguatinga (DF) a oportunidade de acesso a ações formativas e à capacitação em diversas áreas da cultura. 

As apresentações foram realizadas pelos alunos que participaram anteriormente das oficinas nas modalidades contação de histórias, teatro, maquiagem teatral, poesia, sonorização de histórias e mediação de leitura para primeira infância, todas realizadas nos centros de ensino público CEMTN, CEI 04 e CEMEIT, de Taguatinga, conhecida como um dos maiores berços culturais do DF. 

“O projeto surgiu de um desejo, em 2021, de ocupar o teatro da praça de Taguatinga, trazer entretenimento para a população e fazer a formação de público novamente”, diz Cléria Costa, produtora-executiva e idealizadora da iniciativa. Miriam Rocha, também idealizadora do EducArte na Praça, conta que “a gente viu a necessidade de levantar a nossa bandeira novamente e trabalhar com jovens, aqui (Taguatinga) já foi um lugar efervescente quando falamos de arte.”

Durante a apresentação do grupo de teatro “Quebra Palco”, foi realizado o teatro-fórum, método artístico-político que sugere um debate pacífico com os espectadores. Essa proposta partiu dos próprios alunos como forma de demonstrar suas insatisfações em relação às autoridades educacionais presentes. Dentro desse debate, foi distribuído um manifesto escrito pelo próprio grupo de teatro, que após a coleta de assinaturas, foi entregue à coordenação.

O manifesto denunciava a falta de sensibilidade e tolerância de superiores para com os estudantes e a necessidade de um grêmio estudantil no colégio. Elisa Guimarães, 16 anos, aluna do colégio, participou ativamente da realização do debate e diz: “Nós queríamos ser ouvidos, queríamos um diálogo de verdade, não apenas uma imposição de regras dentro da escola, então surgiu a ideia do manifesto e da estratégia de diálogo.” 

O aluno Samuel Araújo, 17 anos, também participou do grupo “Quebra Palco” e aponta a importância da inclusão da arte dentro das escolas públicas e também como manifestação política. “O que fizemos aqui hoje foi tornar a manifestação artística algo sério. Principalmente em escolas públicas que são marginalizadas, é importante nos posicionarmos, pela arte e pela ciência”, diz.

O coordenador pedagógico do CEMTN e responsável pela parte cultural, Marconi Scarinci, afirma que tanto o evento quanto a manifestação dos alunos são fundamentais dentro de um ensino democrático. “Cultura e educação devem andar juntas, só dessa maneira iremos construir uma juventude questionadora e transformadora. A arte serve para isso, transformar e indagar os padrões”, conclui.

*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues

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