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Volta às aulas 2022: 24 estados confirmam retorno presencial

Segundo dados do Conselho Nacional de Secretários de Educação,15 estados exigem cartão de vacinação na matrícula

Arthur Vieira*
postado em 02/02/2022 17:35 / atualizado em 02/02/2022 17:36
 (crédito: Divulgação/UFRJ)
(crédito: Divulgação/UFRJ)

O retorno às aulas presenciais, mesmo já ocorrendo em algumas localidades do país, não deixa de ser um ponto de polêmica e discussão. Na semana passada, o próprio Sindicato dos Professores do Distrito Federal afirmou que não achava seguro o retorno. Ainda assim, muitos estados voltarão com suas atividades presenciais. O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) juntou informações sobre a volta à presencialidade com as secretarias de educação de cada um dos 26 estados mais o Distrito Federal. Na capital brasileira, a volta ocorre no próximo dia 14. 

Segundo o balanço do Consed, 23 estados e o DF confirmaram retorno presencial das aulas. Os três que não confirmaram ou não começarão as aulas de forma 100% presencial são o Rio de Janeiro, o Piauí e a Paraíba. Esse último é o único estado que vai iniciar as aulas no modelo híbrido, com a carga horária sendo dividida em 50% presencial e 50% remoto, sendo que a carga de ensino presencial pode aumentar de forma progressiva com o tempo. No ano passado, a distribuição foi de 70% para o ensino remoto e 30% para o presencial no estado. Rio de Janeiro e Piauí ainda não confirmaram o formato que retornarão.

Quanto ao cartão de vacinação, 15 estados estão exigindo para a efetivação das matrículas de crianças e adolescentes nas escolas, são eles:

  • Amazonas
  • Bahia
  • Espírito Santo
  • Mato Grosso
  • Mato Grosso do Sul
  • Pará
  • Paraíba
  • Paraná
  • Pernambuco
  • Rio Grande do Norte
  • Rio Grande do Sul
  • Roraima
  • Santa Catarina
  • São Paulo
  • Tocantins

Em estados como Tocantins e Espírito Santo, por exemplo, a medida de apresentar cartão de vacina era implementada antes da pandemia, em 2019.  O Mato Grosso, embora exija o cartão tradicional, os alunos não serão obrigados a estarem vacinados. A secretaria do estado diz, ainda assim, que fará recomendações aos pais e responsáveis para que a vacinação ocorra de forma preventiva.

Para alguns professores, o retorno presencial está ocorrendo muito cedo, como para Eliseu Amaro, 45 anos, professor da rede pública do Distrito Federal. Ele diz não se sentir seguro ainda para um retorno presencial das aulas, mesmo tendo tomado as duas doses da vacina Janssen e monitorando a vacinação das crianças e jovens da escola. “Eu fico preocupado”, disse. Para o professor, seria mais seguro se as aulas continuassem no modelo remoto para todos, sendo, inclusive, uma melhor alternativa com relação ao ensino híbrido. “Quando os alunos ficavam em casa [no modelo híbrido], eles não acessavam o conteúdo, o que aconteceu foi que a gente só conseguia dar metade do conteúdo, a gente perdia conteúdo com relação ao tempo”, conta. Como o DF continuará no modelo presencial, Eliseu defende que seja exigido o comprovante de vacinação para os estudantes.

Para a professora Geiza Augusta, 45 anos, de uma escola particular também da capital, o retorno presencial é possível, e ela diz estar 100% segura para retornar, principalmente por conta dos avanços na vacinação no país. Ainda assim, ela demonstra preocupação com o compromisso dos corpos docente e discente das escolas quanto aos protocolos sanitários de prevenção. As condições para o retorno na rede particular e na pública nem sempre são as mesmas, segundo a docente. “Em termos de escola particular, eu acredito em um retorno mais seguro, no caso da rede pública é necessário que o governo tenha um olhar voltado às escolas, que possa prepará-las de forma adequada e, além disso, conscientizar alunos, pais e professores sobre os avanços da variante, para que os alunos possam retornar à escola de uma forma segura”, disse.

Pedro Hartung, diretor de políticas e direitos das crianças do Instituto Alana, que é voltado para programas de garantia de vivência da infância, defende também um retorno presencial seguro para as crianças. Para ele, a vacinação infantojuvenil é ponto-chave para que o retorno ocorra de forma segura, e afirma ser preciso uma vontade política por parte do governo federal, estadual e municipal brasileiro para coordenar as campanhas. “Isso se faz por meio de campanhas de comunicação, alertando para a importância da vacina e para a eficácia dela como instrumento de prevenção da pandemia”, explica.

O ensino presencial, segundo Hartung, seria uma forma ainda melhor de as crianças recuperarem os problemas no aprendizado das crianças causados pelo ensino remoto nos últimos dois anos. “A infância é um espaço potente para o desenvolvimento humano, elas têm capacidade para aprender e buscar formas de aprendizagem”, salienta. Mas ele ainda reforça que, além de um plano de retomada nas esferas federal, estadual e municipal para isso, é preciso um maior acompanhamento dessas crianças nesse período pós-pandêmico, principalmente na alfabetização.

Hartung afirma que é absurdo cogitar mais uma vez um cenário em que as instituições de ensino fechem enquanto outras instituições permanecem abertas: “Isso mostra quais têm sido as nossas prioridades. Infelizmente, a gente tem visto que a criança tem sido deixada por último”, lamenta. Ele ainda disse que o fechamento das escolas em 2022 será uma escolha política, uma vez que a cobertura vacinal dos estados já oferece condições de segurança para o retorno.

*Sob a supervisão da subeditora Ana Luisa Araujo

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