Caldas Novas (GO)

Aluna, de 78 anos, com Alzheimer cola grau na EJA

Com 78 anos, Terezinha Valim concluiu o 5º ano do Ensino Fundamental no polo da Escola Municipal Mather Isabel, em Caldas Novas (GO)

Débora Oliveira
postado em 28/06/2023 23:55 / atualizado em 29/06/2023 00:03
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Uma aluna da Educação de Jovens e Adultos (EJA), da Rede Municipal de Ensino de Caldas Novas (GO), colou grau na última na terça-feira (27/6), e tornou-se um exemplo de superação. Terezinha Valim de Souza, de 78 anos, tem Alzheimer e concluiu o 5º ano do Ensino Fundamental no polo da Escola Municipal Mather Isabel.

Dona Terezinha sofre com Alzheimer há seis anos. Ela frequentou a escola por três anos e, devido ao avanço da doença, que é progressiva e pode destruir a memória e outras funções mentais importantes, concluiu o último ano dos estudos recebendo aulas em casa.

Ao participar da cerimônia de colação, que ocorreu na terça-feira (27/6), Luciana Valim, filha de dona Terezinha, não conseguiu segurar a emoção ao ver a conquista da mãe. “Não é fácil, têm dias que ela está bem, lúcida, têm dias que não, mas é muito gratificante ver a evolução dela. Acredito que se ela não estivesse estudando, estaria acamada”, falou emocionada.

Ainda de acordo com Luciana, Terezinha ficou feliz com a vitória, embora não conseguisse compreender totalmente o que estava acontecendo devido a condição de saúde. “Retomar os estudos na vida não é nenhum motivo de vergonha, muito pelo contrário, é razão de se orgulhar muito de si mesmo. Nunca é tarde para recomeçar”, finaliza Luciana sobre retomar os estudos na maior idade.

Uma vitória de todos

Estudos mostram, com base em análises feitas por um time de pesquisadores liderado pela neurologista Elisa Resende, que a educação tende a ser uma das protagonistas no combate aoAlzheimer e, de fato, motivou o retorno de dona Terezinha à escola. “O que motivou o retorno aos estudos foi indicação médica que pediu para que exercitasse sempre a memória dela após o descobrimento do Alzheimer”, explica Luciana Valim, filha de dona Terezinha.

As análises apontam ainda que a educação pode ser usada de forma muito eficiente por expandir os horizontes quando se fala de demência e Alzheimer. “Boa parte da qualidade de vida do paciente pode ser prolongada, e o impacto sobre seus familiares e outras pessoas próximas tende a ser menor”, pontua a especialista.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 55 milhões de pessoas vivam com algum tipo de demência, sendo a mais comum a doença de Alzheimer, que atinge sete entre dez indivíduos nessa situação em todo o mundo. No Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam que 1,2 milhão de pessoas têm o transtorno neurodegenerativo e 100 mil novos casos são diagnosticados por ano.

Sendo um problema que afeta uma quantidade considerável de pessoas, é importante que se tenha políticas públicas de inclusão, como o trabalho realizado pela Secretaria Municipal de Educação de Caldas Novas, que atende a escola onde dona Terezinha colou grau. “A história da Dona Terezinha é de superação e precisa ser celebrada. A educação de Caldas Novas tem avançado muito, tanto em investimentos de infraestrutura, quanto na inclusão social. Trabalhamos para garantir a todos nossos alunos atendimento isonômico e adequado para cada situação”, pontua o prefeito de Caldas Novas, Kleber Marra. 

 

 

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