CORTES NA EDUCAÇÃO

Andifes alerta que situação orçamentária das universidades ainda é grave

Em reunião com presidente da instituição, reitora da Universidade de Brasília afirmou que o MEC ainda está em débito de R$ 9 milhões com a UnB

Diogo Albuquerque*
postado em 15/12/2022 16:26 / atualizado em 15/12/2022 17:50
Liberação de parte da verba às universidades foram importantes, mas serviram apenas para
Liberação de parte da verba às universidades foram importantes, mas serviram apenas para "minorar" os problemas, disse Ricardo Fonseca - (crédito: Reprodução/YouTube)

Durante reunião, ontem, com o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, reafirmou que a situação da instituição é preocupante. De acordo com a reitora, falta ainda receber R$ 9 milhões do MEC e que apenas metade das despesas foram pagas com a verba liberada na última semana.

“Os serviços prestados pelas empresas terceirizadas, como limpeza, segurança e jardinagem ainda estão atrasados. Conseguimos pagar apenas R$ 1 milhão ao Restaurante Universitário, o que é metade da despesa mensal. Não é um dinheiro a mais que estamos pedindo, é um dinheiro que já estava no nosso orçamento”, disse a reitora.

Segundo o dirigente da Andifes e reitor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Fonseca, a liberação de parte da verba às universidades foi importante, mas serviu apenas para "minorar” os problemas. “No que diz respeito ao orçamento próprio das universidades, essas medidas cobriram apenas 10% do buraco deixado no início de dezembro, conforme levantamento realizado pela associação”, afirmou.

Os reitores explicaram que parte dos estudantes ainda estão sem receber bolsas, já que a verba liberada foi destinada às bolsas de assistência estudantil e aos bolsistas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). “Outras bolsas, com as de monitoria e também a de extensão, não foram pagas. O que observamos é um calote institucionalizado”, ressaltou Márcia Abrahão. Na ocasião, a reitora parabenizou os estudantes pela manifestação promovida em 8 de dezembro e criticou o policiamento ostensivo, que, de acordo com ela, não foi o mesmo frente aos protestos extremistas da última segunda-feira na capital federal.

Durante audiência na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (14), o ministro da Educação, Victor Godoy, foi questionado sobre os recorrentes cortes na área e prometeu liberar R$ 2 bilhões para as instituições. De acordo com Fonseca, trata-se apenas de uma parte dos recursos necessários para manter as universidades.

Ainda segundo o dirigente da Andifes, os reitores esperam contar, ainda, com a PEC da Transição, que precisa ser votada. Para ele, o atual governo deve tomar medidas que vão além do paliativo. “Para pagar alguma coisa na esfera pública é preciso da parte orçamentária, um limite para pagar e, na financeira, o dinheiro. Quando une o orçamento com o financeiro aí você pode pagar alguma conta. Estamos com o limite orçamentário restrito e sem nada no financeiro. Se voltar o financeiro, isso não resolve tudo”, detalha Fonseca.

Durante a live realizada na quarta-feira (14), Fonseca recebeu a notícia de que o último dia para os empenhos, assinaturas de contratos e cheques finais foi prorrogado para 31 de dezembro. O prazo acabaria nesta sexta-feira (16). A reunião foi organizada pela Frente Parlamentar Mista da Educação (FPME) e contou com a participação da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).

Orçamento 2023

Tanto o presidente da Andifes quanto a reitora da UnB concordam que o mínimo necessário para as universidades se manterem é voltar, pelo menos, ao patamar orçamentário de 2019, valores de antes da pandemia.

Já para as bolsas de mestrado e de doutorado, o presidente da ANPG, Vinicius Soares, afirma que é necessário ajuste e que existe uma previsão de ser da ordem de 40%. Segundo ele, mesmo não sendo o ideal, uma vez que as bolsas estão defasadas em 75% em relação a 2013, seria um alívio.

*Estagiário sob a supervisão de Jáder Rezende

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