Superação

Estudante de escola pública conquista terceiro lugar em medicina na UFS

Gabriel Cavalcante conciliou os estudos com "bicos" de auxiliar de pedreiro para ajudar no sustento da família após a morte do pai. Neste ano, celebra o 3º lugar em medicina na Universidade Federal de Segipe

Nathallie Lopes
postado em 15/03/2024 20:48
As aulas na Universidade iniciam-se em maio deste ano, ainda assim, Gabriel continuará trabalhando como servente para ajudar sua mãe e seus irmãos -  (crédito: Divulgação/Arquivo pessoal)
As aulas na Universidade iniciam-se em maio deste ano, ainda assim, Gabriel continuará trabalhando como servente para ajudar sua mãe e seus irmãos - (crédito: Divulgação/Arquivo pessoal)
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O estudante Gabriel Henrique Cavalcante, 18 anos, conseguiu driblar as adversidades da vida após a morte do pai em um acidente de trabalho. Para ajudar com o sustento da família, conciliou "bicos" como auxiliar de pedreiro com os estudos em uma escola de ensino médio integral em Aracaju (SE). Dedicado a alcançar seus objetivos para o futuro, conquistou o 3º lugar no vestibular de medicina na Universidade Federal de Sergipe.

Gabriel estudou na mesma escola desde o ensino fundamental, antes da migração para o ensino integral, e sempre foi um aluno brilhante. Durante a trajetória escolar, ele acumulou um histórico excepcional de boas notas e atividades extracurriculares. Chamava atenção dos professores por seus valores, perfil de liderança e protagonismo estudantil.

Em entrevista ao Correio, Gabriel Henrique contou que o mais difícil foi conciliar o trabalho com os estudos. “Aos fins de semana, trabalha como servente de pedreiro e realizava outros serviços na construção civil para ajudar no sustento de casa”, contou.

Gabriel sempre teve mais facilidade com matemática e tornou-se monitor da disciplina. Além disso, participou de projetos como o Jovens protagonistas, em que ajudava em eventos, na arrumação da merenda e outras atividades. "Passar em medicina foi a realização de um sonho que se fortaleceu ao longo do ensino médio integral, quando decidi me dedicar aos estudos para ingressar na universidade pública. Gosto muito das áreas de neurocirurgia, cardiologia e cirurgia geral”, disse.

Com a morte do pai em um acidente de trabalho em maio de 2020, Gabriel teve que trabalhar desde cedo. "Precisei trabalhar desde cedo, pois minha família nunca foi abastada, e depois que meu pai faleceu tudo piorou, já que ele era o único provedor da casa. Eu chegava sempre muito cansado e ainda tinha que estudar, mas graças à convivência com meus colegas e professores no ensino médio integral, além das atividades prazerosas como as eletivas, fui muito inspirado a continuar com meu projeto de vida", conta Gabriel.

As aulas na universidade começam em maio deste ano. Até lá, Gabriel continuará trabalhando como servente para ajudar a mãe e seus irmãos.

Segundo Gabriel, a convivência com os colegas e professores, além das atividades prazerosas como as eletivas, o inspiraram a continuar o projeto de vida
Segundo Gabriel, a convivência com os colegas e professores, além das atividades prazerosas como as eletivas, o inspiraram a continuar o projeto de vida (foto: Divulgação)

Ensino médio integral

Para Gabriel, o modelo de ensino médio integral o auxiliou na conquistar dos objetivos acadêmicos. Neste modelo, os jovens são estimulados a traçarem seus sonhos e os caminhos para alcançá-los e são acompanhados de perto — individualmente e em grupo — para que encontrem as escolhas que melhor se adaptem aos seus objetivos.

O ensino médio integral é uma proposta pedagógica multidimensional, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral aos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do aluno, junto aos componentes curriculares já previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes.

*Estagiária sob supervisão de Pedro Grigori

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