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Andifes repudia agressão sofrida por filha de ministro do STF; leia a nota

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) publicou nota de repúdio à ataques contra universidades públicas

Em nota de repúdio publicada nesta terça-feira (16), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) repreende episódios recentes de agressões, direcionados a alunos e servidores da UFPR, Unifesspa, UFRGS, UFMT e Unifesp.

O posicionamento da Andifes foi motivado também pelo o caso recente de agressão sofrido por Melina Girardi Fachin, filha do ministro do STF Edson Fachin, que é advogada e professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Melina Fachin foi alvo de cusparada quando deixava o prédio de direito da UFPR. O agressor, que ainda não foi identificado, a chamou de “lixo comunista”. De acordo com a Andifes, os episódios de hostilidade ferem contra o papel histórico das instituições federais na vida democrática do país.

A assessoria da Andifes apontou ao Correio o caso da professora como um dos ataques mencionados na nota, que aparecem no texto de forma não especificada.

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“Este não é um caso isolado de violência física e política”, defende em nota o advogado Marcos Gonçalves, marido de Melina. Gonçalves associa a agressão sofrida pela esposa ao cancelamento de uma palestra na universidade, intitulada “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional?”.

A palestra foi suspensa em 9 de setembro pela UFPR, por riscos de segurança. Em protesto, o palestrante, vereador Guilherme Kilter, Novo, e o advogado Jeffrey Chiquini insistiram em entrar no prédio, que foi ocupado por estudantes contrários à atividade.

Na serra gaúcha

Em nota, a Andifes também repudia o ataque direcionado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por meio de fala de autoria do vereador de Flores da Cunha, Valdeci Paulus, MDB, que defende: “Universidade federal tem que acabar”.

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O discurso foi feito em moção de apoio, para implantação de novo câmpus da UFRGS na serra gaúcha. “É muito mais simples dar uma bolsa de estudos para quem quer. Sou favorável a que os alunos possam escolher onde quisessem estudar, em universidades particulares, onde os professores possam ser cobrados pelo reitor”, diz o vereador.

Confira o conteúdo da nota de repúdio:

A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) repudia veementemente os recentes episódios de agressões, hostilidade e ataques verbais direcionados às universidades federais, seus estudantes, docentes e servidores técnico-administrativos. Tais práticas atentam contra a autonomia universitária, a liberdade acadêmica e o papel histórico dessas instituições na vida democrática do país.

Nesses últimos dias, registraram-se situações graves envolvendo a UFPR, a Unifesspa, a UFMT, a UFRGS e a Unifesp com relatos de agressões físicas e verbais, interrupção de eventos acadêmicos, ameaças a estudantes e declarações públicas desrespeitosas. Esses episódios ferem diretamente os princípios constitucionais que asseguram às universidades federais a liberdade de ensinar, pesquisar e difundir o conhecimento.

Reafirmamos que as universidades federais são espaços de pluralidade de ideias, de convivência democrática e de promoção do conhecimento, essenciais para o desenvolvimento científico, social e econômico do Brasil. A Andifes permanecerá firme na defesa dessas instituições, de sua autonomia e da integridade de toda a comunidade universitária.