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Brasil precisa dobrar matrículas em ensino profissional na rede pública

Evento do Correio debateu Educação profissional e o Primeiro Emprego. A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carolina Rolon, frisou que meta da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) é de 4,8 milhões de matrículas

Pablo Giovanni
postado em 24/11/2023 06:00
 23/11/2023. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. CB Fórum Educação Profissional e o primeiro emprego. Carolina Rolon pesquisadora do IPEA. -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
23/11/2023. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. CB Fórum Educação Profissional e o primeiro emprego. Carolina Rolon pesquisadora do IPEA. - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
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O Correio realizou, na tarde desta quinta-feira (23/11), o CB Fórum Educação Profissional e o Primeiro Emprego. No segundo painel, "Combatendo desigualdades e gerando oportunidades por meio da educação profissional", a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carolina Rolon apresentou dados que mostram, com base em censos do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a diferença entre a rede pública, privada, federal e municipal na questão de matrículas na educação profissional e tecnológica de nível médio, entre 2012 e 2022.

A meta da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) é de 4,8 milhões de matrículas, mas o cenário atual, no entanto, é de 2,1 milhões. Os dados trazem que quem mais escolariza jovens por meio da educação profissional no país é a rede privada. Em seguida, estão as estaduais, enquanto as federais estão em terceiro lugar. Nos gráficos, a rede municipal atingiu menos de 100 mil matrículas em Educação Profissional e Tecnológica (EPT) ao longo das pesquisas.

Sobre a esfera federal, Carolina citou que houve um crescimento no início dos censos, mas desacelerou nos últimos anos. "De 2012 a 2016, houve crescimento das matrículas na rede federal, principalmente impulsionado pelo governo daquela época. Depois, estagnou o investimento e não houve crescimento", afirmou. Ela sublinhou que os institutos federais proporcionam educação de qualidade e infraestrutura. "É muito atrativo, mas necessita de investimentos. É necessário que a esfera federal retome esses investimentos", argumentou a especialista.

Desequilíbrio

Sobre os concluintes de EPT em nível médio, os dados, de 2019, revelam que 5,4% dos jovens entre 18 e 24 anos têm o diploma de educação profissional e tecnológica de nível médio; na faixa de 25 a 29 anos, são 7%. Entre os adultos, 7,45 das pessoas entre 30 e 44 anos têm os certificados, enquanto as que estão na casa dos 45 aos 64 anos, 6%. Quando se separa por gênero, as mulheres representam 6% e os homens, 7,1%. Por cor, as pessoas pretas (5,4%) estão mais distantes das brancas (8,1%).

"No geral, todos são índices muito baixos. Não chegam a 10%, muito aquém do que gostaríamos", resumiu Carolina. Ela mencionou as estratégias que estão no Plano Nacional de Educação (PNE), que foram acordadas em 2014, para se tentar chegar em 2024 triplicando as matrículas na EPT. Segundo ela, vão fomentar a expansão da oferta de educação da modalidade de educação a distância — "um tema polêmico" — e estimular a expansão do estágio na educação profissional técnica de nível médio e do ensino médio regular, preservando-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerário formativo do aluno. "Foi uma estratégia que o Novo Ensino Médio buscou incorporar e que é importante mantermos e expandir", explicou.

Qualidade

A especialista observou que, ao final do PNE, ainda não foi pensada uma forma de avaliar a qualidade da educação profissional técnica de nível médio das redes escolares e privadas. "Quando vemos que a rede estadual tem a maior oferta de EPT, elas são bem desiguais. Sabemos que, entre as unidades da federação do país, há um desequilíbrio enorme", frisou Carolina. Ela acrescentou que a estratégia de estruturar o sistema nacional de informação profissional é muito importante para que se tenham o acesso à informação sobre formações e itinerários. "Com 14 anos, saindo do ensino fundamental, eles são muito novos. Em volta deles, as possibilidades podem ser muito limitadas. É importante fomentarmos desde cedo, para que esses jovens estudantes possam vislumbrar um futuro", completou.

De acordo com a pesquisadora do Ipea, há bons exemplos para o Brasil em países integrantes do Brics que fomentam a educação profissional. "Os russos criaram um circuito de turismo científico para as crianças visitarem. Na China, eles pensaram em prêmios para estimular o talento — no Brasil, há muitos talentos perdidos, e um prêmio para fomentar isso seria muito interessante. Na Índia, em uma parceria público-privada, eles montaram ônibus com laboratórios que iam a áreas carentes, mostrando a ciência de uma forma interessante, para envolver aquelas pessoas", sugeriu.

 


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