EuEstudante
postado em 08/09/2025 21:38 / atualizado em 08/09/2025 21:42
. - (crédito: Maurenilson Freire)
*Por Maíra Habimorad, CEO do Inteli
Estamos vivendo o início de uma transformação sem precedentes: a revolução da Inteligência Artificial. E há uma pergunta que, como líder educacional, não posso deixar de fazer: o que a educação vai fazer com essa onda? Porque, se não nos apropriarmos da IA em todos os níveis, desde a escola básica até a universidade, corremos o risco de sermos engolidos por ela.
A urgência desse tema não é apenas para quem trabalha diretamente com tecnologia. Executivos de todas as áreas, de marketing a RH, de finanças à logística, precisam entender, de fato, o que é IA, suas possibilidades e limites. Diversos estudos mostram que as empresas globais estão aumentando seus investimentos em IA, mas também afirmam que seus líderes não estão preparados para tomar decisões estratégicas sobre o tema. Essa lacuna entre a ferramenta mais inovadora dos últimos tempos e a gestão pode custar caro, seja em competitividade, eficiência ou reputação
Surge então uma questão legítima: se já sou CEO ou diretor e estou no topo da pirâmide, por que deveria fazer um curso de IA? A resposta é simples: para garantir simetria de conhecimento na organização. Não basta que cada um estude onde quiser, do seu jeito. É preciso que líderes e times compartilhem a mesma linguagem, os mesmos conceitos e compreendam as implicações éticas, jurídicas e operacionais da tecnologia.
Um programa corporativo de letramento em IA, por exemplo, cumpre esse papel. Ele atualiza o executivo, dá repertório para questionar e decidir, e nivela o time. Coloca todos na mesma página. Isso evita o risco de conversas desconectadas, onde cada área entende IA de um jeito, sem convergência para a estratégia do negócio
Esse tipo de diretriz institucional em relação à IA tem se mostrado cada vez mais necessária em diversos setores. A difusão de uma tecnologia transformadora desafia a capacidade de qualquer líder de estabelecer parâmetros e testa o equilíbrio entre o incentivo à inovação e o estabelecimento de regras que garantam o uso com responsabilidade e segurança.
Na educação, isso fica ainda mais importante: afinal, se somos nós os responsáveis por transmitir conhecimento e formar indivíduos, precisamos também ter um entendimento claro da nossa própria relação estratégica, enquanto líderes, com essas novidades tecnológicas.
No Brasil, ainda estamos muito atrás na formação executiva em IA. Levantamento recente do IBM Global AI Adoption Index mostra que 59% das empresas brasileiras exploram IA de alguma forma, mas menos de 20% afirmam ter líderes bem preparados para integrá-la às decisões estratégicas. Esse abismo precisa ser fechado. E é papel da educação preencher essa lacuna.
Estamos falando de um novo tipo de alfabetização, que vai além do saber técnico e abrange uma mudança de mentalidade. Não se trata deformar programadores, mas de formar decisores capazes de entender os fundamentos da IA e de fazer as perguntas certas. O que pode ser automatizado? O que exige supervisão humana? Como garantir transparência? Essa base comum de entendimento é o que vai permitir decisões mais sólidas, mais ágeis e mais alinhadas aos objetivos do negócio.
Se a escola, a universidade e as empresas não liderarem esse movimento, a IA vai liderar por nós. Ou aprendemos a usá-la, ou seremos conduzidos por ela. Educação nunca foi tão estratégica. E o letramento em IA não é apenas um diferencial, é uma questão de sobrevivência corporativa. É o que definirá quem lidera e quem será liderado nos próximos anos.