Confraternização de fim de ano

Domine as regras de conduta para as festas corporativas

Eventos comemoram encerramento de ciclos, conquistas e fortalecem laços, mas exigem — dos estagiários aos chefes — bom comportamento

Yandra Martins*
postado em 07/12/2025 06:00 / atualizado em 07/12/2025 06:00
As confraternizações de fim de ano das empresas estão em alta neste período. Embora sirvam para celebrar os resultados de 12 meses de trabalho e para fortalecer o clima organizacional, as equipes — dos estagiários aos executivos — devem
evitar comportamentos inadequados. Afinal, o local da festa é a continuação da firma. Confira orientações para manter a postura correta e evitar problemas, inclusive demissão por justa causa.
 -  (crédito: Ed Alves/CB)
As confraternizações de fim de ano das empresas estão em alta neste período. Embora sirvam para celebrar os resultados de 12 meses de trabalho e para fortalecer o clima organizacional, as equipes — dos estagiários aos executivos — devem evitar comportamentos inadequados. Afinal, o local da festa é a continuação da firma. Confira orientações para manter a postura correta e evitar problemas, inclusive demissão por justa causa. - (crédito: Ed Alves/CB)

O mês de dezembro é marcado por tradições e festividades. Dentro do ambiente dos negócios, empresas, bancos, faculdades e outras instituições não ficam de fora. Segundo a Catho, plataforma gratuita de emprego, as confraternizações corporativas seguem em alta e voltaram a ocupar defintivamente o calendário das empresas.

Leia Também

As clássicas confraternizações de fim de ano são excelentes momentos de integração entre setores, construção de novas relações e diversão — com moderação. Para garantir que o evento seja bem-sucedido, algumas dicas são indispensáveis. Pensando nisso, o Correio reuniu experiências, conselhos e um pouco a respeito do que é a comemoração sob diferentes óticas.  
Juliana Barbieri cita temas que podem gerar intrigas na confra: religião, política e futebol
Juliana Barbieri cita temas que podem gerar intrigas na confra: religião, política e futebol (foto: Divulgação / Aldo Barbieri)
Não são todas as empresas que seguem uma espécie de cartilha do que pode ou não ser realizado ao longo do evento. Por isso, a sócia-diretora da 21 Saberes, empresa de consultoria em recursos humanos (RH), Juliana Barbieri, 43 anos, destaca a importância de “usar e abusar” do bom senso nas confraternizações. Ela afirma que algumas instituições investem em manuais de vestimenta, proibições e recomendações, mas aos colaboradores que não recebem a orientação prévia, Juliana recomenda buscar as lideranças e entender o ambiente e o esperado como postura adotada pelo colaborador.  
De acordo com a Associação Brasileira de Recursos Humanos — Sesccional São Paulo (ABRH- -SP), comportamentos que podem virar problema são: casos de embriaguez excessiva, discussões, postagens inadequadas nas redes sociais, brincadeiras constrangedoras e avanços indesejados. Ainda segundo a ABRH, dependendo da gravidade, atitudes assim podem configurar assédio moral ou sexual, violação do código de ética e até motivo para demissão por justa causa. 
A Axia promove anualmente mais de 200 eventos voltados para a integração dos funcionários
A Axia promove anualmente mais de 200 eventos voltados para a integração dos funcionários (foto: Divulgação / Axia Energia)
A diretora da Catho Patricia Suzuki alerta também que o comportamento adotado durante as celebrações pode ter impacto direto na reputação profissional e até nas oportunidades futuras dentro da própria organização. Mas a especialista acredita que as confraternizações podem ser uma excelente oportunidade de networking interno, fortalecendo laços entre colegas de trabalho, além de contribuir para um clima organizacional mais leve. Segundo ela, esses momentos são válidos para mostrar autenticidade e interagir com pessoas de outras áreas que no dia a dia não têm um contato direto. 
A especialista Mariana Damiati, sócia diretora de cultura organizacional da Crescimentum, empresa especializada em educação corporativa que visa formar lideranças e promover colaboração e autonomia nas organizações, destaca que nesses momentos o clima é de descontração, mas para ela: “O cuidado continua valendo.”  
Mariana Damiati destaca que o clima é de desconcentração, mas o cuidado continua
Mariana Damiati destaca que o clima é de desconcentração, mas o cuidado continua (foto: Divulgação Crescimentum)
Segundo Mariana, é sempre importante lembrar de respeitar os limites, ou seja, aproveitar sem exageros, trabalhar a comunicação respeitosa, vestir-se de forma adequada e saber a hora de ir embora. Ela destaca a importância de atentar-se principalmente ao consumo de bebidas alcoólicas para garantir uma boa experiência a todos, além de boas memórias para o futuro.  
Juliana Barbieri, especialista em RH, cita a importância de lembrar que comportamentos considerados inadequados em um contexto social, devem ser evitados no ambiente das confraternizações. E cita também com o ditado popular das três coisas que não devem ser conversadas para não gerar intrigas: religião, política e futebol. 

Rituais 

Juliana enxerga, ainda, os eventos de fim de ano das empresas como uma espécie de ritual. Segundo ela, pensar nas festividades remete a um processo que gera conexões entre as pessoas do ambiente corporativo, que dia após dia se veem “apagando incêndios”, cumprindo metas e garantindo que prazos sejam cumpridos. As confraternizações, para ela, chegam para retirar os trabalhadores daquele ambiente e levá-los a se conhecerem como pessoas e gerar vínculos que fogem do tradicional “colega de trabalho” 

Forma de equilíbrio 

A antiga Eletrobras — agora Axia Energia — uma das maiores geradoras e transmissoras de energia elétrica do Brasil, promove anualmente mais de 200 eventos voltados para o crescimento profissional e integração dos funcionários. Maurício Vasconcelos, 30, gerente de Comunicação Interna na Axia, declara a respeito do impacto das confraternizações na relação de trabalho e na produtividade: “Deve haver um equilíbrio entre os desafios a serem cumpridos e as conquistas.” 
Para Maurício, essas celebrações são necessárias para comemorar os frutos de muito trabalho e integração entre todos os setores que são essenciais para o sucesso da empresa. Segundo ele, é por meio da colaboração entre funcionários que a empresa pode expandir cada vez mais. Dessa forma, retribuir o esforço realizado ao longo do ano é uma das ações que a instituição pode realizar.  

Futuras comemorações 

Mari Viana, CEO da Gestão Consciente: Quem exagera vira pauta em janeiro
Mari Viana, CEO da Gestão Consciente: Quem exagera vira pauta em janeiro (foto: Divulgação Studio Vision)

Para Mari Viana, CEO da Gestão Consciente, organização que busca prestar consultoria para otimizar a gestão de pessoas nas empresas, nos últimos anos ficou evidente que as confraternizações de encerramento anuais deixaram de ser apenas celebrações. Segundo a especialista, elas tornaram-se um espelho da cultura organizacional e um “retrato cru” do nível de maturidade emocional das equipes e das lideranças. 
Por isso, para ela, o antigo “manual de boas maneiras” não deve mais ser seguido. Ela afirma que o mundo corporativo precisa agora de consciência, autocontrole e inteligência relacional. As festas atuais, em sua percepção, não exigem rigidez, mas sim, consciência. Além disso, a formalidade agora deve ser substituída pela maturidade. Mari conclui: “Não são apenas celebrações, são espelhos. Quem sabe olhar, cresce, mas quem evita, tropeça. E quem exagera, vira pauta em janeiro.” 

Benefícios 

Geórgia Grace Bernardes, 50, que atua como gerente-geral no Serviço Social da Indústria da Construção (Seconci-DF), assegura que as confraternizações de fim de ano das empresas afiliadas trabalham, entre diversos aspectos, a questão da responsabilidade social, que é atribuída como um dos pilares da instituição.  
Para a construção profissional como um todo, Geórgia garante que a motivação dos colaboradores aumenta. O colaborador Sidney Rocha, 40, avalia que a confra da firma serve como uma espécie de descompressão devido à exaustão e demandas do ano. Ele, que atua há cerca de 10 anos à frente da organização dessas comemorações no Seconci-DF, afirma ser essencial para a garantia do sucesso do evento entender os gostos e demandas de cada funcionário. Segundo ele, é nesse momento que se comemora e reconhece o esforço demandado ao longo do ano por todos que atuaram para o funcionamento da empresa.  
Hannah Deborah Hämer, 36, diretora acadêmica da Hayek Global College, informa que a instituição mantém um forte compromisso com a diversidade cultural e a valorização dos colaboradores. Segundo ela, as confraternizações reforçam esse propósito ao reconhecer o valor de cada membro da equipe. Ao celebrar conquistas e destacar as contribuições individuais, esses momentos também fortalecem o sentimento de pertencimento e abrem espaço para a construção de uma trajetória futura de sucesso.  

Guardado na memória 

Equipe Hayek Global College pronta para a confra corporativa desde ano, para fortalecer o sentimento de pertencimento
Equipe Hayek Global College pronta para a confra corporativa desde ano, para fortalecer o sentimento de pertencimento (foto: Divulgação / Paulo Almeida )

Márjory Ariadne, supervisora de marketing da Hayek Global College, define as comemorações como um momento de celebração pelos desafios enfrentados ao longo do ano. Ela enfatiza que é por meio desses momentos que cria- -se um ambiente mais leve e humano dentro da instituição.  
Leonardo Moisés, 35, que atua no cargo de assessor na área de Gestão de Pessoas e Cultura do Banco do Brasil, ressalta que as comemorações de fim de ano: “Ajudam a criar confiança, aproximam equipes que normalmente não convivem tanto, e tornam as relações mais leves e colaborativas.” Segundo ele, as festas representam uma pausa importante e necessária para fortalecer vínculos. 
O funcionário, que atua no ramo bancário, guarda com carinho memórias da confraternização de 2022, na qual ele afirma o sentimento de alegria em poder reunir colegas e reencontrar amigos de diversos estados. 
.
. (foto: Valdo Virgo)
* Estagiária sob a supervisão de Ana Sá 

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação