postado em 14/12/2025 06:00 / atualizado em 14/12/2025 06:00
trabalho e formacao artigo infancia - (crédito: Kleber)
Na adolescência, jovens frequentemente se questionam sobre seus interesses, habilidades e possíveis caminhos profissionais. Compreender como esses interesses emergem e se desenvolvem é essencial para apoiar escolhas mais informadas ao longo da vida. Pesquisas internacionais mostram que os interesses profissionais podem ser organizados em seis domínios — Realista, Investigativo, Artístico, Social, Empreendedor e Convencional (modelo Riasec) — e que podem começar a aparecer cedo, influenciados por fatores individuais, familiares e socioculturais.
Um novo estudo nacional analisou respostas de mais de 230 mil estudantes do ensino fundamental e médio, que preencheram um questionário de interesses profissionais em 2021. O objetivo foi investigar como esses interesses evoluem ao longo da trajetória escolar e se seguem tendências semelhantes aos observados em outros países, como meninas se interessarem mais por atividades sociais ou criativas e meninos demonstrarem maior interesse por tarefas práticas ou “mão na massa”
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Os resultados mostraram padrões familiares e, ao mesmo tempo, surpreendentes. Já no 5º ano, meninos apresentam cerca de 9% mais interesse por atividades Realistas, como atividades práticas, técnicas e mecânicas, do que meninas. No mesmo período, meninas demonstram aproximadamente 5,9% mais interesse por atividades Sociais e cerca de 19% mais interesse por atividades Artísticas do que eles. Essas diferenças se ampliam com a idade: na 3ª série do ensino médio, o interesse dos meninos por atividades Realistas chega a ser 42% maior que o das meninas. Por outro lado, o interesse das meninas por atividades Sociais, que no 5º ano era 5,9% superior ao dos meninos, dobra ao longo da escolaridade, alcançando cerca de 13% a mais no final do ensino médio. As preferências por atividades Artísticas também permanecem consistentemente mais altas entre meninas.
Curiosamente, atividades ligadas a negócios, como liderança, organização e gestão de projetos, associadas aos domínios Empreendedor e Convencional do Riasec, não exibiram diferenças entre gêneros. Meninas e meninos apresentaram níveis semelhantes de interesse ao longo dos anos, reforçando a importância de manter oportunidades equitativas de exploração, formação e desenvolvimento.
Esses resultados dialogam com achados internacionais e mostram como experiências educacionais, expectativas sociais e acesso desigual a oportunidades influenciam no desenvolvimento de interesses profissionais desde cedo. Eles reforçam a necessidade de ampliar o leque de vivências oferecidas aos estudantes, garantindo que todos tenham a chance de explorar múltiplos caminhos.
Apresentar aos jovens uma visão contextualizada e diversificada das profissões, incluindo tarefas, habilidades e possibilidades dentro de cada área, é fundamental para que façam escolhas mais alinhadas aos seus interesses. Mais do que informar, oferecer acesso a experiências de exploração ajuda estudantes a testar o que gostam, reconhecer o que não gostam e tomar decisões bem informadas.
Os achados reforçam que as escolas têm um papel decisivo nesse percurso, especialmente quando suas ações se apoiam em evidências. Dados como os deste estudo, que revelam diferenças de interesses entre gêneros já no 5º ano, ajudam a mostrar onde estão os desafios e quando agir. Quando escolas usam esse tipo de conhecimento para ampliar oportunidades, elas apoiam os jovens a construir seus caminhos de forma mais informada e alinhada ao que almejam e querem ser.