As negociações para salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear do Irã foram retomadas nesta quinta-feira (15/4) em Viena em um clima de urgência, após a decisão de Teerã de enriquecer urânio a 60%.
A reunião dos países signatários do acordo (Alemanha, França, Reino Unido, China, Rússia e Irã) "começou há alguns minutos", declarou o porta-voz da União Europeia, Peter Stano, pouco depois das 12h30 locais (7h30 no horário de Brasília).
"A impressão geral" da reunião com o Irã sobre seu programa nuclear nesta quinta-feira em Viena é "positiva" e será "seguida por uma série de reuniões informais", disse o representante russo, o embaixador Mikhail Uliánov no Twitter.
Outra fonte diplomática disse sob anonimato que não houve "grandes problemas" na reunião.
A decisão do Irã de avançar para um enriquecimento a 60% "é extremamente preocupante do ponto de vista da não proliferação nuclear e vai contra o espírito das negociações em andamento em Viena, porque não existe nenhuma justificativa civil credível para uma decisão deste tipo", acrescentou Stano.
Em resposta às preocupações da Europa e Estados Unidos, o presidente iraniano tentou tranquilizar. "Nossas atividades nucleares são pacíficas, não buscamos obter a bomba atômica", afirmou Hasan Rohani em um discurso transmitido pela televisão estatal nesta quinta-feira.
No entanto, ao se aproximar do 90% necessário para um uso militar, a República Islâmica "exerce pressão sobre todos", resume um diplomata europeu.
Depois de um bom início das negociações na semana passada, "de fato isso complica as coisas", admitiu este diplomata à AFP.
"Nós levamos muito a sério este anúncio provocativo" de Teerã, disse na quarta-feira em Bruxelas o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken. "Tenho que dizer que este passo levanta dúvidas sobre a seriedade do Irã nas negociações nucleares", acrescentou.
O chefe da delegação iraniana em Viena, Abbas Aragchi, se mostrou cauteloso no fim da reunião.
As negociações não devem "durar para sempre" e "devem acontecer em uma estrutura bem definida e dentro de um período de tempo aceitável", disse ele, de acordo com um comunicado do ministério das Relações Exteriores iraniano.
- "Única solução viável" -
Como convém reagir? Esta é a pergunta presente nos bastidores.
Ultrapassar o limite sem precedentes de 60% é uma "resposta ao terrorismo nuclear" de Israel, depois da explosão de domingo na fábrica de enriquecimento de Natanz, alega Teerã, que acusa abertamente Israel de ter atacado a fábrica.
Alemanha, França e Reino Unido alertaram contra uma escalada, "por parte de qualquer país" e denunciaram uma "evolução grave (...) contrária ao espírito construtivo" das negociações.
A Rússia prefere ver como um sinal de que é preciso agir rápido.
"Isso demonstra que o restabelecimento do JCPOA" - sigla em inglês que designa o acordo alcançado em 2015 na capital austríaca - "é a única solução viável" para retomar o programa nuclear iraniano, escreveu no Twitter o embaixador russo para as organizações internacionais em Viena, Mijaíl Uliánov.
O Irã repetiu na quarta-feira (14/4): para conter esta "espiral perigosa", os Estados Unidos devem levantar as sanções impostas pelo ex-presidente americano Donald Trump, que se retirou unilateralmente do acordo em 2018.
O JCPOA permitiu aliviar as medidas de punição contra a República Islâmica em troca de uma drástica redução de suas atividades nucleares, sob o controle da ONU, para garantir que o país não desenvolva a bomba atômica.
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