Jantar em uma área interna de restaurante ou assistir uma partida de futebol no estádio voltam a ser possibilidades na Inglaterra, que nesta segunda-feira (17/5) iniciou uma nova etapa na flexibilização do confinamento, apesar do temor do avanço da variante indiana do coronavírus.
Com mais de 127.600 mortes pela pandemia, o Reino Unido, país mais afetado da Europa, registrou a melhora da situação sanitária após um rígido confinamento durante o inverno e uma campanha de vacinação em massa.
Mas o avanço da variante indiana, sobretudo no noroeste da Inglaterra, ameaça ofuscar as perspectivas.
Ao mesmo tempo que pediu "prudência" aos britânicos, o primeiro-ministro Boris Johnson afirmou que no momento não há motivos para mudar a estratégia, com a reabertura de áreas internas de pubs e restaurantes - as áreas a externas estavam abertas desde abril -, hotéis, museus, salas de espetáculos e estádios para até 10.000 espectadores.
Proibidas durante vários meses, as reuniões em casa voltam a ser autorizadas, mas limitadas a seis pessoas pessoas de duas residências no máximo.
"Tenha cuidado com os riscos para seus entes queridos, recorde que o contato físico, como os abraços, é uma forma direta de transmitir esta doença. Assim, devem pensar nos riscos ao considerar, por exemplo, se estão vacinados", afirmou Johnson em um vídeo divulgado no Twitter.
Também voltam a ser autorizadas as viagens ao exterior, mas poucos destinos estão isentos da quarentena no retorno.
Alguns turistas não perderam tempo, como Keith e Janice Tomsett, casal de aposentados de 72 e 71 anos. Eles aguardavam pela viagem à ilha portuguesa da Madeira, um dos poucos lugares que não representarão a necessidade de quarentena no retorno ao Reino Unido.
"Depois de 15 meses trancados, isto nos faz muito bem", disse Tomsett à agência de notícias britânica PA no aeroporto londrino de Gatwick.
Na Escócia, onde o governo local decide a própria política de saúde, a flexibilização de algumas restrições não se aplica a zonas com focos da doença, como a cidade de Glasgow.
Casos de variante indiana dobram
O número de casos atribuídos no Reino Unido à variante B1.617.2, detectada inicialmente na Índia, mais que dobraram em uma semana, a mais de 1.300 contágios nos últimos sete dias.
Desta maneira, uma onda de contágios poderia colocar em perigo o fim definitivo das restrições na Inglaterra, previsto para 21 de junho, advertiu o governo.
Para deter o avanço, as autoridades reforçaram os testes de detecção nas zonas afetadas e reduziram o intervalo entre as duas doses de vacinação, de 12 para 8 semanas para pessoas com mais de 50 anos.
O ministro da Saúde, Matt Hancock, destacou que "há um forte grau de certeza" de que as vacinas são eficazes contra esta variante.
Desde o início da campanha de vacinação, em dezembro, mais de 36 milhões de pessoas receberam a primeira dose e quase 20 milhões estão com a imunização completa, o que significa cerca de 40% da população adulta. O governo espera aplicar ao menos a primeira dose em todos os adultos até o fim de julho.
O comitê científico que aconselha o governo mantém suas reservas ante a grande reabertura desta segunda-feira (17/5) e alertou que existe uma "possibilidade realista" de que a variante seja até 50% mais contagiosa que a que detectada no fim de 2020 na Inglaterra.
Esta última provocou uma onda de contágios e mortes que levaram o Reino Unido a um longo período de retorno ao confinamento a partir de janeiro.
O comitê advertiu que a reabertura poderia "conduzir a um aumento substancial das hospitalizações, similar ou maior que os picos precedentes", quando os serviços de saúde ficaram à beira do colapso.
Criticado por não reconhecer imediatamente a dimensão da crise de saúde no início da pandemia, o governo se defendeu de questionamentos pela demora a responder ao surgimento da variante e por não endurecer de maneira mais rápida as restrições para viajantes procedentes da Índia.
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