Conflito

EUA e China se enfrentam em estreia de Biden no G7

Origem do novo coronavírus, interesses e direitos humanos foram assuntos discutidos por Antony Blinken, chefe da diplomacia americana, e Yang Jiechi, importante gestor chinês

Agência France-Presse
postado em 11/06/2021 18:50 / atualizado em 11/06/2021 18:52
 (crédito: Joe Biden (EUA) e Xi Jinping (CHI) / Nicholas Kamm, Ludovic MARIN / AFP)
(crédito: Joe Biden (EUA) e Xi Jinping (CHI) / Nicholas Kamm, Ludovic MARIN / AFP)

Os Estados Unidos e a China se enfrentaram nesta sexta-feira(11), quando o presidente Joe Biden fez sua estreia internacional na cúpula do G7, com seu governo pressionando Pequim sobre a relação com Taiwan, a origem da covid-19 e os direitos humanos.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que acompanhou Biden à cúpula das democracias industriais na Inglaterra, falou por telefone com seu homólogo chinês, Yang Jiechi. Foi a primeira conversa desde um acalorado encontro pessoal no Alasca em março.

Enquanto Biden aproveitava sua primeira viagem presidencial ao exterior para revelar um grande plano de compra e distribuição de 500 milhões de doses de vacinas anticovid em todo o mundo, Blinken renovou a pressão dos EUA sobre a China em relação às origens da pandemia, que já matou mais de 3,7 milhões de pessoas.

Blinken "destacou a importância da cooperação e transparência em relação à origem do vírus", inclusive permitindo que especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) retornem à China, segundo nota do Departamento de Estado americano.

Yang, por sua vez, disse a Blinken que a teoria de que a covid-19 surgiu em um laboratório é "absurda", segundo a rede estatal de TV China Global.

"Exigimos ao lado americano respeitar os fatos e a ciência, não politicar a origem e dar atenção à cooperação internacional contra a pandemia", afirmou Yang.

Biden ordenou aos serviços de inteligência dos EUA um relatório no final de agosto para estabelecer se a covid-19, detectada pela primeira vez no final de 2019 na cidade chinesa de Wuhan, surgiu de uma fonte animal ou de um vazamento de laboratório.

O ex-presidente Donald Trump defendeu a teoria de um vazamento de laboratório, mas foi amplamente descartada, pois muitos acreditavam que ele estava tentando desviar as críticas de sua própria gestão da pandemia.

No entanto, Biden considera necessário um estudo mais aprofundado depois de criticar Pequim por não dar mais acesso a uma investigação da OMS.

A teoria do laboratório gerou indignação em Pequim, que tentou se apresentar aos olhos do mundo como o país que elaborou um plano de como conter o vírus.

 "Interesses de pequenos círculos" 

Yang, um importante membro do Politburo que há muito dirige a gestão das relações de Pequim com os Estados Unidos, renovou as denúncias contra Washington enquanto Biden se reunia com líderes de outros países do G7: Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Itália e Japão.

"O multilateralismo genuíno não é pseudo-multilateralismo baseado nos interesses de pequenos círculos", disse Yang a Blinken, segundo a televisão estatal.

“O único multilateralismo genuíno é aquele que se baseia nos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional”, acrescentou.

Yang também reiterou as acusações de hipocrisia contra os Estados Unidos em questões de direitos humanos quando Blinken fez lobby sobre o que considera ser o genocídio de uigures e outros povos, principalmente muçulmanos, que estão detidos em campos.

“Os Estados Unidos devem resolver graves violações de direitos humanos em seu próprio território, e não usar as chamadas questões de direitos humanos como desculpa para interferir arbitrariamente nos assuntos internos de outros países”, disse ele.

Yang fez alegações semelhantes sobre os Estados Unidos diante das câmeras durante a reunião de março em Anchorage, Alasca, intrigando as autoridades americanas que esperavam comentários breves.

Preocupações sobre Taiwan 

Blinken também expressou preocupação com o aumento da pressão da China sobre Taiwan, incluindo voos militares ao longo de sua costa. Assim, pediu a Pequim que "encerrasse sua campanha de pressão contra Taiwan" e "resolvesse pacificamente" as questões relacionadas à ilha, disse o Departamento de Estado.

Washington está cada vez mais alarmado com a possibilidade de a China tentar usar a força em Taiwan, uma democracia autônoma que considera parte de seu território, após suas extensas restrições às liberdades em Hong Kong.

Nos últimos dias, os Estados Unidos concordaram em reabrir as negociações comerciais com Taiwan e autorizaram um avião militar a transportar uma delegação de senadores com vacinas anticovid.

Em meio a críticas bipartidárias generalizadas à China, o democrata Biden deu continuidade à postura do republicano Trump.

O governo Biden descreveu a China como um desafio internacional preeminente e prometeu combatê-lo fortalecendo alianças e investindo pesadamente em infraestrutura e desenvolvimento em seu país.

© Agence France-Presse

 

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