Quinto presidente

Duas décadas de relações de Putin com presidentes dos EUA

O histórico de guerras, camaradagem com desconfiança, relações bilaterais fracassadas deixa o questionamento de como será seu relacionamento com o Governo Biden

Agência France-Presse
postado em 15/06/2021 11:19 / atualizado em 15/06/2021 11:43
 (crédito: MAXIM BLINOV/AFP)
(crédito: MAXIM BLINOV/AFP)

O presidente russo, Vladimir Putin, reúne-se pela primeira vez na quarta-feira (16/6)) em Genebra com Joe Biden, o quinto presidente dos Estados Unidos que ele conhece desde que assumiu o poder em 1999.

As relações de Putin com seus predecessores tiveram altos e baixos, como se verá nesta cronologia:

Bill Clinton: o peso de Kosovo


Os contatos de Bill Clinton com o presidente russo, Boris Yeltsin, foram calorosos até explodir a guerra de Kosovo, em 1998, que pôs fim à lua de mel do pós-Guerra Fria.

A renúncia de Yeltsin em 31 de dezembro de 1999, substituído por Putin, pouco apreciado em Washington, complicou as relações ainda mais.

Ele é "um homem duro (...), muito decidido, voltado para a ação", avaliou a então secretária de Estado americana, Madeleine Albright, sobre Putin. "Teremos que monitorar suas ações com muito cuidado", acrescentou.

Na primeira cúpula Clinton-Putin em junho de 2000, porém, o presidente americano elogiou publicamente o colega russo, capaz de construir uma "Rússia próspera e forte, enquanto protege as liberdades e o Estado de Direito".

George W. Bush: camaradagem e desconfiança


Ao final de seu primeiro encontro, em 16 de junho de 2001, George W. Bush disse que olhou o presidente russo nos olhos.

"Pude perceber sua alma: a de um homem profundamente dedicado ao seu país (...) Eu o considero um líder notável", declarou W. Bush.

Após os ataques de 11 de setembro de 2001, Putin, que em 1999 havia iniciado a guerra na Chechênia, imediatamente ofereceu ao presidente W. Bush sua solidariedade na "guerra contra o terrorismo".

Em dezembro de 2001, porém, os Estados Unidos se retiram do Tratado sobre Mísseis Antimísseis ABM para criar um escudo antimísseis na Europa Oriental.

Em 2003, Moscou condenou a invasão americana do Iraque e, um ano depois, denunciou a influência de Washington na chamada "Revolução Laranja" na Ucrânia.

Barack Obama: um 'relançamento' que fracassa


Em 2009, o presidente Barack Obama propõe "relançar" as relações bilaterais. Em 2008, impedido de ser reeleito pela Constituição, Putin assume como primeiro-ministro de Dmitri Medvedev, seu protegido.

Antes de visitar a Rússia em julho de 2009, Obama declarou que Putin tinha "um pé na velha maneira de fazer as coisas, e o outro, na nova".

"O que me interessa é tratar diretamente com meu colega, o presidente", disse Obama em Moscou.

Apesar dos sucessos iniciais, em particular a assinatura em 2010 de um novo tratado de desarmamento nuclear, a tentativa de relançar as relações fracassou.

Em agosto de 2013, a Rússia concedeu asilo político ao americano Edward Snowden, que revelou o esquema de espionagem em massa dos Estados Unidos no mundo.

Poucos dias depois, Obama cancelou uma cúpula com Putin, lamentando o retorno a "uma mentalidade de Guerra Fria".

A crise ucraniana de 2014 e a anexação da Crimeia por parte da Rússia, as sanções econômicas dos EUA contra Moscou e a intervenção da Rússia na Síria em 2015 degradaram ainda mais a relação bilateral.

Donald Trump: o espectro do "caso russo"


Durante a campanha eleitoral, Donald Trump disse que queria estabelecer boas relações com a Rússia.

O mandato de Trump foi, no entanto, prejudicado desde o início pelas acusações de interferência russa na eleição presidencial americana de 2016.

Em julho de 2018, em uma coletiva de imprensa com Vladimir Putin, Trump pareceu dar mais crédito às negações de seu homólogo russo do que às conclusões do FBI, a Polícia Federal americana.

"O presidente Putin, que acaba de dizer que não era a Rússia (...) E não vejo por que seria", declarou Trump.

Diante das críticas, inclusive do Partido Republicano, Trump disse que havia se expressado mal.

"Gosto de Putin, gosto dele. Nos damos bem", voltou a afirmar, em setembro de 2020, durante um discurso em sua campanha pela reeleição.

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