Violência contra a mulher

Indiana de 16 anos relata ter sido estuprada por 400 homens

Entre os agressores, estão dois policiais que a assediaram enquanto ela prestava depoimento

Rodrigo Craveiro
postado em 17/11/2021 06:00
Estudantes carregam tochas enquanto gritam palavras de ordem contra a violência sexual no país, em Calcutá, em 7 de outubro passado: uma mulher indiana é violentada a cada 18 minutos -  (crédito: Dibyangshu Sarkar/AFP)
Estudantes carregam tochas enquanto gritam palavras de ordem contra a violência sexual no país, em Calcutá, em 7 de outubro passado: uma mulher indiana é violentada a cada 18 minutos - (crédito: Dibyangshu Sarkar/AFP)

Um novo caso de estupro grupal chocou a Índia e expôs uma epidemia de violência sexual — a cada 18 minutos, uma mulher sofre abuso no país. Uma garota de 16 anos, moradora do distrito de Beed, no estado de Maharashtra (centro-oeste), alega ter sido violentada por 400 homens durante seis meses. Até o fechamento desta edição, sete suspeitos tinham sido presos, incluindo o pai e o marido da vítima.

Entre os agressores, estão dois policiais que a estupraram enquanto ela prestava depoimento. A jovem  enfrenta uma gestação de dois meses, fruto da violência sexual. Segundo a imprensa indiana, a vítima será submetida a um aborto.

A história de vida da jovem é repleta de tragédias. Depois de perder a mãe em 2019, a garota foi forçada pelo pai a se casar aos 13 anos com um homem de 33. O marido foi o segundo abusador dela, depois do próprio pai. Após fugir, teve que mendigar pelas ruas, onde foi estuprada em várias ocasiões. Segundo ela, a polícia foi omissa em todas as vezes que procurou a delegacia.

A adolescente formalizou a queixa pela segunda vez na última sexta-feira. De acordo com Abhay Vitthalrao Vanave, presidente do Comitê de Bem-Estar Infantil da Índia (CWC), ela pedia esmolas em uma parada de ônibus quando foi forçada por três homens a trabalhar com sexo.

Vanave explicou que, apesar de ser difícil de corroborar o número de estupradores, a garota conseguiu identificar 25 homens. Fundadora da ONG Pari (Pessoas contra Estupros na Índia), Yogita Bhayana usou o Twitter para desabafar e cobrar justiça. "400 homens estupraram uma menina casada em Beed, durante seis meses! Quando a vítima tentou registrar queixa, também teria sido abusada sexualmente pelo policial!", escreveu. "Nenhuma indignação? Nenhum protesto? (...) Que tal a mídia? Por que vocês estão mudos?"

Em enrevista à rede CNN, Bhayana referiu-se a este como "o mais trágico caso de estupro na história da Índia". "Essa menina foi torturada todos os dias. Queremos uma ação estrita contra todos os culpados."

Casos

O Escritório Nacional de Registro de Crimes da Índia aponta que mais de 28 mil estupros foram reportados em 2020. No entanto, especialistas acreditam em um número ainda maior, pois muitas das vítimas se calam, tomadas pelo medo e pela vergonha. O fenômeno começou a ganhar visibilidade em 2012, quando uma estudante conhecida como Nirbhaya, 23 anos, foi violentada por quatro homens dentro de um ônibus, em Nova Délhi. Os estupradores perfuraram-lhe o abdome com uma barra de ferro. Hospitalizada, a mulher morreu dias depois. Os criminosos foram condenados à morte e enforcados na prisão, em 20 de março do ano passado. 

 

 

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