ELEIÇÕES EM HONG KONG

Eleições em Hong Kong: autoridades denunciam incitação a boicote

A elite política de Hong Kong elege, hoje, novos membros do Conselho Legislativo da cidade, teoricamente semi-autônoma

Correio Braziliense
postado em 19/12/2021 07:00
 (crédito:  AFP)
(crédito: AFP)

A um dia das eleições legislativas em Hong Kong, as primeiras sob as novas regras de Pequim, autoridades da ex-colônia britânica denunciaram ativistas estrangeiros por incitarem boicote às urnas. Mandados de prisão foram expedidos contra os acusados. A abstenção, o voto em branco ou nulo é legal em Hong Kong. No entanto, a partir deste ano, incentivar essas práticas é crime. Dez pessoas foram presas.

As autoridades acusaram Nathan Law, um militante que vive no Reino Unido, de ter estimulado sabotagem à votação durante uma conferência virtual organizada no início do mês. Sunny Cheung, Timothy Lee, Carmen Lau e Kawai Lee — todos fora de Hong Kong — também foram alvo de mandados de prisão. Na quinta-feira, eles organizaram um encontro ao vivo nas redes sociais durante o qual teriam incentivado os eleitores a ficarem em casa.

Outros dois ativistas que pediram um boicote às eleições no exterior também tiveram ordem de detenção. Os acusados podem pegar até três anos de prisão e multa de HK $ 200 mil, cerca de US$ 25,6 mil (R$ 151 mil).

Sem oposição

A elite política de Hong Kong elege, hoje, novos membros do Conselho Legislativo da cidade, teoricamente semi-autônoma. São as primeiras eleições "só para patriotas", depois das novas regras impostas por Pequim, que decidiu vetar candidatos da oposição, numa reação às grandes manifestações — em alguns casos, violentas — pró-democracia de 2019.

Desde então, muita coisa mudou na cidade, onde a oposição foi esmagada com uma lei de segurança nacional introduzida a partir de Pequim. Cada um dos 153 candidatos ao Conselho Legislativo teve que demonstrar sua lealdade política à China e seu patriotismo para concorrer a um assento.

Quase 4,5 milhões dos 7,5 milhões de moradores da cidade devem comparecer às urnas, mas seus votos definirão apenas 20 das 90 cadeiras do Conselho Legislativo, metade do que acontecia antes da mudança das regras.

Quarenta representantes serão eleitos por um comitê formado por 1,5 mil pessoas leais à China. E 30 sairão de comitês também fiéis ao governo de Xi Jinping e que representam grupos econômicos e com interesses especiais na cidade.

Pequim sustenta que o sistema eleitoral — "aperfeiçoado" — expulsará os elementos "anti-China", vai reparar os males da cidade e evitar que o Conselho Legislativo seja condicionado pelas táticas de obstrução do campo pró-democracia. No entanto, não é possível saber como a população vai reagir: a campanha foi muito discreta e as pesquisas apontam uma abstenção recorde. 

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