LUTO

Miss EUA 2019, Cheslie Kryst morre em episódio trágico aos 30 anos

A polícia de Nova York investiga o caso. Horas antes da morte, Kryst publicou uma foto no perfil dela em uma rede social e desejou coisas boas aos seguidores

Talita de Souza
postado em 31/01/2022 17:27 / atualizado em 31/01/2022 17:34
Morre, aos 30 anos, Cheslie Kryst, a Miss EUA 2019. Suspeita da Polícia é de suicídio -  (crédito: Instagram/Reprodução)
Morre, aos 30 anos, Cheslie Kryst, a Miss EUA 2019. Suspeita da Polícia é de suicídio - (crédito: Instagram/Reprodução)

A advogada, modelo, apresentadora de televisão e Miss EUA 2019 Cheslie Kryst, de 30 anos, foi encontrada morta na manhã deste domingo (30/1) próxima ao arranha-céu em que morava, em Nova York. A polícia foi acionada por volta das 7h por moradores que encontraram o corpo já sem vida. De acordo com o The News York Times, o caso é investigado como suicídio.

Horas antes da morte, Kryst publicou uma foto no perfil dela em uma rede social e desejou coisas boas aos seguidores. "Que este dia lhe traga descanso e paz", escreveu. O post já consta com mais de 44 mil comentários de celebridades, amigos e seguidores que lamentaram a perda da mulher. Ela deixou os pais e cinco irmãos.

A notícia da morte da modelo causou comoção no país. Cheslie se tornou conhecida como um dos grandes nomes que já vestiram a faixa de Miss EUA. Advogada, usou o reconhecimento que teve nas mídias sociais para falar sobre justiça social e renovação do sistema criminal. De acordo com o jornal Washington Post, ela chegou a fornecer defesa gratuita para presos que receberam sentenças equivocadas.

O programa de TV que Cheslie fazia parte, o Extra, publicou um anúncio de lamento em que afirma que a apresentadora "incorporou o amor e serviu aos outros, seja através de seu trabalho como advogada lutando pela justiça social, como Miss EUA e como anfitriã". Após ingressar no programa, na área de entretenimento, a mulher conquistou duas indicações ao Emmy Award pela atuação no show.

O perfil oficial do concurso Miss Universo, competição em que a modelo participou em 2019 e ficou entre as 10 melhores concorrentes, fez uma homenagem de lamento pela morte da Miss, onde falaram que Cheslie foi uma das pessoas "mais brilhantes e gentis" que eles já conheceram.

"Estamos devastados ao saber da perda da Miss USA 2019 Cheslie Kryst. Ela era uma das pessoas mais brilhantes, calorosas e gentis que já tivemos o privilégio de conhecer. Toda a nossa comunidade lamenta sua perda, e nossos pensamentos e orações estão com sua família agora", escreveram.

Um legado de excelência, beleza e proteção de direitos

Natural de Michigan, Cheslie se mudou para Carolina do Norte ainda criança, estado que lhe rendeu o primeiro prêmio de Miss em 2019. Ela se formou na Universidade da Carolina do Sul e conquistou um MBA e um diploma de direito na Wake Forest University, na Carolina do Norte. Em 2017, passou a trabalhar no escritório de advocacia Poyner Spruill e era, de acordo com uma nota emitida pela empresa, "uma defensora apaixonada dentro e fora do tribunal".

Dois anos depois, se tornou a Miss Carolina do Norte, posto que já tinha sido ocupado pela mãe dela, April Simpkins, em 2002. Cheslie sempre deixou claro que a força da mãe a inspirou a tentar o que quisesse enquanto mulher negra. “Minha mãe foi a segunda Miss negra da Carolina do Norte, então eu sabia que não importava o que acontecesse, eu iria competir também”, disse ela ao The News York Times em 2020.

Kryst também foi admirada por mostrar um espírito firme e em defesa de causas sociais e de gênero no concurso e nos tribunais. Em um registro passado durante a competição do Miss EUA 2019, ela está em um tribunal e rebateu um comentário misógino de um juiz que a ‘aconselha’ a usar saia em vez de calça porque ‘juízes preferem assim.

“Tetos de vidro podem ser quebrados usando saia ou calça. Não diga às mulheres que usem roupas diferentes enquanto você dá aos homens um feedback válido sobre os argumentos legais deles”, disse.

 
 
 
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Uma publicação compartilhada por Cheslie Kryst, JD, MBA (@chesliekryst)

Já na rodada final do concurso, Kryst foi questionada se os movimentos #MeToo — que encoraja mulheres a denunciar casos de assédio sexual — e #TimesUp — que luta para aprovação de leis que promovam igualdade de gênero no país — tinham ido “longe demais”. Ela negou veementemente.

"Não acho que esses movimentos tenham ido longe demais. Esses movimentos significam garantir que promovamos locais de trabalho seguros e inclusivos em nosso país. Como advogada, é exatamente isso que eu quero para este país", disse na ocasião.

Após conquistar a coroa de mulher mais bonita dos EUA em 2019, ela ressaltou que estava feliz por ganhar a competição mesmo “usando o cabelo natural”, fator que não era visto em poucas candidatas até então.

Em 2021, um ensaio feito pela revista Allure revelou alguns pensamentos de Cheslie em relação ao legado dela. A modelo disse que envelhecer é difícil porque “é um lembrete frio de que estou ficando sem tempo para ser importante aos olhos da sociedade — e isso é de dar raiva”. No entanto, ela afirmou que depois da pandemia, aprendeu que "envelhecer é um tesouro e que a maturidade é um presente que nem todos desfrutam”.

Atenção: se você sofre com pensamentos suicidas, procure ajuda. Há uma amanhã para você. Ligue 188 e converse com quem pode te ajudar.

 

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